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Exportações de gás natural russo para a China devem bater recorde em 2024, diz CEO da Rosneft

Para Igor Sechin, países ocidentais superestimaram eficácia da pressão sobre a Rússia

Presidente da Rosneft, Igor Sechin, durante reunião em Moscou, em 15/2/2021 (Foto: Kremlin)
Presidente da Rosneft, Igor Sechin, durante reunião em Moscou (Foto: Kremlin)

RIO – O presidente da petroleira estatal russa Rosneft, Igor Sechin, afirmou que as exportações de gás russo para a China chegarão a um recorde histórico em 2024, com cerca de 40 bilhões de metros cúbicos de gás entregues este ano.

Em discurso na abertura do Fórum Empresarial de Energia Rússia-China, em Moscou, nesta terça-feira (23/7), Sechin destacou que a parceria com a China tem ajudado a garantir a segurança econômica e energética dos dois países.

“Acredito que a próxima etapa no desenvolvimento de nossas relações deve visar ao fortalecimento da cooperação com colegas chineses ao longo de toda a cadeia de valor em energia e áreas relacionadas, incluindo o desenvolvimento de tecnologias avançadas, construção de máquinas, construção naval moderna, fornecimento de equipamentos industriais, energia alternativa, redução de emissões e P&D [pesquisa e desenvolvimento],” disse.

O executivo também é Secretário Executivo da Comissão Presidencial Russa para a Estratégia de Desenvolvimento do Complexo de Combustível e Energia e Segurança Ambiental.

Segundo ele, os países ocidentais superestimaram a eficácia da pressão que conseguiriam fazer sobre a Rússia. Sechin destacou que estabilidade nas exportações de petróleo tiveram um papel importante em garantir o desempenho da economia do país nos últimos anos.

A Rússia passou a sofrer sanções internacionais, sobretudo dos Estados Unidos e Europa, depois da invasão à Ucrânia em fevereiro de 2022. O cenário consolidou a China como a principal compradora do petróleo russo no mercado internacional.

Em 2023, a Rússia exportou para a China 107 milhões de toneladas de petróleo, 34 bilhões de metros cúbicos de gás natural e 100 milhões de toneladas de carvão. Com isso, os russos ultrapassaram a Arábia Saudita como principal fornecedor de petróleo para os chineses.

Para Sechin, contribuiu para o crescimento da parceria a proximidade geográfica entre os dois países e a infraestrutura existente, com destaque para o oleoduto Sibéria-Pacífico.

“No ano passado, o comércio bilateral entre nossos países cresceu 26%, alcançando US$ 240 bilhões, significativamente acima da meta de US$ 200 bilhões. As exportações de combustíveis minerais da Rússia para a China representaram US$ 95 bilhões desse total. A escala da cooperação russo-chinesa no fornecimento de petróleo é incomparável na Eurásia”, disse.

Apenas no primeiro semestre deste ano, as vendas do petróleo russo para a China ultrapassaram 55 milhões de toneladas.

“Segundo nossas estimativas, de janeiro de 2022 a junho de 2024, o impacto econômico para a China das importações de petróleo russo em comparação com compras de países do Oriente Médio será entre US$ 14 e US$ 18 bilhões,” afirmou.

O CEO da Rosneft destacou também que o crescimento econômico da China deve levar a um aumento no consumo de energia no país. Para atender a essa crescente demanda, os países consideram ampliar o fluxo de petróleo por rotas no Mar do Norte, segundo o executivo.

“O contínuo crescimento econômico da China significa uma necessidade crescente por fornecimentos de energia confiáveis e seguros”, disse.

A cooperação entre os dois países inclui ainda o desenvolvimento de usinas de geração nuclear.

“A construção de novas unidades de design russo nas usinas nucleares de Tianwan e Xudabao está em pleno andamento e no cronograma. Um reator nuclear de nêutrons rápidos de demonstração foi construído na China com participação russa,” afirmou.

Sechin criticou ainda as tarifas adotadas pelos Estados Unidos e União Europeia sobre bens, equipamentos e componentes de energia limpa da China.