BRASÍLIA — Relatório divulgado nesta sexta (11) pelo Global Carbon Project indica que as emissões de gases do efeito estufa (GEE) pelo consumo de combustíveis fósseis e uso da terra devem alcançar níveis recordes em 2022. A estimativa para este ano é de 40,6 GtCO2 (bilhões de toneladas de CO2) de emissões globais, maior volume anual de todos os tempos.
O estudo Global Carbon Budget projeta que as emissões de CO2 de energia e indústria devem subir 1% em relação a 2021, chegando a atingir 36,6 GtCO2. O percentual está um pouco acima dos níveis de 2019 no período pré-pandemia, indicando que os lançamentos fósseis seguem sem sinal de diminuição.
Apresentada na COP27, a análise alerta que se os níveis atuais de emissões persistirem, há 50% de chance de que o aquecimento global de 1,5°C seja superado em nove anos.
Para atingir zero emissões de CO2 até 2050 será necessário diminuir 1,4 GtCO2 a cada ano.
Elaborado por mais de 100 cientistas, o relatório indica que, em 2022, as concentrações de CO2 na atmosfera atingirão uma média de 417,2 partes por milhão (ppm), 50% acima dos níveis pré-industriais. O dióxido de carbono (CO2) é um dos principais gases responsáveis pelo aquecimento global.
O aumento é puxado pela demanda global por combustíveis fósseis. As emissões de carvão e petróleo se encontram acima dos níveis de 2021, com crescimento de 1% e 2,2%, respectivamente. Tal cenário pode ter sido impulsionado pela crise energética causada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia.
Os Estados Unidos e a Índia estão entre os principais emissores este ano, aumentando suas emissões em 1,5% e 6%, respectivamente. A China e a União Europeia devem diminuir os lançamentos de carbono para 0,9% e 0,8%, respectivamente.
Emissões por desmatamento
As emissões de CO2 relacionadas às mudanças no uso da terra, como o desmatamento, também estão em alta e poderão chegar a 3,9 GtCO2 em 2022. A destruição das florestas responde por cerca de um décimo da quantidade total de emissões fósseis.
Somente os países como o Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo contribuem com 58% das emissões globais de mudanças no uso da terra.
Uma das autoras do artigo, a professora da Royal Society de Ciências das Mudanças Climáticas na Universidade de East Anglia (UEA), Corinne Le Quéré, alertou para a necessidade de ações urgentes das autoridades para a redução das emissões globais.
“Se os governos responderem turbinando os investimentos em energia limpa e plantando, não cortando árvores, as emissões globais podem começar a cair rapidamente”, disse.
Para os pesquisadores, o aumento de esforços conjuntos e a expansão das florestas constituem uma boa oportunidade para mitigar as emissões de CO2 pelo uso da terra. A remoção de carbono por meio do reflorestamento contrabalança metade das emissões oriundas do desmatamento, diz o estudo.
Hoje, o jornalista Gabriel Chiappini conversou com Leonardo Gava (Climate Bonds Initiative), Carlos Alberto Tavares Ferreira (Carbon Zero) e João Vicente (Ambipar/Ambify) sobre descarbonização. Assista os Diálogos da COP27 no Youtube
A agência epbr irá cobrir a COP27 entre os dias 7 e 18 de novembro, com transmissões ao vivo, de segunda a sexta, sempre às 14h