CAMPINAS — A abertura total do mercado de energia elétrica no Brasil deve fomentar investimentos superiores a R$ 2 bilhões por ano durante 10 anos, segundo projeção da consultoria Thymos Energia.
Os investimentos devem incluir frentes como modernização de sistemas de informação e comunicação (ICT), automação das redes de distribuição, e desenvolvimento de plataformas digitais de atendimento.
“O investimento não é apenas tecnológico, mas estratégico. Trata-se de criar uma base sólida para um novo modelo de relacionamento entre empresas, consumidores e o sistema elétrico”, disse o CEO da Thymos Energia, João Carlos Mello, em nota.
A abertura do mercado para todos os consumidores está prevista na medida provisória 1.300/2025, ainda em análise pelo Congresso Nacional. Atualmente, esse mercado está restrito à média e alta tensão.
No ambiente de contratação livre, o consumidor pode escolher de quem vai comprar a energia. A previsão do Ministério de Minas e Energia (MME) é que esse modelo esteja disponível para a indústria e o comércio a partir de março de 2027.
Para os demais consumidores, a abertura será um ano depois.
De acordo com a Thymos, o potencial de investimentos anuais depende de algumas exigências estruturais.
Entre as ações necessárias está a digitalização de ferramentas, com a implantação de medidores inteligentes, tecnologia essencial para viabilizar a portabilidade do consumo e a gestão ativa da demanda.
“Este processo vai exigir uma transformação estrutural no setor elétrico. Além dos medidores inteligentes, que são fundamentais para a verificação individualizada das contas de luz e o empoderamento do consumidor, será preciso investir em tecnologia da informação, redes mais eficientes e ferramentas digitais que facilitem a interação do usuário com o mercado”, disse Mello.
Segundo Mello, em outros países que fizeram abertura total, a inovação tecnológica foi um dos primeiros vetores de investimentos.
“Os impactos ocorreram no âmbito operacional e pelo papel catalisador de novos modelos de negócios e formas de relacionamento com o consumidor a partir do uso de tecnologias de ponta”, afirmou Mello.
O levantamento da Thymos aponta que o processo de abertura do mercado de energia na Austrália levou a aproximadamente US$ 3 bilhões em investimentos em tecnologia durante cinco anos. Na Itália, esse valor ultrapassou € 500 milhões ao longo de 15 anos.
Já na Espanha e na França, os benefícios líquidos variaram entre € 600 milhões e € 1 bilhão, considerando ganhos operacionais, redução de perdas e o empoderamento dos consumidores com a liberalização do setor.
No Reino Unido, a adoção de tecnologias gerou investimentos de £ 7,2 bilhões ao longo de 20 anos.