Energia

ONS: Apagão nacional foi desencadeado por 'desempenho abaixo do esperado' em usinas

Após queda da linha de transmissão Quixadá – Fortaleza II, controle de tensão das usinas não funcionou adequadamente e causou os desligamentos que deixaram país sem energia elétrica

Apagão nacional foi desencadeado por 'desempenho abaixo do esperado' em usinas ao controlar a tensão, diz ONS. Na imagem: Foto à contraluz de operador do setor elétrico ao telefone e, ao fundo, linhas de transmissão, com céu azul
Foto à contraluz de operador do setor elétrico ao telefone e, ao fundo, linhas de transmissão, com céu azul

O Operador Nacional do Sistema (ONS) afirmou nesta sexta-feira (25/8) que encontrou a causa que faltava para explicar o apagão que deixou cerca de 30 milhões de pessoas sem energia elétrica na última semana.

Segundo o órgão, após a falha na linha de transmissão Quixadá – Fortaleza II, as usinas próximas tiveram um “desempenho abaixo do esperado” ao controlar a tensão. Esse funcionamento inadequado do controle de tensão provavelmente desencadeou os procedimentos que levaram ao corte de 22 mil MW de carga em 25 estados e no DF.

“Após aprofundar as avaliações sobre os fatos subsequentes ao desligamento da linha de transmissão Quixadá – Fortaleza II, de propriedade da Chesf e considerada o evento zero da ocorrência, foram encontrados sinais de que as fontes de geração próximas a esta linha de transmissão não apresentaram o desempenho esperado no que diz respeito ao controle de tensão“, informou o ONS em nota ao relatar o resultado da reunião para a elaboração do Relatório de Análise de Perturbação (RAP) com as causas do apagão nesta sexta-feira .

“A linha de investigação mais consistente aponta esse desempenho abaixo do esperado como um segundo evento que desencadeou todo o processo de desligamentos que aconteceram em seguida.” 

Não há relação com tipo de fonte, diz ONS

O operador, que não tinha encontrado causas técnicas para o apagão na semana passada, fez novas simulações, desta vez usando dados reais do ocorrido.

“Nas simulações realizadas pelo operador com os parâmetros enviados pelos agentes na entrada em operação das usinas geradoras, os quais compõe a base de dados oficial do ONS, não foi possível reproduzir a perturbação ocorrida no dia 15 de agosto.”

“Somente com as informações recebidas dos agentes após a ocorrência, foi possível reproduzir, no ambiente de simulação, a perturbação do dia 15 de agosto. A partir dessas novas informações, o ONS realizou uma análise minuciosa da sequência de eventos e testou múltiplos cenários, que apresentaram sinais de que o desempenho dos equipamentos informado pelos agentes ao ONS antes da ocorrência é diferente do desempenho apresentado em campo. Importante destacar que o problema identificado não tem relação direta com o tipo de fonte geradora.”

O ONS reforçou que “dada a complexidade do evento” vai continuar aprofundando as análises.

A próxima reunião do RAP está agendada para o dia 1º de setembro. Na ocasião, a pauta será a atuação do Esquema Regional de Alívio de Carga (Erac).

Investigação da Polícia Federal

No dia seguinte ao apagão, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, informou que seria necessária a investigação policial do ocorrido já que o ONS não tinha encontrado causas técnicas para o que aconteceu.

A pedido de Silveira, a Polícia Federal abriu inquérito para investigar as causas do apagão. Investigação, que corre em sigilo, apura os crimes de sabotagem e atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública.