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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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A petroleira Shell publicou nesta quarta (14/3) a primeira atualização da sua estratégia de transição energética, lançada em 2021, com um recuo na meta de redução de emissões prevista para 2030.
O objetivo passou a ser uma mitigação de 15-20% até 2030 na intensidade líquida de carbono dos produtos energéticos ofertados (emissões de escopo 3), em comparação com 2016 – a meta anterior era de 20%.
A justificativa é a mudança de prioridade para “valor sobre volume de energia”, o que significa buscar mais clientes comerciais e menos clientes residenciais, e focar no atendimento a algumas regiões, como Austrália, Europa, Índia e EUA. Na Europa, a companhia afirma ter se retirado do fornecimento de energia diretamente para residências.
“Dado esse foco em valor, esperamos um menor crescimento total das vendas de energia até 2030, o que levou a uma atualização de nossa meta de intensidade líquida de carbono”, explica em nota.
Até o final do ano passado, a empresa estima ter cortado 6,3% da intensidade de carbono dos seus produtos energéticos em comparação com 2016.
Já no caso dos combustíveis líquidos para transporte, a ambição é reduzir as emissões dos clientes em 15-20% até 2030, em comparação com 2021.
Nos escopos 1 e 2 (operações e consumo de energia, respectivamente), a companhia espera reduzir as emissões pela metade até 2030, também em comparação com 2016.
Segundo a Shell, até o final de 2023, mais de 60% dessa meta havia sido alcançada.
Recuo na ambição não é movimento isolado
À medida que governos ao redor do mundo desaceleram a implementação de políticas para descarbonizar a economia, o setor privado acompanha com cautela. No ano passado, a britânica bp também deu um passo atrás nas suas metas climáticas.
Em janeiro deste ano, durante o Fórum Econômico Mundial (WEF, em inglês), em Davos, na Suíça, analistas apontaram que há uma lacuna de mais de 600 bilhões de toneladas de CO2 entre ambições e políticas de redução de emissões nacionais.
Em meio a um mundo fragmentado por guerras e tomado pela inflação, está ficando cada vez mais difícil manter viva a meta de limitar o aquecimento do planeta a 1,5°C.
Novos e velhos produtos
Os investimentos planejados pela Shell em soluções energéticas de baixo carbono entre 2023 e o final de 2025 vão de US$ 10 bilhões a 15 bilhões. Em 2023, a europeia investiu US$ 5,6 bilhões no segmento, cerca de 23% do seu gasto de capital total.
O plano cobre todos os negócios. Inclusive os fósseis. A companhia afirma que está reduzindo as emissões da produção de petróleo e gás enquanto mantém a produção de petróleo estável.
Ao mesmo tempo, pretende aumentar as vendas de soluções energéticas de baixo carbono enquanto reduz gradualmente as vendas de derivados de petróleo, como gasolina, diesel e combustível de aviação.
Já o gás natural liquefeito (GNL) é visto pela empresa como um combustível crítico na transição energética, e o plano é expandir o fornecimento de GNL com menor intensidade de carbono.
Os investimentos também miram novos energéticos e soluções, como carregamento de veículos elétricos, biocombustíveis, energia renovável, hidrogênio e captura e armazenamento de carbono.
Cobrimos por aqui:
- Só uma major do petróleo tem potencial de cumprir o Acordo de Paris, aponta relatório
- Petroleiras têm apenas 8% dos projetos de hidrogênio de baixo carbono
- Transição energética exigirá mais gás não-convencional, diz Rystad
- Califórnia processa petroleiras por minimizarem danos causados por combustíveis fósseis
Curtas
Hidrogênio para fertilizantes
O Brasil precisa avançar na regulação do hidrogênio de baixo carbono para viabilizar a produção de fertilizantes nitrogenados verdes no país, segundo a diretora de Infraestrutura do BNDES, Luciana Costa. Ela destacou que o mercado interno deve absorver o hidrogênio verde produzido no país, dados os desafios tecnológicos e de preço para a exportação. Leia na epbr
Petróleo na Foz do Amazonas
Eleito presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (13/3), o deputado Júnior Ferrari (PSD-PA) defendeu a exploração de petróleo e gás natural na Foz do Amazonas em conversa com jornalistas após assumir o cargo.
Hidrelétricas flexíveis
A EPE está trabalhando em um roadmap sobre os requisitos técnicos e regulatórios para o desenvolvimento de novos projetos de hidrelétricas flexíveis. Segundo o presidente da estatal, Thiago Prado, o estudo deve ser apresentado ao MME ainda no primeiro semestre do ano.
Aço net zero
O Instituto E+ Transição Energética assinou um memorando de entendimentos para ser o parceiro da campanha SteelZero no Brasil. As empresas que participam da iniciativa se comprometem a comprar aço net zero para 100% de suas necessidades até 2050. Assumem também um compromisso intermediário de comprar e utilizar aço com baixas emissões para cobrir 50% de sua demanda até 2030.
Chamada para biometano
A Compagas encerra prazo de chamada pública de biometano nesta sexta (15/3). Expectativa da companhia é receber propostas de novas áreas produtoras próximas à rede de distribuição do Paraná para favorecer a inserção do gás renovável no sistema. O edital prevê contratação de volumes a partir de 2 mil metros cúbicos/dia, por um período mínimo de cinco anos.
Rastreamento de metano
A BAE Systems lançou no início de março o satélite MethaneSAT, que irá fornecer dados científicos confiáveis sobre as fontes e a escala das emissões de metano em todo o mundo, com objetivo subsidiar medidas para redução do gás na atmosfera. O lançamento ocorreu na Base da Força Espacial de Vandenberg, na Califórnia, em parceria com o Fundo de Defesa Ambiental dos EUA.
ONS busca startups
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) lançou ontem (13/3) o InovAberta, programa de inovação que visa conectar startups e grandes empresas para o desenvolvimento de soluções para grandes questões do setor elétrico brasileiro. As inscrições podem ser feitas até 7 de abril. Serão selecionadas três startups.
Hackathon de energia nuclear
Estão abertas as inscrições para a 2ª edição do Hackapower, maratona para o desenvolvimento de soluções práticas nas áreas de energia, sustentabilidade e medicina no setor nuclear. Podem participar estudantes de graduação, mestrado e doutorado de todo o país. O evento é organizado pela Abdan com apoio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Inscrições até 29 de março.
Licença parental
A BP Bunge Bioenergia aderiu ao Programa Empresa Cidadã, do governo federal, que estende os períodos de licença maternidade e paternidade por meio da adesão voluntária. Nele, a licença maternidade é ampliada para 180 dias e a licença paternidade passa a totalizar 20 dias – 15 dias a mais do que os 5 previstos normalmente.