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Terminal de exportação de sal se prepara para logística de parques eólicos offshore no RN

Senai estuda expansão no Porto-Ilha de Areia Branca para agregar uma área de apoio logístico à implantação de futuros parques eólicos no mar

Único terminal offshore de exportação de sal do mundo se prepara para logística de parques eólicos offshore no Rio Grande do Norte. Na imagem: Visita da missão do Reino Unido ao Porto-Ilha de Areia Branca no RN (Foto: Renata Moura)
Visita da missão do Reino Unido ao Porto-Ilha de Areia Branca no RN (Foto: Renata Moura)

Único terminal offshore do mundo criado para exportação de sal a granel, o Porto-Ilha de Areia Branca planeja expandir sua área e sua atuação para apoiar a logística de equipamentos que desembarcarão no Rio Grande do Norte para implantação dos futuros parques eólicos offshore.

A 20km da costa de Areia Branca, o porto, uma ilha artificial implantada há aproximadamente 50 anos no mar e, até hoje, único polo de exportação de sal a granel do Brasil, movimenta 2 milhões de toneladas do produto por ano.

Agora tem planos de duplicar a área de 38 mil metros quadrados da ilha e adquirir guindastes de 500 a 700 toneladas para movimentação de peças e de todo o material necessário à montagem das torres e fundações de futuros parques eólicos. Além do apoio logístico para cargas, o projeto tem intenção de oferecer instalações para hospedagem das equipes que atuarão nos empreendimentos.

“Hoje, enxergamos uma grande possibilidade de o Porto ser apoio marítimo para o desenvolvimento da indústria eólica offshore na costa do Rio Grande do Norte”, diz Valmir Araújo, diretor executivo da Intersal, consórcio que assumiu a operação do terminal salineiro há um ano.

O projeto é estimado na casa dos R$ 500 milhões e está em discussão entre a Intersal e o grupo norte-americano Edison Chouest Offshore.

A área tem sido utilizada como apoio para estudos do Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) com foco no potencial eólico e em pesquisas ligadas a variáveis oceanográficas.

Segundo Araujo, a ideia é manter o espaço disponível ao armazenamento e escoamento do sal do estado – detentor de 95% da produção nacional do produto – e implantar uma espécie de anexo à infraestrutura para atender, também, à demanda da nova indústria.

Apoio ao Porto-Indústria Verde

A estrutura, diz o diretor da Intersal, seria complementar ao Porto-Indústria Verde que o governo do estado projeta entre os municípios de Caiçara do Norte e Galinhos.

“O projeto que o governo desenvolve é de um porto onde vão ser construídas as estruturas, fabricados materiais. Nós, por outro lado, serviríamos como plataforma de instalação avançada onde o material chega e é armazenado, aguardando o momento certo de ir para o local de instalação”, observa.

“O grande potencial eólico está ao nosso redor, a algumas horas de navegação, e dependendo das embarcações, é possível chegar bem mais rápido até ele. Também estamos próximos a Mossoró, que tem aeroporto, conexão com o resto do Brasil, e enxergamos que tudo isso facilita uma instalação portuária para desenvolver projetos e negócios no seu entorno”, argumenta Araujo.

A localização é estratégica. O Porto Ilha está próximo da Bravo (Boia Remota de Avaliação de Ventos Offshore), tecnologia da Petrobras para medição de ventos no Rio Grande do Norte. A área também foi escolhida como sede do parque eólico experimental que o Senai quer implantar como sítio de testes para a indústria offshore.

Potencial do RN

O Rio Grande do Norte é o maior gerador de energia eólica em terra e tem dez projetos de parques eólicos offshore, somando quase 18 gigawatts, com pedidos de licenciamento no Ibama.

A expectativa do mercado é que os primeiros sejam implantados e entrem em operação até o ano 2030.

“Nós estamos, neste terminal, no centro da melhor área de produção de energia medida pelo Senai e entendemos que a perspectiva de transformação do Porto-Ilha em infraestrutura também de operação e manutenção da indústria eólica vem em muito incrementar o ambiente de atração de negócios para o Rio Grande do Norte”, diz o diretor do ISI-ER, Rodrigo Mello.