Executivos brasileiros estão movimentando o mercado de gás boliviano, com a assinatura de contratos e memorandos com a estatal YPFB. Já foram anunciados negócios envolvendo importação, para o Brasil, de GLP, gás natural e o estudos para o desenvolvimento de termoelétricas e projetos de GNL.
Em cerimônia com o ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Luis Alberto Sánchez, na terça (20), o presidente da YPFB, Óscar Barriga, assinou um memorando de entendimento com a brasileira Gas Bridge para entregar 4 milhões de m³/dia entre 2020 e 2025 e a criação de uma joint-venture para comercializar GNL.
Pelos termos do acordo, Gas Bridge e a YPFB vão estudar a formação de uma sociedade para instalar pequenos terminais de GNL no Brasil, com 1 milhão de m³/dia de capacidade. A primeira unidade em 2022 e a segunda em 2023, consumindo metade da vazão de 4 milhões de m³/dia. Com os 2 milhões de m³/dia adicionais, a ideia é abastecer um cliente, não anunciado, da Gas Bridge no Brasil.
A concepção do projeto é movimentar gás internamente, no Brasil, por cabotagem, e desenvolver negócios em regiões não atendidas por dutos.
“Significaria chegar a um ponto com gás [boliviano] e, com esse gás, alcançar outros pontos que não possuem gasodutos dentro do próprio Brasil. É o mesmo exemplo que temos na Bolívia hoje, onde temos a unidade de liquefação em Santa Cruz, com a qual alcançamos populações [em regiões] que não possuem dutos”, afirmou o ministro Sanchéz.
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GLP para Copagaz
Na terça (20), o presidente da YPFB, Óscar Barriga, também assinou um acordo para fornecer 72 mil toneladas/ano de GLP para a Copagaz, distribuíra que atua principalmente no Centro-Oeste, em especial nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
De acordo com informações de O Globo, a Copagaz participa de uma das propostas apresentadas semana passada para aquisição da Liquigás, distribuidora de GLP e subsidiária que Petrobras tenta vender, pela segunda vez.
Acordo assinado entre Óscar Barriga e o presidente da Copagaz, Antonio Carlos Moreira Truqueto, durante o 2º Forogas, realizado na Bolívia nesta semana.
“É um novo acordo que a YPFB assina com empresas privadas brasileiras, em um contexto de novas relações com o país, em que ele se abre para a entrada de combustíveis bolivianos como o GLP e gás natural e, também, derivados, como a ureia”, afirmou a empresa, em comunicado para a imprensa.
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Alguns acordos envolvendo o mercado de gás entre Bolívia e Brasil
- YPFB, Shell, Petrobras, Total, Golar e Repsol foram selecionadas na terceira etapa da chamada pública para aquisição de 10 milhões de m³/dia feita pela Compagas, GasBrasiliano, MSGás, SCGás, e Sulgás.
- Evo Morales e Vladimir Putin assinam acordos para viabilizar negócios no Brasil. Visa ao fornecimento de gás da YPFB, para a Acron, que negocia a compra de fábrica de fertilizantes da Petrobras. Acron assegurou acordo com o governo do MS para receber os mesmos incentivos que a Petrobras na Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UNF 3).
- Shell assina memorando de entendimentos com a YPFB para a compra de 4 milhões de m³/dia de gás natural até 2022 e 10 milhões de m³/dia de gás natural a partir daí. A empresa pretende utilizar o gás para ampliar sua posição como fornecedora do energético no país.
- A ExxonMobil pretende ligar o Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol) ao terminal de regaseificação Gás Sul, na cidade de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, que está sendo desenvolvido pela Golar Power. Para fazer a interligação, a empresa solicitou à ANP a inclusão do ponto de entrada “Garuva” no edital da chamada pública para contratação de capacidade de transporte da TBG.
- A Bolívia assinou um termo de cooperação com o governo do Mato Grosso do Sul envolvendo o fornecimento de gás para a UTE Fronteira (266MW), que a empresa Camaçari pretende construir no estado. Com o documento, a YFPB poderá comercializar gás natural, GNL e GLP e ureia com empresas do MS.
- O governador do Mato Grosso, Mauro Mendes, assinou um termo de desenvolvimento de mercado com o governo boliviano. Objetivo é viabilizar comercialização de gás natural, GLP e ureia.
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Também no Forogas — o Fórum Internacional Gás, Petroquímica e Combustíveis Verdes, da Bolívia –, empresas executivos de empresas brasileiras estão reforçando que há novas oportunidades de negócios entre os países, que a redução da participação da Petrobras nas operações.
“Há anos, Bolívia olhava o Brasil e apenas enxergava a Petrobras, mas agora isto está mudando e é positivo, porque se abre uma janela de oportunidades de desinvestimento com novos clientes e o mercado será mais competitivo”, Luis de Mendoza, presidente de Ambar Energia. A empresa opera usinas termoelétricas e PCHs no Brasil.
“A Bolívia vai precisar de mais agressiva. Este é um momento em que devemos ser mais competitivos e caminhar juntos para atingir o cliente final. Isso é o que queremos fazer com a Bolívia”, afirmou o presidente da MS Gás, Rudel Espíndola Trindade.
Com informações do Ministério de Hidrocarbonetos e do 2º Forogas
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