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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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Pesquisa da PwC com empresas listadas no Ibovespa indica que 91% das empresas do Ibovespa divulgaram relatórios com resultados ambientais, sociais e de governança (ESG) em 2023, enquanto menos de 7% declaram já terem alcançado a neutralidade de carbono.
Entre elas, 5% dizem respeito aos escopos 1 (operações) e 2 (consumo de energia). Outros 1% não especificam qual o escopo.
Os resultados fazem parte da terceira edição do estudo ESG no Ibovespa, realizado em parceria com o Instituto de Auditoria Independente do Brasil (Ibracon). Foram analisadas 82 empresas, entre maio e agosto de 2023.
O número de empresas que divulgam relatórios é o maior já registrado pela pesquisa. Em 2020, o percentual era de 86% e caiu para 82% em 2021. No entanto, as metas de redução de emissões não sofreram alterações significativas em comparação com o estudo anterior.
Além disso, mais da metade dos relatórios analisados (56%) não apresentou um compromisso real para a conversão das empresas ao padrão carbono neutro.
Entre aquelas que relataram algum compromisso, a meta zero líquido está marcada para 2050.
Já os objetivos validados pela ciência cresceram significativamente: 30% das empresas que divulgaram metas de redução indicaram que elas foram validadas – na edição anterior eram 19%.
Reconhecimento de risco
Apesar de não demonstrarem muito compromisso com a descarbonização, as organizações estão mais atentas aos riscos climáticos.
Eles foram os mais citados pelas empresas que relataram riscos relacionados a ESG. De acordo com a PwC, 80% das empresas informam que os riscos socioambientais já estão incorporados à matriz de riscos estratégicos e, portanto, integram o programa de riscos corporativos.
“No entanto, ainda existe uma preocupação qualitativa sobre o nível de identificação dos riscos socioambientais e em relação às metodologias utilizadas para determinar a probabilidade e magnitude deles, especialmente os climáticos”, observa o relatório.
ESG nas PMEs
Uma outra pesquisa realizada pela Serasa Experian sobre a maturidade em ESG das Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs), revela que, mesmo sem saber o que a sigla significa, 89% delas já adotam algum tipo de prática no dia a dia e concordam que elas têm um papel fundamental na competitividade da empresa.
Embora apenas 33,3% dos empreendedores participantes tenham conhecimento sobre a sigla, pelo menos 66% já atuam no pilar de Governança, 52% em Responsabilidade Social e 50% têm atividades relacionadas à Sustentabilidade e Responsabilidade Ambiental.
No pilar Ambiental, o consumo consciente de energia lidera: 75,2% das MPMEs afirmam que realizam práticas de eficiência, 64,2% otimizam o consumo de água e 71% investem na redução da geração de resíduos (71%).
Falta medir e reportar: menos da metade mensura as ações com metas e indicadores (41,3%) e somente um terço delas reporta relatórios ao mercado (29%).
Já em Social, ainda há um longo caminho a ser percorrido rumo à diversidade. Para a maioria dos entrevistados (54%) há poucas ou nenhuma iniciativa para aumentar a representatividade de pessoas LGBTQIAP+ e pretas/negras no quadro de colaboradores.
Cobrimos por aqui:
- Descarbonização da indústria custará R$ 40 bi até 2050, calcula CNI
- Menos de uma a cada cinco empresas está em direção ao zero líquido
- Quem está de olho nas emissões da cadeia de suprimentos?
- Mudanças climáticas estão deixando brasileiros ansiosos
Curtas
Mercado de carbono
O Canadá assinou nesta quarta-feira seu primeiro acordo para respaldar os preços futuros do carbono, uma medida que ajudaria a trazer segurança de preços para empresas que buscam investir em projetos de captura e armazenamento de carbono.
Operação contra Braskem
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira (21), a Operação Lágrimas de Sal, para investigar possíveis crimes cometidos durante os anos de exploração de sal-gema pela Braskem em Maceió.
A exploração de sal-gema na capital alagoana ocorreu de 1976 a 2019, resultando em grave instabilidade no solo de bairros como Pinheiro, Mutange, Bebedouro e adjacências. A área se tornou inabitável, tendo em vista os riscos de desmoronamento de casas, ruas e fechamento do comércio, levando mais de 60 mil pessoas a terem que deixar os bairros.
Mistura de hidrogênio traz eficiência
Segundo o pesquisador Robson Barreiros, do Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação (Iati), a mistura de hidrogênio ao diesel pode trazer uma eficiência de 9 a 15%, já no caso da gasolina, o número chega a 20%. Além disso, na sua avaliação, a adição do energético ao gás natural e ao GLP traria mais competitividade ao mercado.
- Leia também: Queimar hidrogênio faz sentido para o Brasil?
A geladeira vai mesmo ficar mais cara?
Os novos níveis máximos de consumo de energia para refrigeradores que começam a entrar em vigor em 2024 poderão ser atendidos por quase 100% dos aparelhos de uma ou duas portas disponíveis no mercado já testados pelo Inmetro, de acordo com levantamento da Rede Kigali.
Já a Clasp – organização que dá assistência técnica a governos relacionada a eficiência técnica e ambiental dos eletrodomésticos –, calcula que se houver aumento de preço devido à melhoria da eficiência a partir de 2026, será marginal, entre R$ 86 e R$ 200 dependendo do modelo e tamanho do refrigerador e será compensado pela economia de energia do consumidor.
Emissões evitadas na Urca
O Grupo Urca Energia, holding de energia renovável e líder na produção de biometano na América Latina, publicou seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, mostrando que o tratamento de 650 mil m³/dia de biogás em 2022, com mais de 7 milhões de kWh gerados e 35 milhões de m³ de biometano produzidos no ano, evitou a emissão de mais de 113 mil toneladas de CO2 em 2022.
O Grupo apresentou aumento de 219% nas receitas, além de investir mais de R$ 144 milhões em 2021 e 2022, sendo 63% desse valor apenas no último ano.
E na Azul
A companhia aérea deixou de emitir 110 mil toneladas de CO2 em 2023 com programa de uso consciente de combustível. Com 18 bases parceiras no país que adotam o APU Zero, a companhia reduziu em mais de 70% o uso de querosene das suas aeronaves em solo.