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Âmbar compra térmicas da Eletrobras e se torna 3º maior gerador a gás do país

Empresa do grupo J&F compra 1,8 GW operacionais, por até R$ 4,7 bilhões

Âmbar Energia, do grupo J&F, compra térmicas da Eletrobras e se torna 3º maior gerador de energia a gás natural do Brasil. Na imagem: Usina termelétrica (UTE) Santa Cruz a gás natural no Rio de Janeiro (Foto: Divulgação)
UTE Santa Cruz no Rio de Janeiro (Foto: Divulgação)

RIO – A Âmbar Energia, do grupo J&F, fechou acordo para compra do parque de térmicas a gás natural da Eletrobras, num total de 1,8 GW de capacidade instalada. A transação soma até R$ 4,7 bilhões, dos quais R$ 1,2 bilhão em earn-out (sujeito a condicionantes)

Com a aquisição, a Âmbar se torna dona do 3º maior parque de termelétricas a gás do país, atrás somente da Petrobras (5,3 GW) e Eneva (3,8 GW).

O acordo com a Eletrobras inclui a compra da UTE Santa Cruz (500 MW), no Rio de Janeiro, e de outras 11 usinas em operação no Amazonas.

O portfólio envolvido na negociação inclui Mauá III (591 MW), Aparecida (166 MW), Anori (5 MW), Codajás (5 MW), Anamã (2 MW), Caapiranga (2 MW) e um conjunto de produtores independentes de energia (PIEs) controlados por terceiros – e que somam 600 MW.

A transação inclui, por fim, o projeto da UTE Rio Negro (188 MW) – ainda não construído e sem contrato de venda de energia.

Usinas têm contratos garantidos

Os ativos negociados pertencem às subsidiárias Eletronorte e Furnas e somam receitas líquidas de R$ 2,4 bilhões.

A UTE Santa Cruz (500 MW) tem contrato de comercialização de energia até dezembro de 2026 e as usinas operadas pela Eletrobras no Amazonas estão contratadas até 2030.

As PIEs (Cristiano Rocha, Manauara, Jaraqui, Tambaqui e Ponta Negra), por sua vez, têm contratos de venda de energia para a Eletrobras até maio de 2025, a partir de quando seriam revertidos para o controle da companhia.

A depender de um acordo com a Amazonas Energia, as térmicas poderão ter seus contratos de comercialização prorrogados até 2030.

Pelos termos do acordo, os riscos de inadimplência da Amazonas Energia, distribuidora que compra parte da energia do portfólio, serão assumidos pela Âmbar.

Na hipótese de uma venda futura do controle da Amazonas Energia, a Eletrobras cederá os créditos que tem a receber da distribuidora para a  geradora do grupo J&F.

Em contrapartida, a Eletrobras terá uma opção de compra possibilitando a captura do benefício econômico fruto da recuperação operacional e financeira da distribuidora.

Âmbar mais que dobra de tamanho

A compra das térmicas da Eletrobras vai mais que dobrar o tamanho do parque de geração a gás da Âmbar, para cerca de 3,4 GW

A empresa é dona das UTEs Uruguaiana (600 MW), no Rio Grande do Sul, e Cuiabá (480 MW), no Mato Grosso, e tem contrato assinado para aquisição de Araucária (484 MW), da Copel, no Paraná.

O grupo J&F vem se movimentando ativamente em aquisições desde o fim do ano passado, com foco em especial no mercado de gás.

Além da compra de UTE Araucária, a holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista também está se posicionando na produção de gás.

O grupo J&F entrou na produção de gás na Argentina, por meio da compra da Fluxus e de ativos operacionais da Pluspetrol. Os ativos incorporam ao portfólio da J&F uma produção de 1,3 milhão de m3/dia de gás e 1.365 barris/dia de petróleo.

Na semana passada, a Fluxus deu mais um passo, ao anunciar a compra da Pluspetrol Bolívia. Com isso, a empresa entra em três campos na bacia Tarija-Chaco que hoje produzem cerca de 100 mil m³/dia, mas que têm potencial para mais de 1 milhão de m³/dia.

A J&F também mira entrar na comercialização de gás e negocia a compra da MGás.