BRASÍLIA — A Emirates, maior companhia aérea internacional do mundo, anunciou um fundo de US$ 200 milhões para financiar projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) com foco na redução do impacto dos combustíveis fósseis na aviação comercial.
Os recursos serão desembolsados ao longo de três anos em parcerias com organizações que trabalham em soluções de tecnologias avançadas de combustível e energia, área em que as companhias aéreas enfrentam o maior obstáculo para reduzir suas emissões — e onde está o maior potencial de descarbonização.
“Analisamos com atenção a realidade de tecnologia de motores e aeronaves comerciais, cadeia de suprimentos de combustível e os requisitos regulatórios e de ecossistema do nosso setor. Está claro que, com as alternativas de redução de emissões disponíveis atualmente para as companhias aéreas, o nosso setor não conseguirá atingir as metas de zero emissão líquida no prazo definido”, conta Tim Clark, presidente da Emirates Airline.
Segundo o executivo, o fundo será destinado exclusivamente a P&D, justamente para ajudar a encontrar soluções mais eficientes para alcançar os objetivos climáticos.
Custos operacionais como a compra de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) e compensações de carbono para atender regulamentações entram na conta de “negócios comuns” da companhia.
“Até que soluções viáveis possam ser encontradas, a Emirates continuará adotando práticas ambientalmente responsáveis em todos os seus negócios, incluindo o uso de SAF sempre que possível, garantindo operações de frota eficientes e introduzindo aeronaves modernas em sua frota”, completa Clark.
Segundo a companhia, sua política ambiental concentra atividades em três áreas: redução de emissões, consumo responsável e conservação da vida selvagem e habitats.
A Emirates usa SAF em parte de seus voos comerciais desde 2017. Em janeiro, concluiu o primeiro voo de demonstração com 100% de combustível sustentável em parceria com a Boeing e a GE.
Indústria de SAF ainda embrionária
Um estudo do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) aponta que a indústria de SAF deve alcançar 449 bilhões de litros até 2050.
Em 2022, a produção chegou a pouco mais de 300 milhões de litros.
“O desafio é enorme, pois o mundo levou 20 anos para desenvolver uma indústria de biocombustíveis de base terrestre (biodiesel e bioetanol) de 165 bilhões de litros e, em pouco menos de 30 anos, terá que construir uma indústria quase três vezes maior”, diz a organização.
Atualmente, a única rota fornecendo SAF em escala comercial é a de Ácidos Graxos e Ésteres Hidroprocessados (HEFA, em inglês), que utiliza óleos e gorduras.
E ela deve continuar predominante nos próximos dez a quinze anos, até que as de querosene parafínico sintético (FT-SPK) e de alcohol-to-jet (ATJ) ganhem mercado.