RIO – A New Fortress Energy (NFE) pretende atrair sócios para seus ativos de gás e energia no Brasil nos próximos meses e, nesse movimento, estuda abrir o capital de sua divisão de negócios no país. O objetivo é acelerar a expansão no mercado brasileiro.
A NFE é uma empresa de capital aberto, listada na Nasdaq, nos Estados Unidos, e quer acessar novamente o mercado de ações estadunidense para levantar recursos para sua unidade de negócios do Brasil.
A expectativa da companhia é arquivar o pedido de oferta pública inicial de ações (IPO), entre julho e agosto, na SEC – a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA.
Se avançar, a ideia é realizar a operação no fim do ano, depois do leilão de reserva de capacidade previsto inicialmente pelo governo brasileiro para agosto.
A New Fortress estima uma demanda de mais de 8 GW de potência na licitação e espera assegurar o fornecimento de gás natural para 3,2 GW – entre projetos próprios e de terceiros.
Antes disso, a NFE espera vender uma participação minoritária da unidade de negócios do Brasil no curto prazo, na janela do verão do Hemisfério Norte, para recuperar o investimento original, dar liquidez e validar o valor do negócio antes de um eventual IPO.
“Estamos num momento realmente importante para o negócio [no Brasil] e o que queremos alcançar aqui é capitalizar o negócio para o crescimento. Queremos continuar a crescer muito rapidamente”, comentou o diretor-geral da NFE, Andrew Dete, em teleconferência com investidores, na semana passada.
NFE assina primeiros grandes contratos em SC
A New Fortress anunciou também seus primeiros grandes contratos de fornecimento de gás do Terminal Gás Sul (TGS), em Santa Catarina. A planta foi inaugurada em março.
A companhia assinou dois contratos com a TBG, que somam cerca de 1 milhão de m3/dia. Ambos começam a valer este mês e se encerram no fim do ano.
O primeiro, de 600 mil m3/dia, é de gás para uso no sistema (GUS). É o gás consumido na operação da rede de gasodutos de transporte – o que inclui as perdas operacionais do sistema e o gás usado como combustível nas instalações da transportadora, por exemplo.
A NFE superou a Galp, Eneva, Petrobras, Shell, Âmbar Energia e a MTGás na concorrência.
Já o segundo contrato, de 450 mil m3/dia, é para balanceamento da rede. É um serviço que o transportador aciona para garantir o equilíbrio da malha nas ocasiões em que as diferenças entre os volumes injetados e retirados nos gasodutos pelos carregadores ameaçam comprometer a eficiência e segurança do sistema.
A NFE superou as ofertas da Galp, Eneva, Petrobras e Âmbar Energia na disputa.
A companhia inaugurou este ano dois novos terminais de regaseificação no Brasil: Barcarena (PA) e o TGS (SC).
Os dois projetos têm perfis diferentes. A planta de regaseificação do Pará é um projeto mais maduro. Isolada da malha interligada de gasodutos do país, está ancorada em dois grandes clientes regionais: a refinaria de alumina da Hydro Alunorte; e no complexo termelétrico que a NFE está construindo associado ao terminal.
São duas usinas: a termelétrica Novo Tempo (624 MW), prevista para 2025, e Portocem (1,571 GW) – contrato de reserva de capacidade adquirido pela empresa, originalmente concebido para Pecém (CE), mas que será transferido para Barcarena.
Já em Santa Catarina, a NFE assumiu o risco do investimento confiando no grande trunfo do projeto: a conexão com o Gasbol, da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG) e no declínio das importações de gás boliviano.
O terminal foi construído tendo apenas um pequeno contrato de fornecimento, com a SCGás, da ordem de 150 mil m3/dia – o equivalente a 1% da capacidade do terminal.