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Editada por André Ramalho
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EDIÇÃO APRESENTADA POR
De antemão, pedimos desculpas pelo atraso no envio desta edição. Decidimos segurar a newsletter para que incorporássemos as informações frescas do Seminário de Gás Natural do IBP. Foram alguns dias para organizar todo o conteúdo audiovisual. Sim, esta edição é também um convite para que você mergulhe no cardápio de 10 entrevistas exclusivas, gravadas durante o evento com importantes figuras do setor. Esperamos que a espera compense. Nesta quinta (18), voltaremos à programação normal.
PIPELINE Transportadoras de gás estão preocupadas com a descontratação de termelétricas existentes nos próximos anos e se articulam para propor mudanças nas regras dos leilões de energia e nas tarifas dos serviços de transporte.
NTS espera avançar com Corredor do Pré-sal este ano. 3R vê valor em gás flexível de Peroá. BM-C-33 muda papel da Repsol Sinopec na comercialização. E mais. Confira:
O ÊXODO DAS TÉRMICAS
As transportadoras de gás natural estão preocupadas com a descontratação de termelétricas existentes prevista para os próximos anos.
As empresas que operam a malha integrada de gasodutos temem os impactos da saída dessas usinas da base de clientes do sistema e se articulam para propor mudanças nas regras dos leilões de energia e nas tarifas dos serviços de transporte.
ENTENDA
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima que uma capacidade de mais de 8 GW de termelétricas (de diferentes combustíveis) perderá contrato no mercado regulado até 2025. Alguns agentes já manifestaram interesse em renegociar essas usinas em novos leilões.
Na lista, estão importantes usinas a gás, como a Norte Fluminense (826 MW, no RJ), Nova Piratininga (572 MW, SP) e Termofortaleza (326 MW, CE), que fazem parte do Programa Prioritário de Termelétricas (PPT) – aquele criado lá no governo FHC, para viabilizar a construção emergencial de termelétricas, às vésperas do racionamento de energia.
O que está em jogo?
As transportadoras de gás veem na descontratação dois riscos: a possibilidade de que parte desses ativos não sejam recontratados; e que algumas dessas usinas se conectem diretamente a fontes de suprimento, a fim de se tornarem mais competitivas nos leilões.
Ambos, dizem as transportadoras, são prejudiciais ao equilíbrio do sistema de transporte. Isso porque o sistema de transporte funciona como uma espécie de condomínio.
A transportadora é remunerada pela infraestrutura por uma receita permitida, que é repartida entre os usuários. Se o número de carregadores (quem contrata a capacidade) cai, aumenta o valor a ser pago pelos demais.
PROPOSTAS NA MESA
Um dos pleitos das transportadoras junto às autoridades do setor elétrico é que nos critérios de contratação de termelétricas, nos leilões, os projetos sejam obrigados a conectarem ao sistema integrado de gasodutos de transporte.
Hoje, projetos que se conectam diretamente às fontes de suprimento, por não pagarem tarifas de transporte, ganham mais competitividade nas licitações.
“Precisamos ter alguém olhando o país de forma integrada, parar de ter visão míope de curto prazo e ter uma visão de longo prazo”, disse o presidente da Transportadora Associada de Gás (TAG), Gustavo Labanca, ao estúdio epbr, durante o Seminário de Gás Natural do IBP.
As transportadoras alegam que a atual falta de coordenação acaba levando à criação de “ilhas de gás” — termelétricas conectadas a terminais de GNL, sem ligação com a malha — e projetos gas-to-wire que “aprisionam” a molécula a fonte de suprimento de um único projeto, limitando a competição e alternativa de suprimento a outros agentes.
Tarifa do transporte
Outra proposta avaliada pelas transportadoras é a criação de uma tarifa de transporte específica para termelétricas, nos novos leilões.
A ideia é que a tarifa do transporte tenha uma componente fixa e outra variável, a ser cobrada apenas no despacho das usinas. Esse valor, variável, contribuiria para mitigar os impactos sobre os demais usuários, argumentam.
Mas…
Essa tarifa binômia ainda não foi formalizada nas mesas de negociação com todos os elos da cadeia. O setor industrial vê com ressalvas. A preocupação é que o mecanismo onere os demais usuários da malha.
“Se determinados agentes precisam de flexibilidade, essa flexibilidade tem que ser precificada de forma que tarifa de transporte não aumente para os demais usuários, que eles não acabem subsidiando [a tarifa específica da usinas]”, comenta o diretor de gás da Abrace, Adrianno Lorenzon.
O CHAPÉU DO GERADOR
O CEO da EDF Brasil, Emmanuel Delfosse, destaca que as regras dos leilões, hoje, não endereçam a questão da alta flexibilidade no setor de infraestrutura de gás.
O executivo lembra que há um leilão de reserva de capacidade previsto para o fim do ano e que o assunto, portanto, requer senso de urgência. A EDF opera a UTE Norte Fluminense, uma das usinas que serão descontratadas em 2024.
“Toda e qualquer solução que permite competição justa entre agentes, minimizando os investimentos como um todo, acho que temos que estudar. O que não pode acontecer é obrigar um e não outro [a se conectar], não colocar o custo dessa flexibilidade para todo mundo”, disse.
O tal do short haul
Em paralelo à discussão sobre a tarifa específica para as termelétricas, as transportadoras têm feito oposição, nas discussões da ANP, sobre tarifa diferenciada para o transporte de curta distância (conhecida como short haul).
