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Carmo Energy quer quintuplicar produção de petróleo em Carmópolis e monetizar gás

Petroleira planeja produzir 10 mil barris por dia (bpd) este ano e alcançar 20 mil barris por dia até 2032

Carmo Energy planeja quintuplicar produção de petróleo em Carmópolis e monetizar gás natural, diz Philipe Passos [na imagem], gerente regulatório da petroleira independente (Foto: Divulgação)
Philipe Passos é gerente regulatório da Carmo Energy (Foto: Divulgação)

RIO – A Carmo Energy trabalha para produzir 20 mil barris/dia de petróleo até 2032 nos campos do Polo Carmópolis, quase cinco vezes o volume de extração registrado quando assumiu as operações na Bacia de Sergipe, em dezembro de 2022. Também estão nos planos estudos para monetizar a produção de gás natural das concessões, informou o gerente regulatório da Carmo, Philipe Passos, em entrevista à agência epbr.

Parte do grupo Cobra Instalaciones y Servicios, a companhia comprou os ativos terrestres em 2021 no processo de desinvestimentos da Petrobras por US$ 1,1 bilhão. Quando a Carmo assumiu o polo havia 452 poços em atividade, com uma produção média de 3,9 mil barris/dia. Depois de um ano de investimentos iniciais, que focaram sobretudo na reabertura de poços, a produção média da companhia está em 7,9 mil barris/dia, por meio de 800 poços.

A intenção da Carmo é voltar a produzir 10 mil barris/dia ainda no primeiro semestre de 2024. O nível é próximo aos 10,9 mil barris/dia de petróleo e 72,9 mil m³/d de gás natural que os ativos produziam quando a Petrobras anunciou a venda, em 2020. O nível de extração caiu em meio ao processo de venda e às interdições realizadas durante a cessão do ativo.

Da produção total, cerca de 60% vem do campo de Carmópolis, principal ativo do polo. Localizado a cerca de 50 quilômetros da capital Aracaju, em município homônimo, Carmópolis é um dos campos mais antigos do país, em produção desde 1963, além de ser também uma das áreas terrestres com maior produção no Brasil.

US$ 600 milhões até 2032

O desinvestimento da Petrobras ocorreu em meio à estratégia da estatal de se desfazer de campos terrestres e em águas rasas conduzida durante o governo de Jair Bolsonaro. Além de Carmópolis, o polo inclui outros dez campos (Aguilhada, Angelim, Aruari, Atalaia Sul, Brejo Grande, Castanhal, Ilha Pequena, Mato Grosso, Riachuelo e Siririzinho) e a infraestrutura associada de tratamento, escoamento, armazenamento e transporte de petróleo. Fazem parte do pacote o complexo operacional de Atalaia, com o Terminal Aquaviário de Aracaju, e o oleoduto de escoamento da produção.

O aumento da produção está ancorado nos novos planos de desenvolvimento elaborados para os campos. No ano passado, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) aprovou o novo plano da concessão de Carmópolis, assim como a extensão da concessão do ativo até 2052. A partir desse direcionamento, a companhia prevê investimentos de US$ 600 milhões no campo até 2032.

Os planos e pedidos de extensão dos demais campos devem ser analisados pela agência no primeiro semestre de 2024, tendo em vista que as concessões vencem em 2025.

Ao mesmo tempo, a Carmo avalia formas de monetizar o gás natural das concessões. A empresa montou um grupo focado em estudar o melhor aproveitamento do gás associado. “Estamos analisando todas as possibilidades para rentabilizar. Hoje, não há nada definido sobre o caminho a seguir, mas temos analisado todas as oportunidades”, diz Passos.

Desafios da aquisição

A Carmo enfrentou desafios no Polo Carmópolis antes mesmo da conclusão da aquisição. Durante o processo de cessão, quando o ativo ainda estava sob operação da Petrobras, a ANP interditou as estações coletoras da produção, o que levou à interrupção da produção ao longo de 2022.

A agência apontou falhas graves na gestão da integridade e segurança. Foram identificados problemas no sistema de combate a incêndio em diversas instalações do polo, além de situações de risco iminente, que tiveram que ser corrigidas antes da aprovação da venda pela ANP.

Já no primeiro ano de operação, a falta de disponibilidade de sondas de perfuração no mercado foi um dos motivos que levou a Carmo a direcionar esforços para a reabertura de poços ao longo da maior parte de 2023. Também foram feitas substituições de equipamentos.

“Em 2023 a preocupação era preparar o ativo para que em 2024 conseguíssemos aumentar a produção, de forma segura”, explica Passos.

Fornecedores e pagamento

Próximo ao fim do ano passado, no entanto, a empresa conseguiu iniciar novas perfurações, com oito poços perfurados em 2023 e mais dois já este ano. A estimativa é que até a metade do ano as áreas tenham 26 sondas em atividade, entre aparelhos próprios e de terceiros. A Carmo deve receber até abril seis sondas próprias, que estão sendo importadas da China.

Passos explica que tem sido um desafio encontrar fornecedores disponíveis para atender a demanda por serviços e equipamentos, devido ao aquecimento do mercado de exploração e produção terrestre no Brasil com a venda dos ativos da Petrobras.

“A prioridade é sempre buscar fornecedores no mercado nacional, até por questões de logístcia”, diz Passos.

Outro problema foi enfrentado ao fim de 2023, quando a companhia precisou pedir à Petrobras o adiamento do pagamento final pela compra do polo inicialmente previsto para ocorrer até 20 de dezembro. O gerente explica que o atraso ocorreu devido a um ajuste contábil e que a empresa comunicou à Petrobras que quitaria os valores até o dia 10 de janeiro. Este mês, a Carmo quitou os US$ 298 milhões que faltavam para concluir a aquisição.