RIO — A Petrobras estuda a implantação de um hub dedicado à captura e armazenamento de carbono (CCS) na Bacia do Paraná, em São Paulo, onde o armazenamento seria feito em aquíferos salinos onshore.
O projeto tem potencial de atender tanto suas refinarias — Replan (Paulínia), Revap (São José dos Campos), Recap (Mauá) e RPBC (Cubatão) — quanto usinas de etanol da região, que poderiam implementar o sistema via BECCS (bionergia com CCS).
A combinação permitiria reduzir a pegada de carbono dos combustíveis e biocombustíveis, podendo chegar, em alguns casos, a emissões negativas.
Na Bacia do Paraná, a Eneva, que possui blocos exploratórios próximos a usinas de etanol, também estuda projetos de CCS.
Além desse, a companhia avalia a viabilidade de outros três hubs no país, na Bahia, no Espírito Santo e no Rio de Janeiro.
A informação foi confirmada à agência eixos pela diretora de Sustentabilidade e Transição Energética da estatal, Angélica Laureano.
Até agora, apenas um projeto piloto de CCS em Macaé (RJ) foi oficialmente anunciado.
O pacote de estudos é um passo na estratégia da Petrobras para redução das emissões, mantendo a produção de petróleo, gás e derivados.
A inciativa também abre espaço para novos negócios associados à descarbonização industrial, com serviços de CCS para outras indústrias.
Três outros polos de CCS
Na Bahia, a Petrobras avalia o uso de poços depletados para armazenamento de carbono.
O estado reúne um conjunto de operações da companhia, incluindo a exploração e produção de petróleo e gás no Polo Bahia Terra e no Campo de Manati, uma unidade de tratamento de gás natural em Catu, além retorno das atividades da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) prevista para ocorrer até o final de 2025.
Em abril, a Petrobras e a Braskem assinaram um Memorando de Entendimento para mapear oportunidades de projetos de captura e armazenamento de carbono.
Já no Espírito Santo, a petroleira avalia a viabilidade de armazenar CO2 em aquíferos salinos onshore.
No ano passado, a companhia assinou um protocolo de intenções com o Governo do Estado e a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), para estudos sobre o tema.
Segundo apuração, ao lado de São Paulo, o hub do Espírito Santo é o mais avançado.
O estado abriga operações estratégicas como as unidades de tratamento de gás natural de Cacimbas (UTGC) e Sul Capixaba (UTGSUL), além do Terminal Aquaviário de Barra do Riacho, que podem servir de base para a implantação do hub.
O projeto de Macaé, no norte do Rio de Janeiro, foi primeiro a ser anunciado. Por lá, a Petrobras possui o projeto piloto de CCS no terminal da unidade, com capacidade para capturar 100 mil toneladas de CO2 por ano.
O objetivo é testar soluções tecnológicas e operacionais que possam ser replicadas em escala comercial em um hub de CCS no estado, capaz de atender indústrias de cimento e siderúrgicas, entre outras.
O cronograma de implantação, no entanto, ainda depende de análises complementares.
Hoje, o CO2 capturado pela Petrobras nas suas atividades de extração é reinjetado para recuperação avançada de petróleo.
A tecnologia, segundo a empresa, já permitiu a reinjeção de cerca de 68 milhões de toneladas de CO2 entre 2008 e 2024, em reservatórios do pré-sal da Bacia de Santos para recuperação de mais petróleo.
