BRASÍLIA – Às vésperas da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP28), 131 empresas de diferentes setores e regiões publicaram uma carta aberta apelando aos governos nacionais para abordar a causa primária das mudanças climáticas: a queima de combustíveis fósseis.
A coalizão empresarial We Mean é formada por empresas cuja receita combinada é de quase US$ 1 trilhão, e conta com grupos como Volvo, Iberdrola, Mahindra Group, Unilever, Bayer e Nestlé.
Eles enxergam na COP28 uma oportunidade para que os governos decidam pela aceleração da transição para energias limpas, assumindo compromissos com a eliminação gradual do uso e produção de combustíveis fósseis.
Marcada para o final de novembro, a conferência deste ano ocorrerá em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, país que tem o petróleo como importante motor da economia.
A agenda de negociações para a principal cúpula global sobre o clima inclui a ambição de triplicar a produção de energia renovável e dobrar a produção de hidrogênio até 2030 para acelerar a transição.
Temas que enfrentam resistências de governos que encaram a eliminação dos fósseis como uma ameaça a suas economias.
Na carta (íntegra em inglês), as 131 empresas pedem a todas as Partes na conferência climática que estabeleçam as bases para transformar o sistema energético global em direção a uma eliminação completa dos combustíveis fósseis inabalável e para triplicar a capacidade mundial de eletricidade renovável.
“Para alcançar esse objetivo, os signatários de todas as partes do mundo instam os governos nacionais a estabelecer cronogramas e metas claras para a eliminação dos combustíveis fósseis, a comprometer-se com 100% de energia descarbonizada, a apoiar os países do Sul Global em uma transição justa e a reformar os subsídios aos combustíveis fósseis”, diz o documento.
Engajamento empresarial
Desde as corporações multinacionais até as pequenas e médias empresas, os signatários abrangem setores como serviços públicos, transporte, bens de consumo, tecnologia e hospitalidade.
“Para cumprir seus compromissos no âmbito do Acordo de Paris, os países não têm outra opção senão eliminar gradualmente os combustíveis fósseis. Retroceder criará confusão entre a comunidade empresarial. Adiar a transição é mais caro a longo prazo”, diz María Mendiluce , CEO da We Mean.
A coalizão reconhece que empresas que se comprometeram com metas baseadas na ciência também precisarão eliminar gradualmente os combustíveis fósseis para cumprir seus compromissos.
“Para fazer isso, elas precisam que os governos tomem decisões na mesma direção para apoiá-las, estabelecendo políticas facilitadoras”, explica Mendiluce.
“A certeza de políticas permitirá que as empresas desenvolvam alternativas de curto prazo acessíveis e confiáveis aos combustíveis fósseis para suas operações e cadeias de suprimentos”, completa.