RIO — A Adnoc, estatal de petróleo de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, apresentou uma nova proposta não vinculante de R$ 10,5 bilhões pela participação de 38,3% que a Novonor (ex-Odebrecht) possui na Braskem, confirmou a empresa petroquímica nesta quinta (9/11).
As condições: a Adnoc ofereceu pagar metade do valor, em dinheiro, diretamente às credoras da Novonor no fechamento da operação; e a outra metade seria convertida em dinheiro e paga em títulos com prazo de sete anos. Ao fim, o valor total da oferta é de R$ 37,29 por ação da Braskem.
A Novonor permaneceria com uma fatia minoritária de 3% na companhia petroquímica após o fim da operação
A proposta, informou a Braskem, ainda depende da conclusão do processo de “due diligence” pela Adnoc; da apuração de passivos adicionais relativos aos danos causados pela extração de sal em Maceió (AL); da inexistência de passivos contingentes não contabilizados; e novo acordo de acionistas com a Petrobras.
Petrobras vai avaliar sociedade
Anteriormente, a Adnoc chegou a apresentar uma proposta de R$ 37,5 bilhões por 100% da Braskem, feita em consórcio pela gestora americana Apollo – que desistiu, posteriormente, de seguir com o negócio.
A Petrobras possui 36,1% do capital da Braskem e passaria, de acordo com a nova proposta, a ser sócia da Adnoc na petroquímica.
A petroleira estatal informou que continua realizando “due diligence” na Braskem para eventual exercício de “tag along” (o direito de preferência), caso a proposta seja aceita, conforme previsto no acordo de acionistas.
A petroleira destacou, contudo, que ainda não houve qualquer decisão da diretoria executiva ou do conselho de administração sobre o tema e que decisões sobre investimentos são pautadas em critérios técnicos e governança interna.
Em outubro, o CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, disse acreditar que a venda do controle da Braskem pela Novonor será concluída no primeiro trimestre de 2024, quando a Petrobras decidirá se mantém ou amplia a participação na empresa.
Segundo o executivo, “a Petrobras, em princípio, interessa-se em manter a sua posição”:
“Estamos indicando um caminho rumo à verticalização”, afirmou o executivo sobre a estratégia da companhia para retomar investimentos no setor petroquímico“, afirmou durante entrevista no Roda Viva, da TV Cultura.
Adnoc mira internacionalização
A Braskem encaixa-se dentro do plano de internacionalização da Adnoc, que decidiu acelerar a produção de suas reservas de óleo e gás nos Emirados Árabes Unidos e aumentar investimentos globais em gás natural, produtos químicos e energias renováveis.
O CEO da Adnoc, Ahmed al-Jaber, aliás, é o presidente da próxima conferência climática das Nações Unidas (COP28).
A companhia tem um plano de investimento em curso de US$ 15 bilhões para avançar e acelerar soluções de baixo carbono.
A empresa tem uma meta net zero para 2045 e um compromisso de zero emissões de metano até 2030.
A ideia da Adnoc é usar a Braskem como plataforma para os negócios de petroquímica nas Américas.
A Adnoc está ativa no mercado, em busca de aquisições no mercado petroquímico. Além da Braskem, a empresa mira também a alemã Covestro.
Fundada em 1971, a Adnoc é um grupo de propriedade integral do governo de Abu Dhabi e atua de forma integrada no setor.
A empresa vem diversificando o seu portfólio, com investimentos em captura com utilização do carbono (CCUS); energias renováveis e hidrgênio verde, por meio da Masdar.
Ao mesmo tempo, a companhia quer acelerar a produção de óleo e gás e espera atingir um patamar de 5 milhões de barris/dia até 2027. Hoje, a capacidade de produção é de 4,5 milhões de barris/dia.