RECIFE — O Brasil registrou um aumento de 601,5 megawatts (MW) de potência instalada no mês de maio, maior expansão mensal do ano. Nos cinco primeiros meses de 2022, a expansão somou 2.162 MW, de acordo com dados do Sistema de Informações de Geração da Aneel (Siga).
As usinas termelétricas foram responsáveis pela adição de 387,2 MW, seguidas por eólicas (144 MW), usinas solares fotovoltaicas (40,7 MW) e pequenas centrais hidrelétricas (29,5 MW).
No total, a potência instalada no Brasil até maio acumula 183.129,3 MW.
Bahia e Rio Grande do Norte responderam por 43,9% (950,1 MW) da expansão em 2022 até maio. Outra fonte que tem crescido é a eólica, até maio, a geração a partir dos ventos somou 975,6 MW (45% da expansão).
Energia fóssil em alta
Levantamento do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) mostra que, em 2020, o governo federal concedeu R$ 123,9 bilhões em subsídios para apoiar os produtores de petróleo, carvão mineral e gás natural do país.
Em termos comparativos, o valor representa 72% de todo o gasto federal com saúde no ano de 2020, que foi de R$ 171,82 bilhões, durante a pandemia de covid-19.
Mesmo diante da crise climática e da corrida global para zerar as emissões de carbono até 2050, a política energética do país tem insistido na geração fóssil. A justificativa do governo é que o Brasil já tem uma matriz elétrica predominantemente renovável — 83% — e que haveria espaço para incremento de outras fontes, como carvão e gás natural.
Em janeiro deste ano, Jair Bolsonaro (PL) sancionou a Lei 14.299, que cria uma política de ajuda ao setor carbonífero de Santa Catarina. O projeto determina que a União prorrogue a autorização do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, em Santa Catarina, por 15 anos, a partir de 1º de janeiro de 2025.
Neste período, o Ministério de Minas e Energia (MME) deverá assinar um contrato de compra de energia de reserva da usina a carvão — a mais poluente das fontes de energia.
A associação dos grandes consumidores de energia (Abrace) estima um custo anual de R$ 840 milhões para todos os consumidores de energia do país com a medida.
O texto também cria o Programa de Transição Energética Justa (TEJ), com o objetivo de “promover uma transição energética justa para a região carbonífera do estado de Santa Catarina, observados os impactos ambientais, econômicos e sociais”.
O TEJ tem como finalidade preparar a região carbonífera de SC para um provável encerramento até 2040, sem abatimento da emissão de gás carbônico ( CO₂), com consequente finalização da exploração desse minério na região.
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