RIO — A Compass, braço de gás natural do grupo Cosan, espera começar a operar no mercado de distribuição de gás natural liquefeito (GNL) em pequena escala a partir de 2025, disse nesta terça (12/9) o presidente da companhia, Nelson Gomes.
O plano da Compass é vender o GNL importado, que chegará pelo Terminal de Regaseificação de São Paulo (TRSP), no Porto de Santos, para clientes finais no interior do país, num modelo de negócios B2B – o cliente final é uma outra empresa e não uma pessoa física (B2C).
A companhia vê uma demanda potencial de 97 milhões de m3/dia de gás natural off grid – em áreas localizadas fora da rede de distribuição de gás canalizado, a uma distância de até 1,2 km do Porto de Santos.
“Isso só olhando para [clientes que consomem] diesel, óleo combustível e GLP [gás liquefeito de petróleo]… Se a gente conseguir conquistar 3% dessa demanda potencial, a gente incrementa o uso do nosso terminal em mais 3 milhões de m3/dia [o dobro do volume que o TRSP fornecerá à Comgás]”, comentou Gomes, durante apresentação para investidores, no Cosan Day 2023.
O executivo citou que, além de vender o GNL diretamente para clientes industriais, a companhia também mira a demanda de eventuais projetos estruturantes das distribuidoras – aqueles que visam a antecipar a chegada do gás a um determinado mercado isolado da rede principal de distribuição de uma concessionária.
Navio de gás a caminho do TRSP
A previsão da empresa é que o TRSP, com capacidade para 14 milhões de m3/dia, esteja concluído até o fim deste ano. O FRSU (navio regaseificador) Höegh Giant chegará ao terminal em outubro.
A partir daí, a Compass pretende se dedicar à construção da infraestrutura necessária para a distribuição de GNL B2B, ao longo de 2024, e começar a operar o negócio, de fato, no ano seguinte.
- Para aprofundar: Distribuição de GNL em pequena escala começa a ganhar tração em 2024
A distribuição de GNL em pequena escala fará parte do braço de marketing e serviços da Compass – área de negócios que reunirá ainda a operação do TRSP, a comercialização de gás e a joint venture com a Orizon em biometano, dentro do processo de diversificação do portfólio da companhia.
Compass vê muito espaço para crescer em distribuição
O principal negócio da Compass segue sendo a distribuição de gás canalizado. A empresa opera a Comgás e Necta (ex-GasBrasiliano), ambas em São Paulo, e controla a Commit (ex-Gaspetro) – holding que reúne fatias minoritárias em outras dez concessionárias estaduais.
Gomes reforçou a intenção da companhia de se concentrar nos ativos do Centro-Sul. A Compass tem acordo para venda das fatias da Commit nas distribuidoras do Nordeste (Sergas/SE, Algás/AL, Copergás/PE, Potigás/RN e Cegás/CE) para a Infra Gás e Energia.
A previsão, segundo o executivo, é concluir o negócio até o fim do ano.
“[A Compass está vendendo os ativos] não porque não tenham oportunidades e não sejam ativos muito bons, mas sim porque queremos dar o foco necessário que é preciso dar para as coisas acontecerem na região do Centro-Sul”, disse.
A empresa do grupo Cosan também mira oportunidades de aquisição do controle das distribuidoras do Centro-Sul, “eventualmente exercendo o direito de preferência quando e se houver privatização dessas distribuidoras”, disse Gomes.
O CEO da Compass enxerga um grande potencial de desenvolvimento do negócio de distribuição no país. A ideia é replicar o modelo de gestão na Comgás nas demais concessionárias.
“A melhor distribuidora da Commit, hoje, ainda é um pouco pior que a Comgás de há dez anos atrás, ainda temos muito a crescer”, afirmou.
Ele também destacou que a própria Comgás tem espaço para crescimento. E citou que a taxa de penetração do gás no segmento residencial na área de concessão da companhia, de 24%, ainda é inferior ao encontrado nos EUA (54%) e Colômbia (53%), por exemplo.
“A Colômbia tem características geográficas, sociais, econômicas e culturais próximas às do Brasil. Então dá para Brasil chegar até lá? Dá. Dá para dobrar a [taxa de penetração do gás residencial da ] Comgás? Sim, dá. Tem muito trabalho pela frente não só na Comgás, mas principalmente na Commit”, complementou.