São Paulo tem 900 mil unidades consumidoras de energia sem luz no domingo pela manhã (13/10), depois que chuvas acompanhadas de ventos de mais de 100 km/h atingiram a cidade na sexta-feira (11/10).
O governo do estado, Tarcísio Freitas (Republicanos), pediu nas redes sociais a caducidade do contrato da Enel, concessionária responsável pela distribuição de energia na capital paulista.
O prefeito candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) também criticou a ineficiência da companhia.
O candidato à prefeitura Guilherme Boulos (Psol) abriu uma representação junto ao Ministério Público estadual sobre o caso.
No sábado, o Ministério de Minas e Energia (MME) estabeleceu uma sala de situação para acompanhar o tema. Em nota, o ministério criticou a fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre a distribuidora.
“Mostrando novamente falta de compromisso com a população, a agência reguladora não deu qualquer andamento ao processo que poderia levar à caducidade da distribuidora, requerido há meses pelo Ministério, o que deve ensejar a apuração da atuação da Aneel junto aos órgãos de controle”, escreveu em nota o MME.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reforçou as críticas na rede social X (antigo Twitter).
“A Aneel bolsonarista não deu andamento ao processo de punição, nem mesmo a uma fiscalização adequada. O MME já avisou que não há qualquer indicativo de renovação da concessão da distribuidora em São Paulo e que a omissão da agência deve ser investigada pelos órgãos de controle”, escreveu.
A Aneel afirmou, em nota, que pode instaurar um processo para recomendar a caducidade da concessão junto ao MME caso a Enel não apresente solução satisfatória e imediata para o abastecimento
A diretoria da agência pediu que a área de fiscalização da agência intime a Enel a apresentar justificativas e proposta de adequação imediata do serviço.
“Importante também informar que a fiscalização da Aneel já está presencialmente em São Paulo verificando as ocorrências e que medidas firmes serão adotadas pela agência nesse processo”, disse a Aneel em nota.
Ao todo, 2,6 milhões de consumidores ficaram sem energia na região metropolitana de São Paulo desde sexta, sendo 2,1 milhões foram na área de concessão da Enel-SP.
A distribuidora afirmou que acionou imediatamente o plano emergencial e que conseguiu restabelecer o suprimento de energia para cerca de 1,2 milhões de clientes até as 8h de domingo.
O número de unidades consumidoras sem energia no domingo pela manhã corresponde a 11% da base de clientes da empresa.
Além da capital, com cerca de 552 mil clientes impactados, os municípios mais afetados são: São Bernardo do Campo com 60,4 mil unidades, Cotia com 59 mil e Taboão da Serra com 55,5 mil.
De acordo com a empresa, em algumas regiões vai ser necessária a reconstrução de trechos inteiros da rede. A empresa tem 1.600 técnicos em campo e pretende mobilizar até 2.500 profissionais, incluindo equipes adicionais de outras área de concessão, do Rio e do Ceará.
“A Enel Distribuição São Paulo reitera que segue trabalhando dia e noite com reforço das equipes de campo para restabelecer o serviço para todos”, afirmou em nota.
Os problemas de fornecimento de energia em São Paulo ocorrem cerca de um ano após o apagão que deixou 2 milhões de residências sem luz na cidade e levou a um debate sobre a possibilidade de cancelamento do contrato de concessão da Enel.
Desde então, teve início também um debate sobre a necessidade do enterramento das linhas de distribuição para evitar esse tipo de problema.