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Enel Green Power defende isenção para importação de aerogeradores

Segundo executivo, indústria nacional ainda não tem capacidade de atender demanda por equipamentos

Enel Green Power defende isenção para importação de aerogeradores (Foto: CIPP/Divulgação)
Pás eólicas gigantes, com 72,4 metros (Foto: CIPP/Divulgação)

BAHIA — Para o head da Enel Green Power no Brasil, Bruno Riga, é importante que o governo brasileiro reveja a decisão de suspender a isenção fiscal para importação de aerogeradores e módulos fotovoltaicos, para viabilizar novos projetos do setor.

Segundo o executivo, além da menor competitividade, a indústria nacional não tem condições de atender à demanda do mercado por equipamentos, o que pode afetar o desenvolvimento de novos parques eólicos e solares da companhia, que é o braço de geração renovável do Grupo Enel no Brasil.   

“Estamos esperando ainda que o mercado brasileiro possa ter a oportunidade de produzir no Brasil turbinas eólicas e também componentes que precisamos para a usina solar. Hoje o Brasil, infelizmente, não tem esta capacidade”, disse Riga a jornalistas, durante inauguração do Complexo Eólico Aroeiras, na Bahia, na última sexta (5/4).

Em dezembro do ano passado, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) aprovou a revogação da isenção de importação de 324 ex-tarifários vinculados a módulos fotovoltaicos e aerogeradores. 

A justificativa da pasta foi de que haveria produção de equipamentos similares no país. Contudo, Riga diz que há uma limitação tecnológica para oferta de equipamentos com grande capacidade de geração. 

“Hoje, para as usinas eólicas, precisamos de turbina com uma grande capacidade para reduzir o custo. Existe a necessidade de construir usinas de forma eficiente para depois vender a energia no mercado livre, ser competitivo também com o preço da energia. Não é que o equipamento não seja competitivo. É que não existe”, afirma.

Como os desenvolvedores precisam trazer o equipamento do exterior, o ex-tarifário reflete em aumento de custos para os projetos.

Período de transição

Riga afirma que há interlocução com o governo para reverter a situação, e que o momento de estagnação no mercado de energia é propício para que a discussão ganhe espaço. 

“O governo está escutando. Considerando também o preço da energia, não vamos ter muitas oportunidades de novos empreendimentos. Então, acho que é o momento para começar também a dialogar, a procurar outra forma para seguir em frente com novos projetos aqui no Brasil”. 

Uma solução intermediária, na visão do executivo, seria um período de transição. 

“Todo o setor está falando para ter um período de transição até quando, efetivamente, o Brasil tenha esta capacidade. Por exemplo, o Brasil já produz as pás, mas elas são somente 15% do custo da turbina. Todas as outras peças são importadas. Então, precisamos de mais tempo para depois ter estes componentes 100 % brasileiros”. 

Investimentos no Brasil

Com a inauguração do parque eólico de Aroeira, com 348 megawatts de capacidade e investimentos de cerca de R$ 2,1 bilhões, a Enel Green Power chega à marca de 3,3 GW de capacidade eólica no Brasil. Além de 1,4 GW de capacidade solar e 1,2 GW de capacidade hidrelétrica. 

A empresa também anunciou que seu novo projeto, o parque eólico Pedra Pintada, localizado na mesma região do interior baiano, está em fase final de construção. Com investimentos da ordem de R$ 1,8 bilhão, o empreendimento terá 193,5 MW de capacidade instalada e será composto por 43 aerogeradores.

*O jornalista viajou a convite e com despesas pagas pela Enel Green Power