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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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Substituir combustíveis fósseis na geração de eletricidade por fontes de baixo carbono pode demandar de 400 a 800 gigawatts (GW) de energia nuclear nova até 2050, mostra um estudo da McKinsey, apontando para a necessidade de energia despachável.
Esse volume pode representar de 10 a 20% da futura demanda global de eletricidade, que deve triplicar até meados do século, com a eletrificação do transporte e processos industriais exigindo cada vez mais energia.
O cenário considera restrições potenciais na expansão de solar e eólica, como escassez de terra, matérias-primas e limitações de transmissão. E estima quanta geração adicional despachável e de baixo carbono será necessária para atingir as metas líquidas zero.
A energia nuclear — uma fonte de eletricidade comprovada de carbono zero — atualmente contribui com cerca de 10% da geração global de eletricidade, com 413 GW, de acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês).
No entanto, é cercada de controvérsias.
Nesta quinta (30/3), a União Europeia definiu que todos os países membros terão que gerar pelo menos 42,5% de energia de fontes renováveis até 2030, mas decidiu deixar de fora a geração de energia atômica, apesar dos apelos da França.
Alemanha e Áustria ganharam a briga argumentando que a inclusão dessa fonte prejudicaria a expansão de eólica e solar. O bloco decidiu então classificá-la como “de baixo carbono”. Valor
“Depois que a construção de novas usinas nucleares surgiu na Europa e na América do Norte nas décadas de 1960 e 1970, ela ficou relativamente estagnada globalmente, fora da China, Rússia e Coréia do Sul. A estagnação decorre de desafios de construção no Ocidente, percepções políticas e sociais em algumas regiões, e a transição geral para outras tecnologias limpas”, explica a McKinsey.
Novo momento
A estagnação pode estar chegando ao fim, com a fonte emergindo como um componente-chave dos planos de descarbonização.
No início do ano passado, a França anunciou a expansão da termeletricidade nuclear com a construção de seis novos reatores e possibilidade de acrescentar mais oito a essa conta — como estratégia para atingir a neutralidade de carbono em 2050.
Logo em seguida, o Reino Unido lançou um fundo de aproximadamente US$ 145 milhões para apoiar novos projetos.
Nos Estados Unidos, a Lei de Redução da Inflação (IRA, em inglês) fornece um crédito fiscal de investimento de até 50%, ou de produção de até US$ 30 por MWh, para os primeiros dez anos de operação da nova usina.
Globalmente, cerca de 178 GW de capacidade estão em construção ou planejados.
“Mas a indústria está em um impasse. Apesar do momento positivo pela primeira vez em mais de uma década, o risco de que a construção inicial ultrapasse o orçamento e o cronograma pode diminuir as chances de que a nova energia nuclear atinja todo o seu potencial no apoio à transição energética em escala”, observam os analistas.
Os desafios no curto prazo incluem novos financiamentos; trabalhadores especializados para fabricação, construção e operação; licenciamento; governança nos projetos (para reduzir a probabilidade de estouros de custo e cronograma); padronização dos projetos; e cadeia de suprimentos.
“Mesmo um cenário otimista provavelmente envolveria uma complexa rede global de políticas, além de níveis de custos desiguais, à medida que as tecnologias e a base industrial de apoio surgissem em diferentes cronogramas. No entanto, acreditamos que uma escala nuclear é alcançável”, completa.
Para aprofundar:
- O que esperar do mercado de tecnologias limpas em 2023?
- Por que nuclear é a melhor solução para o Brasil?
- Nuclear tem lugar no planejamento energético brasileiro? Reveja, no antessala epbr!
- Europa avança com “carimbo verde” para gás e nuclear; críticos acusam greenwashing
Justiça climática
A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou na quarta (29/3) uma uma resolução para responsabilizar países que não cumprirem seus compromissos climáticos.
O documento foi apresentado pela nação insular Vanuatu, no Pacífico, atingida por dois ciclones consecutivos no início de março (G1), e se concentra nos impactos adversos das mudanças climáticas em pequenos Estados insulares em desenvolvimento.
Mais de 130 dos 193 Estados-membros da ONU concordaram com a proposição.
Na prática, é um pedido para que a Corte Internacional de Justiça (CIJ) determine se os governos têm “obrigações legais” de proteger as pessoas do aquecimento global e questiona se o descumprimento delas seria passível de “consequências legais“.
As opiniões não são vinculantes — ou seja, as nações não são obrigadas a segui-las –, mas ainda assim carregam simbolismo e influência. A conclusão pode ainda pavimentar caminho para transformar promessas voluntárias de redução de emissões, como as feitas no Acordo de Paris de 2015, em obrigações legais. Quem descumpri-las, portanto, poderia ficar passível de punições. O Globo
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Curtas
42,5% renovável
A União Europeia chegou a um acordo para aumentar a participação da energia renovável para 42,5% até 2030 nos 27 países do bloco. Hoje, a média renovável da matriz é de 22%. Há, no entanto, uma grande variação entre países. Com a matriz mais limpa entre os 27, a Suécia tem 63% da energia fornecida por fontes renováveis, enquanto países como Luxemburgo, Malta, Holanda e Irlanda ficam com menos de 13%. Reuters
1,3 GW em turbinas
Esse é o conteúdo de um contrato que a geradora renovável Casa dos Ventos fechou com a dinamarquesa Vestas para instalação em dois novos complexos eólicos no Nordeste.
É o maior acordo comercial da Vestas no mundo para turbinas onshore e a maior aquisição de equipamentos de energia eólica registrada na América Latina. Os equipamentos são do modelo V150-4,5MW.
O Complexo Eólico Babilônia Centro, na Bahia, receberá 123 turbinas e terá 554 MW de capacidade instalada. Já o Complexo Eólico Serra do Tigre, no Rio Grande do Norte, terá 756 MW e contará com 168 turbinas. Os dois empreendimentos receberão investimento da ordem de R$ 9 bilhões.
60 dias
O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, indicou um prazo de 60 dias para responder aos pedidos da Petrobras no licenciamento da campanha de perfuração do bloco FZA-M-59, na Foz do Amazonas.
A Petrobras tenta obter autorização para perfurar um poço pioneiro em águas profundas na bacia. A companhia diz estar pronta para iniciar os trabalhos em em abril. No momento, discute com o Ibama a estrutura de resposta a um eventual vazamento.
Quase lá
O governo do Reino Unido revelou na revisão de seu plano net zero divulgada hoje (30/3) que suas estratégias quantificadas de redução de emissões de CO2 fornecem apenas 92% da sua meta climática para 2030. O restante dependerá de “políticas não quantificadas”, diz o relatório, indicando que a lacuna poderá ser preenchida por soluções como taxonomia verde e captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS). Argus
Chamada para startups de hidrogênio
O programa iH2Brasil está com inscrições abertas para a terceira edição do programa de aceleração de hidrogênio verde. A iniciativa é voltada para estudantes, pesquisadores, entusiastas e startups com soluções inovadoras em energias renováveis. O prazo vai até 27 de abril