O Ministério de Minas e Energia (MME) informou na manhã deste sábado que o sistema elétrico de Macapá, capital do Amapá, voltou a ser conectado à rede de Transmissão do Sistema Interligado Nacional (SIN), com a conclusão de reparos em um dos transformadores da subestação Macapá (230/69 kV). Amapá sofre com um apagão há mais de 96 horas após a explosão na subestação da capital Macapá.
O início do fornecimento de energia na cidade é gradativo. Macapá já está recebendo 80 MW de cargas, o que representa 33% da carga típica para o horário, que é de 240 MW. Desse total, metade vem do SIN e a outra metade, da hidrelétrica Coaracy Nunes.
Na manhã deste sábado, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque se reuniu com representantes do ONS, da ANEEL, e demais órgãos e setores envolvidos que estão em Macapá, para acompanhar o andamento dos trabalhos de restabelecimento da energia elétrica no estado.
O diretor-presidente da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), Marcos Pereira, informou que haverá racionamento de energia no Amapá, com eletricidade por 6 horas e interrupção no fornecimento por mais 6 horas. Serão priorizados hospitais, serviços públicos e bancos. A informação é do G1.
Na noite desta sexta (6/11), a Eletronorte, subsidiária da Eletrobras, assumiu o suprimento emergencial de energia no Amapá a partir de portaria publicada pelo MME, em edição extraordinário do Diário Oficial da União (DOU).
A Eletrobras não tem relação direta com o incidente. A subestação de Macapá é parte do sistema de transmissão da empresa Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), uma operação da Gemini Energy, controlada pela Starboard Partners. Originalmente, a concessão foi contratada pela Isolux, reestruturada em 2019, após a aquisição pela Starboard.
A portaria assinada pelo ministro Bento Albuquerque, reconhece a “necessidade de contratação, de forma célere, excepcional e temporária, de geração de energia elétrica” no montante de até 150 MW, em Macapá, pelo prazo de 180 dias. O período pode ser reduzido pode decisão do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE).
As Forças Armadas auxiliam na logística. Nesta sexta (6), uma aeronave KC-390 da Força Aérea Brasileira deixou Boa Vista (RR) para embarcar 4 geradores em Manaus (AM) e transportar até Macapá.
O que sabemos até o momento
A situação no Amapá na manhã deste sábado (7)
- O apagão completou 96 horas;
- Macapá começa a receber 80 MW de cargas
- Conclusão neste sábado (7) de reparos em um dos transformadores da Subestação Macapá (230/69 kV). Processo de retorno do transformador à operação está sendo realizado de forma escalonada;
- Quatorze dos 16 municípios, incluindo Macapá, continuam sem suprimento de energia ou com fornecimento irregular;
- O governo do Amapá declarou estado de emergência e a prefeitura de Macapá, estado de calamidade pública.
- A capital enfrenta problemas de desabastecimento. Sem energia, falta água e capacidade de refrigeração de alimentos;
- Hospitais e unidades de saúde responsáveis pelo atendimento de casos de covid-19 operam com geradores.
Linha do tempo
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- Terça (3), às 20h47: desligamento automático da SE Macapá 230/69 kV (LMTE) e das UHEs Coaracy Nunes (Eletronorte, 37 MW), Ferreira Gomes (Ferreira Gomes Energia, 27 MW) e Cachoeira Caldeirão (Cachoeira Caldeirão, 30MW). Explosão e incêndio em um dos transformadores da SE, o TR-1 230/69 kV. O TR-2 já estava indisponível para manutenção corretiva, sem previsão de retorno;
- Quarta (4), às 06h09: Restabelecimento parcial da cargas a partir da Coaracy Nunes, incialmente com entrega de 13 MW de carga.
- Quarta (4), fim do dia: Bento Albuquerque embarca para o Amapá em comitiva do MME, com Aneel e ONS. Gabinete de crise é formado. Cerca de 85% da população do estado sofre com a falta de energia.
- Quinta (5): é possível restabelecer a carga para 40 MW. Força-tarefa com Eletronorte, FAB e agentes do governo iniciam plano para levar equipamentos para reparo de um dos transformadores, além de geradores para atendimento emergencial. Equipamentos precisam ser transportados de outros estados. Prefeito de Macapá, Clécio Luís (sem partido) decreta estado de calamidade.
- Sexta (6), pela manhã: ao menos 14 dos 16 municípios do Amapá ainda são afetados pela falta de energia há mais de 60 horas. MME espera concluir reparos no transformar para elevar a carga para 70%. Bento Albuquerque afirma que a situação será completamente normalizada em 10 dias.
