Levantamento da Rede Kigali aponta que seria possível economizar R$ 5,4 bilhões até 2035 com a adoção de padrões de eficiência energética mais rigorosos para os aparelhos de ar-condicionado vendidos no país.
O grupo, que reúne entidades de eficiência energética, direitos do consumidor e defesa do meio ambiente, apresentou os dados na quinta (27/1) durante audiência pública sobre o Programa de Metas para Condicionadores de Ar promovida pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
“Quanto mais eficiente o equipamento, menor seu impacto na conta de luz. Mas reconhecemos, de qualquer forma, que há limites econômicos para o aumento da eficiência”, destaca o diretor-executivo da International Energy Initiative – IEI Brasil, Rodolfo Gomes.
Autor da análise que também considerou a viabilidade técnica dos padrões de eficiência dos aparelhos, ele garante que as propostas são economicamente viáveis tanto para o consumidor, quanto para os fabricantes.
A proposta da rede é que o país antecipe a adoção de padrões mais ambiciosos de eficiência energética — medida pelo Índice de Desempenho de Resfriamento Sazonal (IDRS).
A minuta apresentada pelo Comitê Gestor de Indicadores de Eficiência Energética (CGIEE), presidido pelo MME, prevê que o índice evolua dos atuais 3,14 na etapa 1 para 4,5 na etapa 2, e 5,5 na etapa 3.
Já a rede defende que os índices sejam acelerados, respectivamente, para 5 e 6 nas duas últimas etapas.
As datas de entrada em vigor das diferentes etapas também seriam antecipadas em períodos que variam de 6 meses a um ano.
Segundo os especialistas, a antecipação permitiria uma economia de cerca de 2 mil GWh no consumo de energia elétrica em 2035 a mais do que a prevista nas condições indicadas na minuta do CGIEE.
Isso equivaleria a evitar a instalação de uma usina hidrelétrica de cerca de 500 MW.
“Considerando a economia de energia em todo o período analisado, a melhor proposta da minuta colocada em consulta pública prevê uma economia para os consumidores de R$ 47,4 bilhões, enquanto a proposta da Rede Kigali permitiria uma economia de R$ 52,8 bilhões”, diz a rede em nota.
O grupo também defende padrões de eficiência energética mais rigorosos para os aparelhos de ar-condicionado de janela, o que poderia ser obtido com a tecnologia inverter, já disponível em outros países, e com gases refrigerantes mais modernos com menor potencial de aquecimento global.
“Caso contrário, o risco é que, por conta de seu preço inicial relativamente mais baixo, esses equipamentos sejam utilizados como substitutos dos splits, mais eficientes, pressionando os gastos de energia dos consumidores e indo na contramão da própria política que está em revisão”, destaca Gomes, do IEI Brasil.