RIO — Responsável por quase dois terços dos blocos arrematados nesta quarta-feira (13/12) na oferta permanente de concessão, a novata Elysian Petroleum deixou mais dúvidas do que certezas sobre seus planos de atuação no setor de óleo e gás.
A empresa foi criada em agosto, meses antes do leilão da Agência Nacional de Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), justamente para aproveitar oportunidades da Oferta Permanente.
A companhia pertence ao mineiro Ernani Machado, presidente da JMM Tech, do ramo tecnológico, e se comprometeu a pagar cerca de R$ 12 milhões em bônus de assinatura, com capital próprio, para montar sua carteira de exploração: arrematou 122 concessões nas bacias Potiguar, Sergipe-Alagoas e Espírito Santo.
Tudo em terra, onde os custos de operação são mais baixos. Juntas, as áreas vão demandar investimentos da ordem de R$ 400 milhões durante todo o período exploratório.
Empresa garante ter capital
Machado garante que a companhia tem capital próprio suficiente, ao menos para os compromissos de investimentos iniciais, de R$ 80 milhões.
Do ponto de vista técnico, ele conta que a companhia contratou uma equipe de consultores do setor. Os nomes foram mantidos em sigilo.
Ao comentar sobre os bônus pagos, revelou que seu critério foi apresentar propostas com R$ 1 mil a mais que o bônus mínimo.
“Poderia dizer que fiz um cálculo, mas é mentira. R$ 50 mil era o número mínimo [do bônus] e coloquei mil a mais.
Machado justifica o alto número de blocos adquiridos à necessidade de montar uma carteira ampla para estudo mais aprofundado do potencial dos ativos.
“Temos que ter um leque abrangente de áreas para fazermos os estudos preliminares e saber onde pode ter ou não [petróleo]”, disse a jornalistas, após participar do leilão desta quarta.
Novas tecnologias
“Estávamos fazendo tecnologias para o setor de petróleo e gás e percebemos que tínhamos o leilão da ANP e tínhamos condições financeiras de fazer e por que não fazer?”, respondeu ao questionamento sobre o timing da estreia.
Na apresentação institucional da empresa, em seu site oficial, a companhia informa que pretende adotar um modelo de extração que utiliza estruturas móveis, no lugar das tradicionais bases de operações fixas.
A Elysian, segundo o site, aposta num modelo operado a partir de um Centro de Comando móvel, composto por uma frota inteligente de caminhões serão instalados os centros s administrativos e operacionais, por exemplo.
“O que eu faço é criar novas tecnologias e que essas tecnologias sejam aplicáveis em determinado setores. Esse é nosso objetivo neste momento: fazer novas tecnologias, inclusive em parceria com universidade e centros de pesquisa… A maioria das tecnologias usadas para extrair petróleo são as mesmas de 80 anos atrás. Creio que é possível avançarmos o que não avançamos ainda fazendo coisas não muito grandes, mas focadas em determinados setores”, apresentou-se Ernani.
O empresário não especificou quais tecnologias são essas e se fornece atualmente para alguma empresa do setor petróleo.
Etapa de qualificação
A empresa passará agora pela fase de comprovação das condições técnicas e econômicas para desenvolvimento da exploração contratada.
A expectativa inicial é que os trabalhos comecem por Potiguar, principal foco das aquisições e que já possui infraestrutura pronta.
Questionado se os novos entrantes passarão por alguma qualificação para se evitar aventureiros, o diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, afirmou que todas as empresas vencedoras vão passar por processo de qualificação para ver se reúnem condições técnicas econômicas e financeiras sobre capacidade de aplicar recursos previstos
“Não vejo motivo, necessariamente nesse momento, de preocupação”, disse.
Ele mencionou também que a Elysian já apresentou as garantias dentro das conformidades e atendeu as exigências do edital.