Biocombustíveis

Vast diversifica tancagem de combustíveis marítimos de olho na descarbonização de navios

Novo terminal pretende oferecer opções de combustíveis fósseis e renováveis para navegação

Vast (antiga Açu Petróleo) diversifica tancagem de combustíveis marítimos, como abastecimento com biodiesel e etanol, de olho na descarbonização de navios. Na imagem: CEO da Vast, Victor Bomfim (Foto: Divulgação)
CEO da Vast, Victor Bomfim (Foto: Divulgação)

RIO – A Vast (antiga Açu Petróleo) vai começar em junho a construção de um terminal de tancagem com foco em combustíveis marítimos e biocombustíveis. A companhia quer oferecer um leque de opções de abastecimento para os navios que exportam o petróleo brasileiro, incluindo misturas entre fósseis e renováveis, de modo a reduzir a pegada de carbono na navegação.

Localizado no Porto do Açu, no norte fluminense, o Terminal de Líquidos do Açu (TLA) vai entrar em operação a partir do final de 2025 com capacidade para 80 mil metros cúbicos de combustíveis. A intenção é expandir o projeto em fases, com a possibilidade de chegar a 300 mil metros cúbicos.

Para o CEO da Vast, Victor Bomfim, a trilha para a descarbonização do setor marítimo no Brasil passa pelo biodiesel e etanol. Na visão do executivo, o uso do metanol e da amônia azuis ou verdes como combustíveis limpos na navegação têm um apelo menor no país do que na Europa, pois são mais tóxicos e de difícil manuseio.

“Eu acho que o Brasil tem outras vantagens competitivas que vão deixar o metanol, talvez, como uma opção um pouco mais abaixo na linha de prioridade”, afirmou em entrevista à agência epbr.

Em meio aos esforços para descarbonizar a navegação internacional, a mistura do bunker com biocombustíveis tem sido uma das demandas dos clientes do Porto do Açu, segundo Bomfim. A adição de um teor renovável ao produto fóssil reduz as emissões sem necessidade de grandes adaptações dos motores existentes.

No caso das novas embarcações, os armadores estão apostando em diferentes caminhos, que incluem a eletrificação e os motores flex, capazes de operar a combustíveis fósseis, biocombustíveis ou misturas entre os dois.

“Todos estão entendendo que o caminho é múltiplo. E a Vast está querendo se posicionar nisso. Vamos disponibilizar combustíveis marítimos do presente e do futuro, com biocomponentes, e também energia elétrica”, disse o executivo.

Além dos combustíveis líquidos de menor emissão de carbono, outra aposta do setor marítimo para a descarbonizar é a eletrificação da frota.

A Vast já oferece aos navios rebocadores que apoiam as atividades de exploração e produção de petróleo a possibilidade de usar a energia elétrica da rede nacional quando estão atracados. A estimativa é de uma redução de 20% nas emissões de carbono das operações (escopo 1), segundo a Wilson Sons, que opera no terminal.

“Nossa ideia é que isso passe para todas as outras embarcações de apoio e, quem sabe, até mesmo para os petroleiros, o que é um desafio um pouco maior”, afirmou.

Bomfim lembra que as soluções podem ser complementares, com o uso de energia elétrica quando os navios estão atracados e de biocombustíveis ou bunker com teor renovável durante a navegação.

A Vast movimenta cerca de 40% de todo o petróleo exportado pelo Brasil, de clientes como Petrobras, Equinor, Shell e CNOOC. Em 2023, passaram pelo terminal 205 milhões de barris, volume que tem sido crescente nos últimos anos dado o aumento da produção nacional e a estagnação na capacidade de refino interna.

As operações ocorrem por meio do transbordo, com embarcações atracadas. Bomfim lembra que a atracação é menos poluente do que o transbordo underway, que ocorre em alto mar e tem uma pegada de carbono duas vezes maior, pelo maior consumo de combustível, além de ter maior risco de vazamento.

“Ainda tem 15% das exportações brasileiras que são feitas através de operações underway. A gente acha que é o momento das empresas de petróleo acordarem para esse fato e pararem com esse tipo de operação, que tem um risco ambiental enorme e uma pegada de carbono mais intensa”, defendeu Bomfim.