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Preço ainda é principal motivo para entrar no mercado livre, diz CEO da Urca Trading

Uso de fontes renováveis e segurança, no entanto, são preocupações do consumidor, segundo executivo

Preço da energia ainda é principal estímulo para consumidor migrar para o mercado livre, diz CEO da Urca Trading, Dante Beneveni (Foto: Divulgação)
Na visão de Dante Beneveni, comunicar encargos e desburocratizar o acesso são essenciais para transmitir segurança aos clientes (Foto: Divulgação)

RIO – O principal motivo para um cliente migrar para o mercado livre de energia elétrica ainda é o acesso a preços mais baixos, mas a garantia de consumir eletricidade gerada por fontes renováveis e a segurança ao longo desse processo são outros dois pontos de atenção para esses consumidores, segundo o CEO da Urca Trading, Dante Beneveni.

Na visão do executivo, para passar segurança aos clientes é importante que as empresas comuniquem de forma clara os encargos embutidos nos preços, além de facilitar a burocracia do processo de migração.

“Se começar a ficar muito difícil para o consumidor, não funciona”, diz.

Ele lembra que muitas empresas têm exigido dos seus fornecedores garantias de sustentabilidade que podem ser atendidas por meio do mercado livre.

Energias renováveis atraem clientes

No caso da Urca, por exemplo, os clientes recebem o I-Rec, certificado que rastreia e comprova a origem renovável da energia contratada pelo cliente, e um selo de energia renovável. Juntos, selo e certificado garantem a procedência da energia renovável consumida

“Para a maioria desses consumidores é a primeira oportunidade de ter esse produto”, diz.

Ao entrar no ambiente de contratação livre, o cliente deixa de consumir a energia elétrica que é fornecida pela distribuidora local e passa a escolher o supridor, em uma negociação direta com a comercializadora ou com uma empresa de geração.

No Brasil, essa escolha ficou disponível a partir de janeiro de 2024 a todos os clientes de média e alta tensão, depois de anos de uma abertura gradual aos maiores consumidores.

Em média, o cliente que migra para o ambiente livre economiza um valor equivalente a duas ou três faturas de energia por ano.

Mercado varejista exige nova abordagem

De olho na abertura do mercado, a Urca Trading começou a atuar como comercializadora varejista em 2023.

A companhia faz parte do grupo Urca, que também atua na geração de biometano, com a Gás Verde; na geração de energia elétrica a partir de biogás, com a Eva Energia; e na distribuição de gás natural, com a Urca Gás.

O grupo anunciou em 2023 um investimento de R$ 5 milhões para entrar no mercado varejista de energia.

“Não vamos parar por aí com os investimentos. A gente pensa ainda em investir em geração, especificamente para esse portfólio de consumidores”, explica o CEO.

Hoje, o público-alvo da companhia inclui pequenas indústrias, condomínios, academias de ginástica, redes de postos de combustível, e redes hoteleiras, por exemplo.

Depois de um número acelerado de migrações de janeiro a maio deste ano, sobretudo dos clientes de média e alta tensão que ainda não podiam migrar até o ano passado, nos últimos dois meses esse mercado tem visto uma desaceleração.

Entendimento é principal barreira

Na visão do executivo, a principal barreira para que mais empresas entrem no ambiente livre é o entendimento do produto.

“É um mercado que sempre foi muito técnico. A gente tenta, de uma forma mais simples, explicar como é o produto de energia para mostrar para esses consumidores que vale muito a pena”, diz.

Para lidar com essa barreira, a Urca tem buscado adotar campanhas regionais e personalizadas para diferentes tipos de clientes.

“A gente tenta mostrar, de alguma forma, o quão simples é o processo de migração, a gente tenta traduzir isso numa linguagem mais simples”, explica.

A simplificação, inclusive, é uma das questões que o CEO destaca como importantes na futura abertura do mercado livre aos demais consumidores, esperada para a próxima década. O governo prevê publicar ainda este ano as regras de abertura a todos os clientes, inclusive os residenciais.

Segundo Beneveni, vai ser importante uma simplificação sobretudo do processo de migração dos clientes para garantir que essa futura abertura seja bem-sucedida.