RIO – As aquisições recentes da Enauta devem adicionar mais de 10 mil barris/dia à produção de petróleo da empresa – que se prepara para uma guinada em 2024.
Depois de um 2023 marcado por problemas operacionais no seu principal ativo, o sistema antecipado de Atlanta, no pós-sal da Bacia de Santos, a petroleira enfim avançou em seu plano de diversificação via aquisições – algo que o CEO da companhia, Décio Oddone, traçou como prioridade desde que assumiu a empresa, em 2020.
Em paralelo, a Enauta espera começar a operar, no segundo semestre do ano que vem, o sistema definitivo de Atlanta, com capacidade de 50 mil barris/dia. A empresa, atualmente, produz cerca de 10 mil barris/dia na concessão.
A companhia anunciou, em menos de uma semana, duas compras:
- 100% da participação da Petrobras nos campos de Uruguá e Tambaú, no pós-sal da Bacia de Santos, por US$ 35 milhões. Os ativos acumulam, em 2023, uma produção de 5,45 mil barris/dia, de acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP);
- e a fatia de 23% da Qatar Energy no Parque das Conchas, composto pelos campos de Abalone, Ostra e Argonauta, na Bacia de Campos, por US$ 150 milhões. O polo acumula uma produção de 25,28 mil barris/dia no ano, dos quais 5,8 mil barris/dia correspondem à participação em negociação.
Os dois ativos terão um peso importante dentro do portfólio da Enauta, que hoje tem em Atlanta o seu único campo produtor de petróleo.
Enauta assume infraestrutura de gás
Com as novas aquisições, a petroleira também se reposiciona na produção de gás
A companhia também possui uma fatia de 45% no campo de Manati, na Bahia. O ativo rendeu à Enauta, no acumulado do ano, uma produção de 813 mil m3/dia.
Com as novas aquisições, a Enauta incorpora um conjunto de concessões que, em 2023, acumulam uma produção líquida para a companhia de 420 mil m3/dia.
Junto com a compra dos campos de Uruguá e Tambaú, a empresa também adquiriu a infraestrutura de escoamento de gás que conecta os campos até a concessão de Mexilhão.
O gasoduto Uruguá-Mexilhão possui 178 km de extensão e capacidade de 10 milhões de m3/dia. O duto, atualmente ocioso, conecta a plataforma Cidade de Santos ao ramal de Mexilhão da Rota 1, operada pela Petrobras, e à unidade de processamento de gás natural de Caraguatatuba (UTGCA).
A Enauta não informou se pretende vender esse gás no mercado. Em Manati, por exemplo, a petroleira comercializa sua parcela de produção para a Petrobras, a operadora do ativo.