RIO — Duas das principais empresas químicas de lítio da China, Chengxin Lithium Group e Yahua Industrial Group – fornecedores de hidróxido de lítio para Tesla, BYD e LG, entre outros – anunciaram um total de US$ 50 milhões para a Atlas Lithium, empresa americana que desenvolve um projeto de exploração de lítio no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais.
O contrato envolve o investimento direto na Atlas Lithium (US$ 10 milhões) e acordos de compra para a Fase 1 da produção de concentrado de espodumênio para baterias da companhia (US$ 40 milhões), em troca de 80% dos ativos da Atlas Lithium.
A transação ocorre paralelamente ao movimento de venda da canadense Sigma Lithium, que já explora lítio na região do Jequitinhonha.
Em dezembro, a CEO da Sigma, Ana Cabral Gardner revelou que a empresa atraiu o interesse de “algumas das empresas mais admiradas de baterias e veículos elétricos do mundo, incluindo montadoras e fabricantes de baterias”.
Segundo apuração da Exame, a chinesa CATL, de baterias, e a montadora Volkswagen são apontadas como as favoritas para fechar o negócio.
No Brasil, ao contrário de outros países onde é encontrado nas salmouras, o lítio está hospedado em pegmatitos mineralizados em espodumênio. A maior reserva conhecida está no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, apelidado de Vale do Lítio.
Essa forma de exploração brasileira de lítio possui menor impacto ambiental, o que vem atraindo o interesse de fabricantes de baterias para veículos elétricos, preocupados em reduzir suas emissões de carbono ao longo da cadeia.
Capex garantido
Com as transações da Atlas Lithium, a primeira etapa do projeto de produção de lítio da companhia em Minas Gerais, com investimentos de US$ 49,5 milhões, está totalmente financiada.
“Estou entusiasmado por estas empresas terem garantido seu apoio à Atlas Lithium, que agora está preparada para se tornar o próximo produtor de concentrado de lítio de alta qualidade na região mundialmente famosa do Vale do Lítio no Brasil “, disse Nick Rowley, vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Atlas Lithium.
O início da operação da planta está previsto para abril de 2024, com a meta de produzir até 150 mil toneladas por ano de concentrado de espodumênio para bateria, sendo 120 mil toneladas já contratadas neste acordo com a Chengxin e a Yahua.
A Atlas Lithium espera que na segunda etapa, em meados de 2025, seja possível produzir até 300 mil toneladas do material anualmente.
“Garantir clientes fortes com usuários finais de primeira linha também é fundamental para a ambição da Atlas Lithium de se tornar um fornecedor significativo de lítio de alta qualidade”, afirmou Marc Fogassa, CEO e presidente da empresa.
Vale do Lítio
O “Vale do Lítio”, em Minas Gerais, já possui cinco empresas desenvolvendo projetos de exploração do mineral no Jequitinhonha: Atlas Lithium (EUA), Lithium Ionic (Canadá) e Latin Resources (Australia) e Sigma Lithium (Canadá) e Companhia Brasileira de Lítio (CBL) está em operação na região. As duas últimas já em operação.
Recentemente, a mineradora canadense Sigma Lithium anunciou que deve aumentar em 25% suas reservas de lítio na região.
A companhia encontrou novas reservas, estimadas em 26 a 30 milhões de toneladas de lítio, na quarta etapa de exploração do projeto Grota do Cirilo.
Com isso, a companhia deve chegar a 110 milhões de toneladas do mineral encontradas no “Vale do Lítio”, o que a posiciona como uma das maiores do mundo neste setor.
As novas reservas se somam às 77 milhões de toneladas medidas e indicadas e outras 8,6 milhões de toneladas inferidas com teor de 1,43% de óxido de lítio (Li2O).