- Sexta (6), fim do dia: apagão completa 72 horas. Aeronave C-130 Hércules, da FAB, embarca equipamentos para acelerar a entrada em operação emergencial de um dos transformadores da SE Macapá. Um KC-390 foi deslocado de Roraima para transportar 4 geradores até Macapá e atender, de forma emergencial, as atividades essenciais determinadas pelo governo do estado.
- Sábado (7), pela manhã: Macapá é interligada ao SIN e começa a receber cargas de energia. O início do fornecimento de energia na cidade é gradativo.
Os agentes envolvidos
- A estatal Eletrobras, por meio da Eletronorte, auxilia nas medidas emergenciais, como a contratação de geradores. É uma das fornecedoras da energia que passa pela SE Macapá, danificada;
- A CEA é a distribuidora estadual de energia elétrica. Ela recebe a energia transformada da subestação e distribui nas cidades. Estatal, é controlada pelo governo do estado;
- A Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE) é a concessionária de transmissão responsável por linhas e pela operação da SE Macapá. Originalmente, a empresa esteve sob controle do grupo espanhol Isolux. Atualmente, é uma operação da Gemini Energy, uma empresa com sede no Rio de Janeiro, controlada pelo fundo Starboard Partners, que investe em energia e infraestrutura;
Por que o apagão?
A SE Macapá é o ponto vital de conexão do Amapá com o Sistema Interligado Nacional (SIN) de energia elétrica. O estado é ligado por um ramal do Linhão de Tucuruí, mega projeto de transmissão que conectou os estados do Norte, permitindo que localidades antes isoladas passassem a ser abastecidas pela energia gerada em outras partes do país.
No caso do Amapá, as fontes principais são usinas hidrelétricas locais, mas elas também estão conectadas à SE Macapá, que faz a redução da tensão de 230 kV para 69 kV, e entrega a energia para a rede de distribuição da CEA (Companhia de Eletricidade do Amapá), controlada pelo governo do estado.
As poucas regiões que não foram afetadas são, justamente, os sistemas isolados remanescentes no estado, em que a geração é local, por termoelétricas.
O comunicado do MME neste sábado, na íntegra
Na madrugada do dia 7 de novembro, o sistema elétrico de Macapá voltou a ser conectado à rede de Transmissão do Sistema Interligado Nacional – SIN, com a conclusão de reparos em um dos transformadores da Subestação Macapá (230/69 kV) e o início gradativo do atendimento aos consumidores.
O processo de retorno do transformador à operação está sendo realizado de forma escalonada, prezando pela segurança e confiabilidade do atendimento de energia elétrica aos consumidores.
Confira a sequência de ações coordenadas nas últimas horas pelo Gabinete de Crise, instituído pelo Ministério de Minas e Energia (MME), que tem atuado, diuturnamente, desde a manhã de quarta-feira (04/11), para restabelecer a energia no Amapá, o mais breve possível, cumprindo a determinação do Presidente Jair Bolsonaro.
3h: Concluídos os testes necessários no transformador TR3, as conexões à rede de transmissão e autorizado o início da recomposição das cargas.
3h11: Energizado o transformador, inicialmente sem carga. Iniciado o processo de aquecimento e monitoramento das características técnicas, visando o retorno seguro à operação.
4h19: Ligados os primeiros consumidores, com atendimento pelo Sistema Interligado Nacional, primeira etapa programada com cerca de 20 MW.
5h05: Ligado mais um conjunto de consumidores, segunda etapa programada, totalizando cerca de 30 MW já atendidos pelo Sistema Interligado Nacional.
5h36: Autorizada tomada de carga de mais um conjunto de consumidores, terceira etapa programada, totalizando cerca de 50 MW liberados para atendimento pelo Sistema Interligado Nacional – SIN.
EM ANDAMENTO: processo de ligação de mais consumidores.
Participam do esforço para o restabelecimento da energia elétrica, dentro das suas atribuições e competências, o próprio MME, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a Eletronorte, a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) e a Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE).
Já estão atendidos 80 MW de cargas, o que representa cerca de 33% da carga típica para o horário*, sendo 40 MW pelo SIN e 40 MW pela UHE Coracy Nunes.
A tomada de carga pela rede de distribuição é feita gradativamente, com necessidade de manobras em campo, levando um tempo natural para aumento da carga.
Na manhã deste sábado, o Ministro Bento Albuquerque realizou nova reunião de acompanhamento da situação do restabelecimento da energia elétrica, com integrantes do MME, do ONS, da ANEEL, e demais órgãos e setores envolvidos que estão em Macapá.
*Carga típica para o horário: cerca de 240 MW.