RIO – Consumidores do mercado livre de energia elétrica que buscam descontos adicionais e uma gestão mais ativa da demanda se interessam pelo modelo de autoprodução, afirma o diretor de Comercialização da Atlas Renewable Energy, Pablo Becker.
Na autoprodução, o cliente entra como sócio no projeto de geração ao investir ou arrendar uma usina e, com isso, fica isento da cobrança de encargos setoriais.
Isso pode ser feito por empresas que estão no mercado livre de energia, no qual os consumidores podem negociar a compra da energia diretamente com uma geradora ou comercializadora. Hoje, podem migrar para o mercado livre no Brasil consumidores de média e alta tensão.
Segundo o diretor da Atlas, os consumidores do mercado livre que entram na autoprodução ganham ainda mais competitividade nos custos e acabam conhecendo melhor o setor de energia.
“É uma troca muito saudável não só do ponto de vista técnico, mas também de cultura organizacional, porque a gente acaba tendo que pensar ‘fora da caixa’. É um momento de aprendizado muito rico, tanto para o cliente quanto para o parceiro que desenvolve o projeto com ele”, afirma.
A Atlas atende clientes de diversas indústrias nesse modelo, como empresas de mineração, cimento, petroquímica e alimentos. A maior parte dos consumidores está no Sudeste, mas a companhia atua também no Sul, Nordeste e Norte do país.
Com a abertura do mercado livre a clientes de média tensão no começo de 2024, a companhia começou a atender empresas de menor porte.
Segundo Becker, o novo momento do mercado demanda um atendimento mais personalizado e um maior conhecimento sobre as necessidades dos novos clientes.
Na visão do executivo, a ampliação do ambiente livre trouxe mais dinamismo ao mercado.
“Consumidores que já estavam no mercado estão buscando soluções inovadoras”, diz.
Usinas hibridas
A Atlas tem 1,7 gigawatts (GW) de capacidade instalada no Brasil atualmente, a partir da fonte solar fotovoltaica.
A companhia também iniciou o desenvolvimento de projetos eólicos no país e avalia acrescentar ao portfólio parques híbridos, com ambas as fontes. Há interesse ainda em incluir baterias para armazenar a geração renovável.
“O Brasil é um país onde as fontes podem ser exploradas de forma muito otimizada”, afirma Becker.
Expansão internacional
Recentemente, a companhia anunciou que vai ampliar portfólio no Chile com 400 MW de capacidade instalada de baterias para armazenamento da geração solar.
“É uma resposta bem interessante à questão da intermitência das fontes renováveis e que em algum momento a gente também pretende colocar em prática aqui no Brasil”, diz.
Becker reconhece, no entanto, que a regulação brasileira vai precisar evoluir para a aplicação das baterias junto às fontes renováveis no país.
Além do Brasil e Chile, a Atlas Renewable Energy opera também no México, Colômbia e Uruguai. Ao todo, a companhia tem 2,7 gigawatts (GW) de capacidade instalada e mais 5,6 GW em desenvolvimento no mundo.
A empresa avalia começar a atender o mercado do Peru a partir do escritório chileno, e recentemente abriu uma filial na Espanha, em busca de entrar no mercado europeu.