O short haul foi uma das provocações do governo de Sergipe, feitas à ANP em 2022, para atualização da agenda regulatória. O estado conta com o terminal de GNL no Porto de Sergipe, com a térmica associada (Eneva) e conexão com a malha (TAG) em curso.
Também receberá investimentos da Petrobras, no desenvolvimento de campos em águas profundas, e busca alternativas para ampliar o consumo local e evitar que o estado seja mero repassador de gás para indústrias instaladas em outros estados.
A ATGás alerta para o risco de o short haul encarecer as tarifas para os demais usuários, mas reconhecem que o dano de um bypass na recontratação das térmicas pode ser ainda maior para o sistema e que alternativas precisam ser encontradas.
“Manter as térmicas no sistema é melhor do que perdê-las”, defendeu o diretor Comercial e Regulatório da Nova Transportadora do Sudeste (NTS), Helder Ferraz.
“É a questão da droga e do veneno. É tudo droga: na dose certa cura, na dose errada pode matar. O short haul pode fazer sentido em alguns casos, com descontos pequenos, mas se começa a abrir um leque maior, com descontos muito grandes, o país inteiro sai perdendo e a longo prazo é a espiral da morte”, complementou Labanca, da TAG.
O GÁS NA SEMANA EM 10 ENTREVISTAS EXCLUSIVAS
Gas release será discutido no Gás para Empregar. O diretor de Infraestrutura no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Alexandre Messa, afirmou que um programa de redução da concentração da oferta será analisado como proposta complementar ao projeto de aumento da oferta.
– Ele também explicou que, por questões contratuais, uma vez aprovado pelo Congresso, o swap (troca) do óleo da União por volumes adicionais de gás disponíveis para comercialização por meio da PPSA não será possível antes de 2025.
Produtores precisam se comunicar melhor sobre reinjeção de gás. A diretora de Gás Natural do IBP, Sylvie D’Apote, disse que o setor precisa se fazer ouvir nas discussões das novas políticas para o gás natural. Segundo ela, os produtores precisam se comunicar melhor sobre, por exemplo, a reinjeção de gás – objeto de críticas dentro do governo.
Gás para Empregar não pode esquecer o lado da demanda. A diretora Corporativa do IBP, Fernanda Delgado, afirma que políticas públicas que visam aumentar a oferta de gás natural, como o programa Gás para Empregar, fazem sentido. O governo, no entanto, precisa gerenciar também o lado da demanda para ter sucesso.
IBP: é legítima o povo ter conhecimento sobre a margem equatorial. O presidente do Instituto, Roberto Ardenghy, defendeu a liberação das atividades exploratórias na margem equatorial e que a decisão estratégica do governo sobre o desenvolvimento de uma nova fronteira da indústria de óleo e gás na região se dê no futuro, uma vez comprovada a existência ou não de reservas.
NTS espera avançar com Corredor do Pré-sal este ano. O diretor Comercial e Regulatório da transportadora, Helder Ferraz, afirma que decisão final de investimento na primeira fase do projeto de reforço da capacidade de envio de gás do Rio para São Paulo será tomada este ano. A primeira etapa permitirá aumentar de 9 milhões para 15 milhões de m3/dia a capacidade de transporte do pré-sal para a conexão com o Gasbol.
TAG: País precisa olhar para o sistema de transporte com visão de longo prazo. CEO da Transportadora Associada de Gás, Gustavo Labanca, defende uma integração maior entre os setores de energia e gás natural. Comenta sobre os riscos de bypass na malha e pede que nos critérios de contratação de termelétricas, nos leilões, os projetos sejam obrigados a conectarem ao sistema integrado de gasodutos de transporte.
BM-C-33 muda papel da Repsol Sinopec como comercializador de gás. O gerente de Comercialização de Gás na companhia, Andrés Sannazzaro, significará uma “grande mudança” no papel da empresa como comercializadora de gás no Brasil. Uma das três principais produtoras privadas de gás do país, a Repsol Sinopec vende, hoje, os seus volumes para a Galp. Não comercializa o seu gás firme, portanto, diretamente no mercado.
Para 3R, flexibilidade do gás tem valor no mercado. Empresa quer apostar em produtos flexíveis no mercado, com a comercialização do gás natural do Polo Peroá, na Bacia do Espírito Santo, afirma o diretor Comercial e Corporativo, Rachid Felix.
Naturgy planeja municípios abastecidos 100% com biometano. A diretora de distribuição de gás da companhia, Christiane Delart, conta que a ideia é criar “municípios verdes”, supridos integralmente pelo gás renovável no RJ.
A executiva também comentou sobre o interesse da empresa na renovação da concessão, perspectivas de aquisição de biometano em SP e compartilhou suas visões sobre a nova política para o gás.
EDF quer renegociar UTE Norte Fluminense este ano. CEO da EDF Brasil, Emmanuel Delfosse, conta que a empresa passa por diversificação de negócios, com planos em transmissão e geração a biomassa, mas que o coração da companhia no país continua sendo a geração termelétrica a gás.
O foco da EDF é recontratar a usina em Macaé (RJ) no leilão de reserva de capacidade deste ano. O executivo acredita, aliás, que, com a forte presença das renováveis, a custos mais baixos, nos leilões de energia, há pouco espaço para termelétricas, hoje, fora dos leilões de reserva.
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