Tratado de Itaipu

Brasil e Paraguai discutem novas fontes de energia para Itaipu, afirma diretor-geral

Tratado prevê geração hidrelétrica, mas escopo pode ser ampliado para solar, combustíveis sustentáveis e hidrogênio

Foz do Iguaçu (PR), 02/01/2025 – Vista da hidrelétrica de Itaipu Binacional, a hidrelétrica foi criada em 26 de abril de 1973 e regida em igualdade entre Brasil e Paraguai. A usina está localizada no Rio Paraná, no trecho de fronteira entre o Brasil e o Paraguai, 14 km ao Norte da Ponte da Amizade, nos municípios de Foz do Iguaçu, no Brasil, e Hernandarias, no Paraguai. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Foz do Iguaçu (PR), 02/01/2025 – Vista da hidrelétrica de Itaipu Binacional, a hidrelétrica foi criada em 26 de abril de 1973 e regida em igualdade entre Brasil e Paraguai. A usina está localizada no Rio Paraná, no trecho de fronteira entre o Brasil e o Paraguai, 14 km ao Norte da Ponte da Amizade, nos municípios de Foz do Iguaçu, no Brasil, e Hernandarias, no Paraguai. | Joédson Alves/Agência Brasil

FOZ DO IGUAÇU — A atualização do Tratado de Itaipu deve incluir a geração de energia a partir de novas fontes, segundo o diretor-geral brasileiro de Itaipu Binacional, Enio Verri. Os países pretendem expandir o escopo da atuação da empresa para que seja possível explorar comercialmente outras receitas.

A empresa já desenvolve, de forma experimental, projetos de geração solar em terra e flutuante; biogás; combustíveis sustentáveis; baterias de armazenamento de energia e hidrogênio verde.

Assim, a próxima revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu deve ampliar as possibilidades para além da geração hidrelétrica.

“Os dois lados têm interesse em ampliar esse escopo do tratado para produzir energia. Isso eu posso dizer com muita certeza, é a opinião minha e do diretor-geral paraguaio. Claro, conversando com os nossos respectivos presidentes. Porque os dois presidentes querem ampliar a produção de energia limpa e barata. O mundo precisa disso”, afirmou Verri a jornalistas.

Brasil e Paraguai negociam novas bases para o Anexo C desde 2023 sem ter chegado a um consenso de quais devem ser os termos.

A negociação é conduzida pelos ministérios de Relações Exteriores e de Minas e Energia dos dois países.

Para ser efetivada, a nova redação do Anexo C deve passar por aprovação pelo Poder Legislativo de cada país.

Aumento da cota do reservatório em estudo

Também está em estudo a possibilidade de acrescentar duas novas turbinas na usina, o que vai fazer o empreendimento chegar a 22 unidades geradoras.

Ainda em estágio embrionário, a ideia passaria por aumentar a cota máxima do reservatório e, a partir dessa alteração, aproveitar melhor a água e as novas turbinas.

Ainda é necessário entender os impactos às comunidades próximas à usina, o que pode demandar indenizações para os proprietários das terras.

Atualmente, Itaipu opera com 20 unidades geradoras de 700 megawatts cada, totalizando 14 gigawatts (GW) de capacidade.

A expansão também passa pela revisão do Anexo C Tratado de Itaipu, que descreve o máximo de unidades geradoras que a usina possui.

Atualização tecnológica

Já está em curso um plano de atualização tecnológica de Itaipu, que contempla investimentos de R$ 3,7 bilhões.

Até 2035, a empresa terá substituído sistemas e equipamentos analógicos e treinará os funcionários para operarem a usina de forma com novas tecnologias.

O plano ainda não inclui projetos de repotenciação, ampliação no número de turbinas ou troca de equipamentos de geração.

Os técnicos de Itaipu entendem que as unidades geradoras têm vida útil para mais 40 anos e, portanto, pode não ser viável economicamente investir na troca desses equipamentos.

Mesmo assim, Verri entende que a empresa pode atender a chamados do governo brasileiro, já que o Sistema Interligado Nacional (SIN) precisa de potência a partir de fontes firmes.

“Nós vivemos uma realidade muito diferente do mercado das outras hidrelétricas, porque é um mercado privado, nós não somos um público ou privado, somos uma empresa binacional com características muito próprias”, disse.

“Sem dúvida nenhuma, o Ministério das Minas e Energia tem tratado disso [mais potência para o sistema]. Me parece que é uma pauta que está posta. O papel da energia firme vai crescer, à medida que nós vamos crescendo a energia intermitente”, completou.

Hidrelétricas privadas já sinalizaram pela ampliação

O próximo Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP) deve incluir projetos de expansão de hidrelétricas existentes, a partir de repotenciação e aproveitamento de poços vazios.

Os projetados cadastrados na Empresa de Pesquisa Energética (EPE) chegaram a 5 gigawatts de expansão.

Ainda não há previsão de realização do leilão, que foi cancelado pelo Ministério de Minas e Energia por problemas nas regras para termelétricas. As diretrizes divulgadas inicialmente contemplavam a possibilidade de hidrelétricas serem remuneradas pelo requisito de potência.

Para empreendimentos privados, o requisito financeiro seria um componente importante para incentivar a expansão das hidrelétricas.

Mas para Itaipu a situação é diferente, por se tratar de uma empresa com 50% de participação do Brasil.

Dessa maneira, a binacional demandaria menos incentivos financeiros, a depender da vontade política de expandir a geração firme.

O jornalista viajou a convite de Itaipu Binacional

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