A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) atualizou para seis, nesta quinta (9/5), o número de municípios do interior do Rio Grande do Sul com 100% de desligamento de energia: Boqueirão do Leão, General Câmara, Gramado Xavier, Muçum, Relvado e Vespasiano Correa.
O estado gaúcho continua com 162 cidades e cerca de 390 mil consumidores com os serviços interrompidos, principalmente por motivos de segurança e dificuldades de acesso.
A capital Porto Alegre é a que possui maior número de unidades consumidoras desligadas, 110 mil; seguida por Canoas (63 mil) e São Leopoldo (35 mil).
Na madrugada desta quinta (9), as linhas de transmissão Porto Alegre 8 e 9 voltaram a operar, oferecendo mais segurança ao sistema.
A subestação Porto Alegre desligou transformadores para reestabelecer o sistema de ar comprimido, após a água infiltrar-se pelas tubulações de cabos, afetando o fornecimento na região central. A água está sendo bombeada permanentemente para tentar evitar a elevação do nível, que vem baixando gradativamente.
As inundações causaram o desligamento, na quarta (8), da subestação Nova Santa Rita, que segue desativada, interrompendo 16 linhas de transmissão essenciais e elevando o risco de sobrecarga e cortes nos sistemas remanescentes.
As barragens continuam estáveis e em constante monitoramento.
Religamentos
Cinco municípios que antes tinham 100% de desligamento tiveram o serviço elétrico parcialmente restabelecido, nesta quinta (9): Capitão, Colinas, Doutor Ricardo, Imigrante e Rio Pardo.
O fornecimento de energia foi retomado para 32 mil unidades consumidoras nas últimas 24 horas, somando um total de 232 mil religamentos desde o início da emergência.
Na quarta (8) a energia havia sido reconectada em cinco municípios que estavam completamente sem eletricidade devido à gravidade das chuvas, incluindo Coqueiro Baixo, Estrela, Fazenda Vilanova, Paverama e Roca Sales.
Mitigação da crise
Distribuidoras de energia de outras regiões do país estão mobilizando eletricistas e equipamentos para reparos em redes avariadas no Rio Grande do Sul, informou o MME, na quarta (8). A decisão foi tomada no comitê de gerenciamento de crises.
No mesmo dia, o Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico (CMSE) se reuniu para analisar medidas de enfrentamento à emergência no estado e detalhamento dos esforços para atendimento da demanda
Entre as ações adotadas estão o despacho para a térmica Canoas gerar energia e a importação de até 570 megawatts (MW) de energia do Uruguai, visando garantir a segurança no fornecimento elétrico aos gaúchos.
A térmica Candiota, que está em manutenção programada, a partir de 31 de maio também poderá injetar até 350 MW.
Além disso, as equipes do Operador Nacional do Sistema (ONS) e de agentes buscam viabilizar a energização emergencial de uma linha de transmissão em 525 kV entre as subestações de Itá e Gravataí, para o atendimento à região metropolitana de Porto Alegre e ao sul do estado gaúcho pelo sistema de 525 kV.
De acordo com o acompanhamento de equipamentos danificados e fora de operação, há indisponibilidade de quatro usinas hidrelétricas (Monte Claro, 14 de Julho, Jacuí e Dona Francisca), de três subestações (Nova Santa Rita, Canoas 1 e Candelária), de 10 transformadores e de 24 linhas de transmissão. Não há previsão de retorno desses ativos à operação.
O ONS destacou que, mesmo com o 8º pior período úmido já registrado em todo o histórico, foi possível atingir armazenamento equivalente nos reservatórios de mais de 75% ao final de maio. A expectativa é que, até o final de outubro, o armazenamento do SIN esteja entre 50% e 60%. Nesse período começa o próximo período de chuvas na maioria das principais bacias hidrográficas do ponto de vista de geração de energia hidrelétrica.