Alteração: a reportagem foi alterada em 8/11 a pedido da Abdan. Ao contrário das informações anteriormente fornecidas pela Abdan, o acordo não inclui a possibilidade de transferência de tecnologia para produção de micro reatores modulares no Brasil.
RIO – A estatal brasileira Nuclep e a empresa russa Rosatom assinaram, na terça (5/11), um acordo de confidencialidade, visando à cooperação para a geração de energia nuclear offshore no Brasil, a partir de micro reatores modulares, os chamados SMRs (Small Modular Reactors).
O acordo firmado durante evento promovido pela Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), no Rio de Janeiro, espera “explorar soluções para geração de energia offshore utilizando tecnologias nucleares”.
Além disso, a Rosatom sinalizou interesse em financiar parte dos projetos, segundo informações da agência Sputnik.
O acordo chega após uma série de reuniões entre as duas companhias, incluindo um encontro realizado em abril deste ano, quando discutiram as possibilidades de parcerias estratégicas.
Na ocasião, a Rosatom foi representada por uma comitiva composta por lideranças da empresa, incluindo o vice-diretor-geral, Ilya Vergizaev e a diretora executiva de Projetos, Alexandra Ovcharenko.
Petrobras pesquisa pequenos reatores nucleares
Inicialmente, a Petrobras também foi anunciada pelo evento como uma das empresas a fazer parte do acordo ao lado da Rosatom e Nuclep. Entretanto, representantes de ambas as companhias optaram por não citar o nome da petroleira durante a assinatura do acordo.
Informação atualizada – Questionada pela agência eixos, a Petrobras enviou uma nota na tarde de sexta (8/11). Diz a nota:
“A Petrobras realiza pesquisas sobre diversas tecnologias de geração de energia com a finalidade de fornecer eletricidade de baixo carbono para atividades de produção de óleo e gás, incluindo o SMR, que está atualmente em fase de prospecção junto a empresas especializadas no tema, sem previsão de firmar um acordo de cooperação até o momento”.
A estatal iniciou pesquisas sobre a possibilidade de uso de SMRs como fonte de eletricidade de baixo carbono para as atividades offshore de produção de petróleo e gás, conforme revelou a agência eixos em maio.
Na ocasião, os estudos ainda estavam em fase inicial de prospecção, no seu centro de pesquisas, o Cenpes.
Segundo a empresa, o tema do uso da energia nuclear como fonte limpa surgiu “naturalmente” em meio às discussões sobre tecnologias de geração de energias renováveis e neutras em emissões.
Outros acordos de cooperação
Além da parceria entre a Rosatom e a Nuclep, o evento promovido pela Abdan marcou a assinatura de seis outros acordos e memorandos de entendimento, com novos compromissos que incluem iniciativas voltadas para inovação, integração de tecnologias e apoio a diversos segmentos da indústria nuclear.
A Amazul, estatal brasileira voltada ao desenvolvimento de projetos nucleares, firmou três parcerias durante o evento: com a francesa Framatome, de cooperação científica e técnica para o uso civil da energia; com a Tractebel Engie, para desenvolver projetos conjuntos no setor; e com a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN).
Esta última parceria é voltada para o fomento de pesquisas e inovação na área de medicina nuclear.
Outro acordo ocorreu entre a Abdan e a Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), com o objetivo de facilitar encontros entre fornecedores e compradores da cadeia de valor nuclear.
Também foi assinado um memorando entre a Abdan e o Itaipu Parquetec, focando em inovação e sinergia entre a indústria nuclear e outras áreas de tecnologia avançada, como energias renováveis, robótica e novas tecnologias.
Abdan e Sebrae/RJ assinaram ainda um memorando de entendimento que tem como propósito fortalecer o setor nuclear no Rio de Janeiro e apoiar pequenas e médias empresas.