A preservação da Amazônia é parte estratégica da política energética no Brasil, país com uma das matrizes energéticas mais limpa entre as maiores economias do mundo e com potencial para exportar soluções para o mundo.
O alerta foi feito por André Clark, CEO da Siemens Energy, durante o painel O Futuro da energia da edição dos Diálogos da Transição promovido pela epbr, nesta semana.
“A Amazônia é central na estratégia de energia brasileira. Um dos fatores de maior controle do regime chuvas é a floresta Amazônica, que já está 20% desmatada. Este é um risco sistêmico substancial para o Brasil no longo prazo (…) O mundo emergirá da covid-19 profundamente atento às questões de mudança climática, à relação do ser humano com as florestas, às questões de preservação, e certamente a questões amazônicas. O mundo emerge muito crítico e atento a isso”, afirma André Clark.
Para Letícia Andrade, vice-presidente de Estratégia e Portfólio da Equinor, a preocupação ambiental é um ponto chave para continuidade dos negócios no futuro.
“Há uma expectativa, quase uma cobrança, não só da sociedade, como dos nossos investidores e consumidores, para essa questão climática e acreditamos que somos parte da solução”, afirma Letícia Andrade.
A Equinor explora e produz petróleo e gás natural, em operações globais, e vem implementando uma mudança no perfil dos negócios para se tornar uma empresa de energia, com participação crescente de renováveis. A meta é reduzir a intensidade líquida de emissões de carbono em pelo menos 50% nas suas atividades até 2050 e aumentar em até 10 vezes a capacidade de energia renovável até 2026 e em 30 vezes até 2035.
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Portas abertas para diversificação da matriz energética
A Chefe da Assessoria Especial em Assuntos Regulatórios do Ministério de Minas e Energia (MME), Agnes da Costa, afirmou que o governo também está alinhado com demandas do mercado e sociedade que exigem políticas públicas baseadas em sustentabilidade.
“Temos um desafio de considerar nas políticas esse movimento que está vindo da sociedade. Estamos bem situados em termos de trabalhos que possam permitir aproveitarmos essas mudanças na matriz e esse movimento da sociedade rumo a essa transição energética focada na sustentabilidade”, diz Agnes da Costa.
A executiva do MME também lembrou lembrou do potencial brasileiro na energia nuclear, devido à grande reserva de urânio nacional, da possibilidade de inclusão de carros elétricos na rede de transportes e da importância das discussões em torno da modernização do setor elétrico.
“Temos que otimizar a discussão no setor na reforma no setor elétrico do lastro de energia, permitindo que essas energias competitivas continuem entrando, mas traga também a segurança sistêmica para o setor”, afirma Agnes da Costa.
Ricardo Mussa, CEO da Raízen, que possui 26 usinas de etanol em operação, acredita que diante de algumas dificuldades técnicas que ainda envolvem veículos elétricos a solução mais viável será a associação de diferentes fontes de energia.
“O Brasil tem tanta capacidade de produção de outras fontes, que não dá para escolher uma só (…) Estamos sendo muito procurados por várias empresas para combinar biomassa com eólica, com solar ou com gás. Porque você consegue nessa combinação dar confiabilidade no fornecimento para o cliente final”, afirma Ricardo Mussa.
“A retomada verde na Europa pode beneficiar diretamente o Brasil trazendo ainda mais investimentos (…) O Brasil pode ser também um campeão da economia do hidrogênio e pode ser exportador de hidrogênio para Europa, que precisa mudar sua matriz baseada em carvão”, reforça Andre Clark.
“A vantagem competitiva do Brasil é que nos temos diversidade. O Brasil é um power house da energia verde. As escolhas a frente irão determinar a próxima década, se ela terá sucesso ou muito sucesso”, concluiu.
Reveja o painel dos Diálogos da Transição sobre o futuro da energia
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