Mercado de gás

Enauta propõe fusão com a 3R Petroleum

A produção das duas empresas combinada chegaria a 120 mil barris por dia em 2025 e as reservas ultrapassariam 700 milhões de barris

Conselho de Administração da Enauta propõe fusão com a 3R Petroleum. Na imagem: Décio Oddone, presidente da Enauta, em entrevista para o estúdio epbr durante a OTC Brasil 2023, no Rio de Janeiro (Foto: Victor Curi/epbr)
Décio Oddone, presidente da Enauta, em entrevista ao estúdio epbr durante a OTC Brasil 2023 (Foto: Victor Curi/epbr)

RIO – Carta enviada pelo presidente do Conselho de Administração da Enauta, Mateus Tessler, e o CEO da empresa, Décio Oddone, aos membros do Conselho de Administração da 3R Petroleum está propondo a fusão entre as duas empresas.

A produção das duas empresas combinada chegaria a 120 mil barris por dia em 2025 e as reservas ultrapassariam 700 milhões de barris.

“A combinação das operações entre Enauta e 3R Petroleum caracteriza uma operação superior àquela apresentada pela Maha Energy em carta pública aos acionistas da 3R, seja pelo posicionamento estratégico da empresa resultante, pela complementariedade de governança, pelo elevado volume de sinergias quantificáveis e pelo ponto de vista de diversificação de riscos”, diz a carta enviada pela Enauta.

A proposta é que os acionistas da 3R fiquem com 53% do capital da nova empresa e os acionistas da Enauta, com 47% do total.

3R avalia transação

Após receber a proposta, o Conselho de Administração da 3R decidiu suspender os estudos internos para a fusão com a PetroReconcavo e avaliar a combinação dos negócios com a Enauta pelos próximos 30 dias.

“Diante do potencial mérito da transação sugerida pela Enauta, o Conselho de Administração da 3R deliberou que: (i) os esforços internos para possível combinação de negócios entre a Companhia e a PetroReconcavo S.A. fossem momentaneamente suspensos; e (ii) a Diretoria direcionasse esforços para avaliação da combinação de negócios com a Enauta no prazo de até 30 dias corridos, conforme sugerido na Proposta, durante os quais haverá exclusividade entre as partes. Após tal deliberação, a 3R imediatamente comunicou a PetroReconcavo acerca da proposta recebida e da decisão tomada pelo Conselho”, informou a empresa em comunicado.

Sinergias

A Enauta listou vantagens operacionais, comerciais e financeiras com a operação.

– Produção potencial da combinação supera 100 mil barris de óleo equivalente com oportunidade de crescimento composto nos próximos 5 anos, e reservas operadas superiores a 770 milhões de barris;

– Alta diversificação, com dezenas de campos, grande número de poços, equilíbrio na distribuição da produção (87% de petróleo e 13% de gás natural; 49% em terra e 51% em mar);

– Fortalecimento do crescimento nos próximos cinco anos, com a combinação de ativos estratégicos em bacias terrestres e marítimas, com destaques para Atlanta, Oliva, Uruguá-Tambaú, Papa-Terra, Malombe e Polo Potiguar, considerando que os principais polos offshore têm características semelhantes e compõem portfólio único na região;

– Capacidade de ampliar a produção de forma competitiva, beneficiando-se da escala e da previsibilidade do ativo com fases distintas;

– Possibilidade de otimizar campanhas de workover e de perfuração, apoio logístico e contratação de investimentos, com redução de lifiting cost e significativos ganhos de escala

– Otimização na comercialização e no compartilhamento de tecnologias de extração de petróleo pesado;

– Presença nos três principais polos de crescimento offshore das bacias de Santos e Campos, acesso a oportunidades de consolidação e expansão, com posicionamento estratégico diferenciado e possibilidade para exploração nearfield e infrastructure-led de baixo risco e alto retorno;

– Potencial para, de forma simples, objetiva e rápida, sem elevados custos de reestruturação, waiver fees e carves-outs, buscar parcerias que permitam a captura de sinergias operacionais com outras empresas que operam em terra, especialmente nas bacias de Potiguar e do Recôncavo.

É a segunda proposta de fusão que a 3R Petroleum recebe. Em janeiro, a fusão entre as aitivdades da 3R Petroleum e a PetroReconvavo foi proposta em janeiro pela Maha Energy, que é acionista da 3R Petroleum. A PetroRecôncavo e a 3R Petroleum cresceram nos últimos anos com base, sobretudo, na aquisição de ativos maduros vendidos pela Petrobras, no processo de desinvestimento da estatal conduzido nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro.

As duas empresas já sinalizaram que têm interesse e estão abertas a avançar nas negociações para combinar as atividades de produção de óleo e gás onshore.

Se confirmada, a transação criará um dos dez maiores produtores de gás natural do Brasil; e tende a mudar também a dinâmica do midstream.

O CEO da PetroReconcavo, José Firmo, disse no mês passado que a diretoria e o Conselho da companhia “vêem mérito na potencial transação”.

As partes assinaram um termo de confidencialidade, para troca de dados técnicos entre as partes. A proposta de fusão está, hoje, sendo do avaliada separadamente pelas empresas em conjunto com seus respectivos consultores – a PetroReconcavo contratou o Jefferies para assessorá-la, enquanto a 3R recorreu ao Itaú.