RIO – A taxa de adesão ao mercado livre de energia no ano de 2024 está sendo maior do que o esperado pela EDP, segundo o diretor comercial da companhia para a América do Sul, Diogo Baraban.
“Os clientes aderiram de uma forma mais agressiva do que a gente imaginou”, diz.
A partir de janeiro deste ano, todos os consumidores de média e alta tensão passaram a ter a opção de aderir ao mercado livre, no qual podem escolher o fornecedor de energia elétrica, por meio da negociação com uma comercializadora ou com um gerador.
Comercialização está se consolidando
Segundo o executivo, uma das consequências da abertura foi a maior concorrência pelos clientes e uma maior pulverização do mercado entre as comercializadoras, com a redução da concentração nas maiores empresas varejistas.
“Hoje, cerca de 50% do mercado varejista está dividido entre os 10 maiores varejistas do país”, explica.
A EDP atua na comercialização de energia elétrica desde 2001 e entrou no mercado varejista em 2018.
Com a abertura desse mercado a clientes com um perfil de demanda de energia menor, as empresas do setor estão precisando se reinventar na comunicação com os clientes, explica o executivo.
“A gente está se organizando com equipes mais digitais, equipes de call center, ações por meio de mídias online, que tem tido mais efeito para esse tipo de consumidor. Isso não era algo muito tradicional quando se falava de comercialização de energia para grandes empresas, como era no passado”, afirma.
O grupo atua também na geração, distribuição e transmissão de energia no Brasil.
Geração própria vale a pena
Segundo Baraban, hoje apenas 20% da energia elétrica negociada na comercializadora vem das usinas do próprio grupo, que atendem sobretudo ao mercado regulado.
Ainda assim, ele acredita que é positivo para a companhia ter geração de energia própria no portfólio.
“Uma das principais vantagens é você não ficar tão suscetível às oscilações de liquidez do mercado”, diz.
“Quando o consumidor enxerga que a comercializadora tem lastro próprio, tem energia própria, isso traz uma segurança adicional para aquele consumidor”, acrescenta.
Aposta na geração distribuída
Nos últimos anos, a EDP passou a atuar também no mercado de geração distribuída. O executivo explica que a experiência no contato com os consumidores na pessoa física também está ajudando no aprendizado para a futura abertura do mercado livre aos consumidores de baixa tensão.
O governo está trabalhando nas regras para a abertura desse mercado a todos os consumidores do país, incluindo os residenciais.
Para Baraban, uma das questões que precisa ser resolvida antes dessa liberalização é como vai funcionar o sistema de medição do consumo dos consumidores, que hoje é feito pelas distribuidoras.
Outra questão é a dinâmica do próprio mercado, com a redução das restrições nos procedimentos regulatórios e jurídicos para que um consumidor possa ingressar no ambiente livre.
“É a hora de trazer soluções mais dinâmicas, mais digitais, em forma de uma jornada mais amigável para esse cliente”, defende.