RIO — A Repsol Sinopec Brasil quer usar resíduos de biomassa da indústria agrícola e os rejeitos da produção de argamassa para produzir o cimento utilizado nos poços terrestres para injeção de vapor na indústria de petróleo e gás e também nos poços geotérmicos.
Chamado “Pozobio”, o projeto de tecnologia e inovação é desenvolvido em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Juliana Henriques, pesquisadora responsável pelo projeto na Repsol Sinopec, explica que a solução pode ajudar na trajetória de descarbonização industrial.
“O processo permitirá a redução significativa de emissões de CO2, substituindo parte do cimento utilizado por componentes naturais que são resíduos gerados em larga escala em outros setores e que podem ser mais aproveitados pela nossa indústria, evitando ainda o descarte destes resíduos em aterros sanitários”.
Há expectativa ainda de redução do custo do material pela metade. Segundo a Repsol Sinopec Brasil, isso ajuda a dar eficiência aos poços que necessitam de material mais resistente, como é o caso de campos que têm injeção de vapor para o aumento da recuperação de petróleo.
Os pesquisadores estudam a mistura dos resíduos da queima de biomassa e da produção de argamassa, que são ricos em sílica e possuem propriedades favoráveis para a composição de blendas, formando um novo tipo de material com potencial aplicação em cimentação de poços.
O projeto de inovação terá duração de dois anos e envolve 15 profissionais. A primeira etapa é o mapeamento e qualificação de fornecedores e materiais, com pesquisas no laboratório da UFRN, em Natal, no Rio Grande do Norte. Uma das parceiras nessa fase é a fabricante de argamassas Brasil Química e Mineração Industrial (BQMIL), localizada em Mossoró (RN).
“Nosso intuito final é utilizar fornecedores locais, trazendo nova solução possível de ser implementada em larga escala pela indústria, e que possa ainda contribuir para a criação de um novo mercado capaz de proporcionar maior desenvolvimento econômico e social”, disse o pesquisador responsável pelo projeto na UFRN, Rodrigo Santiago.