Energia

Ataques a linhas de transmissão já atingiram cinco empresas diferentes

Aneel já confirmou quatro torres derrubadas e outros três casos de vandalismo, sem derrubada de ativos, no PR, RO e SP

Ataques a linhas de transmissão já atingiram cinco empresas diferentes. Na imagem: Linhas de transmissão que conectam a Usina Hidrelétrica de Itaipu Binacional (Foto: Saulo Cruz/MME)
Linhas de transmissão que conectam a Usina Hidrelétrica de Itaipu Binacional (Foto: Saulo Cruz/MME)

RIO — A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já contabilizou, até o momento, sete ataques a torres de transmissão de energia de cinco empresas diferentes, desde os atentados às sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro.

São também quatro casos envolvendo a queda de torres e outros três atos de vandalismo, sem derrubada dos equipamentos.

Os ataques atingiram ativos de cinco empresas privadas:

  • Eletronorte
  • Evoltz
  • Furnas
  • ISA Cteep
  • Taesa

De acordo com o órgão regulador, no entanto, não houve interrupção no fornecimento de energia, em virtude das ocorrências.

O episódio mais recente ocorreu no sábado (14/1), numa linha de transmissão da Eletronorte, em Rondônia. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) confirmou que o caso ocorreu na linha de transmissão de 230 kV Pimenta Bueno/Vilhena C3, da Eletronorte.

A empresa informou que houve queda de uma torre da linha, mas que a ocorrência não gerou impactos no atendimento ao Sistema Interligado Nacional (SIN). A causa da queda da torre ainda está em apuração, mas há indícios de vandalismo.

Em nota, a Aneel destacou que tem mantido o Ministério de Minas e Energia a par de todos os eventos, como também tem interagido com as autoridades de segurança pública.

“As empresas estão atuando nas avarias detectadas e os eventos estão sendo monitorados e fiscalizados pela agência”, esclareceu a Aneel.

MME se reúne com Justiça e PF

Nesta segunda (16/1), os ministros de Minas e Energia (Alexandre Silveira) e Justiça e Segurança Pública (Flávio Dino) se reuniram com o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Augusto Passos Rodrigues, para discutir as ações de combate aos atos de vandalismo a torres de transmissão ocorridos nos últimos dias.

As autoridades avaliam a atuação integrada de agentes de segurança Estadual e Federal no patrulhamento em áreas estratégicas. Também discutem o reforço do monitoramento das linhas de transmissão, por meio do uso de novas tecnologias como drones.

Silveira afirmou que o governo vai “agir com o rigor da lei, punir e cobrar ressarcimento dos vândalos”.

O governo encara os episódios como atos terroristas contra o sistema elétrico, na esteira do episódio de vandalismo protagonizado por grupos golpistas de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro na sede dos Três Poderes, em Brasília.

Aneel e MME criaram um gabinete de crise para monitorar eventuais riscos à infraestrutura. O grupo também inclui a Agência Nacional de Mineração (ANM) e Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

MME pede que empresas adotem medidas preventivas

Em nota, o Ministério de Minas e Energia destacou que encaminhou ofícios para os governos de São Paulo, de Rondônia e do Paraná para adoção de medidas preventivas e investigativas.

O MME também enviou ofício para as maiores transmissoras e para a Associação Brasileira das Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (ABRATE), para que elas adotem medidas preventivas de inspeção e de reforço na segurança das instalações — inclusive de monitoramento eletrônico.

O governo também pede que as transmissoras adotem planos de contingência para restabelecimento célere dos equipamentos danificados.

As empresas pedem uma estratégia coordenada para conter ataques ao setor elétrico. O Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase) quer que o MME comande um grupo específico para atuar na segurança e evitar mais ataques às torres de transmissão de energia.

Na terça (17/1), Alexandre Silveira tem reunião marcada com representantes das empresas do setor elétrico, da ABRATE, da Aneel e do ONS para discutir o assunto.

“É importante reforçar que todo o sistema elétrico nacional, diga-se de passagem referência para o mundo, é fruto das tarifas de energia que todos nós pagamos. Portanto, cabe às autoridades e à toda a sociedade o ato de vigilância daquilo que nos pertence e que é fundamental para o desenvolvimento nacional, geração de emprego e renda, competitividade e atração de investimentos”, afirmou Silveira.

Ataques atingem estados importantes para o sistema

Os atos de vandalismo contra as torres de transmissão se concentraram, até o momento, em três estados: São Paulo, Paraná e Rondônia – todos eles onde o ex-presidente Jair Bolsonaro derrotou Lula (PT) no segundo turno.

Paraná e Rondônia são também dois estados importantes para o sistema elétrico nacional, por funcionarem como porta de entrada, no SIN, da energia gerada por grandes hidrelétricas: Itaipu Binacional (PR) e Jirau e Santo Antônio (RO).

No Paraná:

  • Furnas reportou no dia 9 a queda de uma torre de transmissão no município de Medianeira (PR). Segundo a empresa, “não foram identificadas condições climáticas adversas que possam ter causado queda de torres” e há indícios de vandalismo;

Em Rondônia:

  • Eletronorte informou que a queda de duas torres: uma na linha 230 kV Samuel-Ariquemes circuito 3, no dia 8; e outra no dia 14 na LT  230 kV Pimenta Bueno/Vilhena C3;
  • Evoltz confirmou a queda de uma torre na Coletora Porto Velho-Araraquara 2 — Polo 3. Empresa vê indícios de sabotagem.

Em São Paulo, uma torre de transmissão da Taesa foi danificada no dia 12, em Rio das Pedras. Há outros dois casos de torres danificadas, sem queda, em ativos da ISA Cteep, em São Paulo, e Furnas, no Paraná.

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