BRASÍLIA — Projetos de inovação para a indústria apoiados pelo Senai e a Eletronorte irão explorar o potencial amazonense na produção de hidrogênio verde (H2V), com foco na aplicação de energia solar.
Na terça (27/9) as organizações anunciaram as propostas selecionadas para o programa que vai destinar R$ 12 milhões para o financiamento de pesquisas de desenvolvimento na Usina Hidrelétrica de Balbina, localizada no estado do Amazonas.
Os selecionados irão aproveitar placas solares e recursos naturais da região para a produção do H2V, complementando o fornecimento hídrico da usina.
Inaugurada em 1989, a hidrelétrica de Balbina é uma das menos eficientes do Brasil em termos de área inundada para cada megawatt gerado — a barragem tem capacidade instalada de 250 megawatts e inunda uma área de 2.360 quilômetros quadrados. A hidrelétrica já foi responsável por 80% da energia gerada para Manaus e hoje cobre 17%.
Outro problema da usina é a emissão de gases de efeito estufa (GEE). Como sua área inundada não foi desmatada, as emissões de dióxido de carbono e metano chegam a superar a de térmicas a carvão — as mais poluentes das geradoras de energia.
Em junho deste ano, Eletronorte e Senai lançaram uma chamada pública para a realização de estudos de campo. A iniciativa, denominada Balbina Green Connection, é um aceno às empresas interessadas na execução de ações de redução de emissões de GEE.
Os projetos apoiados incluem um polo verde de inovação e sustentabilidade na região de Balbina; um sistema de gestão energética de uma microrrede; o desenvolvimento de grupo gerador a hidrogênio; uma embarcação de transporte rápido de pessoal movida a energia solar e hidrogênio; e um sistema de geração de H2 integrado diretamente à geração fotovoltaica.
A parceria quer promover o hidrogênio de eletrólise na região. Apelidado de “combustível do futuro”, o H2V tem atraído grandes projetos, enquanto governos nacionais e subnacionais começam a desenhar suas políticas de incentivo.
Recentemente, a União Europeia decidiu flexibilizar as regras de adicionalidade para produção de H2V.
Com o Brasil expandindo sua matriz renovável, crescem as oportunidades de garantia de energia e, ao mesmo tempo, de diminuição nas emissões de CO2. Hoje, a maior parte dos projetos anunciados no país está concentrada no litoral e associada aos futuros parques eólicos offshore.
Para o diretor de Inovação e Tecnologia do Senai Nacional, Jefferson Gomes, os projetos de viabilização podem impulsionar as contribuições nacionalmente determinadas (NDCs) brasileiras.
“A produção de mais energia limpa, incluindo o hidrogênio verde, pode significar um grande passo para o Brasil manter sua relevância frente à transição energética e ajudar o país a alcançar as metas acordadas na COP26 e ser protagonista neste processo”, comenta.