Diálogos da Transição

O inverno está chegando

“Estamos em mar agitado. Um inverno de descontentamento global está no horizonte”, disse nesta terça (20/9), o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres

Para o secretário-geral da ONU, António Guterres [na imagem], mundo está preso em uma “disfunção colossal” e a comunidade global esta despreparada para Para secretário-geral da ONU, mundo está preso em uma “disfunção colossal” e a comunidade global esta despreparada para emergência climática (Foto: ONU/Divulgação)
“A crise do custo de vida é violenta. A confiança está desmoronando. As desigualdades estão explodindo. Nosso planeta está queimando. As pessoas estão sofrendo – com os mais vulneráveis sofrendo mais”, alerta o secretário-geral (Foto: ONU/Divulgação)

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Diálogos da Transição

Editada por Nayara Machado
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“Estamos em mar agitado. Um inverno de descontentamento global está no horizonte”, disse nesta terça (20/9), o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, enquanto criticava a falta de cooperação internacional para solucionar o que chamou de “grandes desafios desta era”.

Entre eles, a guerra na Ucrânia e a multiplicação de conflitos ao redor do globo, emergência climática, perda de biodiversidade, precarização financeira de países emergentes e o destino dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Para o secretário-geral, o inverno está chegando, o mundo está preso em uma “disfunção colossal” e a comunidade internacional não está pronta ou disposta a enfrentá-la.

A crise do custo de vida é violenta. A confiança está desmoronando. As desigualdades estão explodindo. Nosso planeta está queimando. As pessoas estão sofrendo – com os mais vulneráveis sofrendo mais”.

Guterres criticou organizações multilaterais como o G20, que estariam caindo na “armadilha das divisões geopolíticas”, e disse que se, há pouco, as relações internacionais pareciam caminhar em direção a “um mundo G2”, agora corremos o risco de acabar com um “G-nada”.

Uma cooperação global será crucial para mobilizar economias em torno da transição de baixo carbono. 

O mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) mostra que as políticas públicas adotadas no mundo até o final de 2020 levarão a Terra a um aquecimento de 3,2 ºC no fim do século.

Isso é mais do que o dobro do limite de 1,5 °C para evitar que o mundo chegue a extremos climáticos desconhecidos.

Segundo o chefe da ONU, o esforço para conter o aumento da temperatura global deve ser a primeira prioridade de todos os governos e organizações multilaterais, mas está sendo colocado em segundo plano.

“A crise climática é um estudo de caso de injustiça moral e econômica. O G20 emite 80% de todas as emissões de gases de efeito estufa, mas os mais pobres e vulneráveis – que menos contribuíram para esta crise – estão sofrendo seus impactos mais brutais”.

Outra crítica foi direcionada aos subsídios bilionários à indústria de combustíveis fósseis.

“Nosso mundo é viciado em combustíveis fósseis. É hora de uma intervenção. Precisamos responsabilizar as empresas de combustíveis fósseis e seus facilitadores”.

Fechando a lacuna de colaboração

Também nesta terça, uma coalizão entre 44 países e a União Europeia lançou um documento com prioridades urgentes para alavancar tecnologias de baixo carbono nos setores de energia, transporte rodoviário, aço, hidrogênio e agricultura.

Juntos, esses setores respondem por quase 60% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE) e podem fornecer a maior parte das reduções de emissões necessárias até 2030.

O relatório também alerta que é necessária uma cooperação internacional muito maior para que seja possível cumprir a meta de 1,5°C até 2100.

E muito depende da própria iniciativa – os membros da Breakthrough Agenda representam mais de 70% do PIB global, e vários estão entre os principais emissores, como Estados Unidos, China e Índia. O Brasil, 4º maior emissor, não integra o grupo.

O documento será apresentado na COP27 em novembro, no Egito, sugerindo ações que acelerariam o progresso rumo ao zero líquido, reduzindo os custos de energia. Veja na íntegra (.pdf)

Apoio a emergentes

No setor de energia, o foco imediato da ação internacional deve ser o apoio aos países emergentes.

“Isso será vital para mobilizar investimentos nos 7,4 a 8 TW adicionais de capacidade de energia renovável necessária globalmente até 2030, bem como em outras opções de energia limpa”, diz o documento.

O setor elétrico responde por cerca de 13 GtCO2e, ou 23% do total de emissões – um aumento de cerca de 10% desde 2010 – e esse volume precisa cair mais de 50% até 2030.

Para isso, a Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês), calcula que as emissões do setor precisam cair cerca de 8% a cada ano até 2030, ao mesmo tempo em que o acesso à eletricidade precisa alcançar 100% até 2030, se não antes.

Chegar lá vai demandar um aumento de investimentos da ordem de 25% a cada ano, até atingir os US$ 2 trilhões por ano necessários até 2030.

Hidrogênio

No hidrogênio renovável e de baixo carbono, a IEA estima que o volume deve passar de 1 milhão de toneladas em 2020, para cerca de 140-155 Mt por ano até 2030.

“Países e empresas devem coordenar medidas para se afastar da produção baseado em combustíveis fósseis ​​em setores onde o hidrogênio já é usado. Esforços internacionais para acordar padrões de segurança, operacionais e de emissões devem ser acelerados, uma vez que estes serão críticos para permitir uma ampla implantação e comércio”, indica o relatório.

Transporte net zero

Já no transporte rodoviário, o grupo sugere o alinhamento de metas entre governos e fabricantes para que todos os novos veículos sejam de emissão zero.

Hoje, esses veículos representam cerca de 9% das vendas globais de automóveis, mas é preciso chegar a 2030 com pelo menos 60%.

Cobrimos por aqui:

Hidrogênio verde, mas nem tanto

O Parlamento Europeu decidiu, na última quarta (14/9), pela flexibilização das regras de adicionalidade para produção do hidrogênio verde, que obrigava que toda eletricidade renovável utilizada para produção do energético viesse de fontes dedicadas.

Os congressistas da UE também derrubaram a proposta que permitia aos produtores de hidrogênio usar eletricidade proveniente da rede somente quando compensassem com fornecimento dedicado, em até uma hora.

GreenYellow capta R$ 63 milhões para 11 usinas solares

É o primeiro financiamento do BNDES do tipo project finance para geração distribuída. Os recursos correspondem a 55% do valor total dos ativos, avaliados em R$ 115 milhões. O aporte será direcionado a usinas em construção ou recém-conectadas em municípios do Rio Grande do Sul, São Paulo, Ceará, Paraná, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro. Juntas, as fazendas fotovoltaicas somam 27,6 MWp de capacidade instalada.

Engie abre seleção para pessoas com deficiência

As vagas, na sede da companhia, em Florianópolis (SC), são para nível de assistente e os candidatos serão alocados nas áreas em que tenham mais afinidade. A seleção também inclui um programa de capacitação.Os interessados podem se inscrever no site: geradiversidadeengie.gupy.io