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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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A cidade de São Paulo recebeu, nesta segunda (18/9), 50 ônibus elétricos a bateria que vão integrar a frota do transporte público municipal. As operações terão início ainda este mês.
A legislação de mudanças climáticas da capital paulista prevê a substituição de cerca de 15 mil veículos a diesel por ônibus elétricos. Até 2024, a prefeitura pretende ter 20% da frota (2,6 mil ônibus) composta por eletrificados.
Um primeiro passo para eletrificar a frota da maior metrópole brasileira, é também um modelo de negócio que pode ser replicado para outras cidades do país.
Em todo o Brasil, a frota de transporte público soma cerca de 107 mil veículos, cuja substituição abre possibilidades para alavancar a indústria nacional de fabricação de ônibus, avalia Luciana Costa, diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES.
O banco de fomento está olhando para a eletrificação do transporte urbano em mais de 30 cidades brasileiras.
Pelo lado do custo, a diretora do BNDES garante que a conta se paga. E o banco de fomento está disposto a ajudar na transição do transporte público.
“Biometano e eletrificação de frota já fecham a conta. Já fica mais barato no longo prazo substituir um ônibus a diesel por elétrico. O desafio é que o capex é maior e o benefício vem do opex em 15 anos. Então o desafio é estruturar bons projetos”, comenta.
Para o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, o Brasil precisa discutir qual modelo adotará na transição da mobilidade urbana: elétrico, hidrogênio ou atualizar a frota diesel para Euro 6? Essa decisão ajudará a indústria automotiva a planejar os investimentos.
“Precisamos entender e planejar como vamos fazer a transição para fazer com que a energia limpa chegue, a infraestrutura para tornar isso realidade e qual a transição que faremos. O Brasil precisa apontar para que a indústria automotiva possa fazer seus investimentos”, defende o ministro.
Jader Filho e Luciana participaram na segunda (18/9) de um evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) na Semana Climática de Nova York.
Na pauta da eletrificação do transporte coletivo, o ministro das Cidades acredita que a substituição da frota pode ajudar o Brasil a superar um modelo ultrapassado de remuneração da operação a partir da tarifa.
Ele observou que o sistema que já enfrentava dificuldades para se pagar antes da pandemia de covid-19 está em deterioração. E precisa encontrar caminhos para deixar de depender da tarifa paga pelo usuário e de subsídios – também pagos pela população.
“O que tem se observado é a degradação do transporte público e as pessoas se afastando. Com isso, o custo aumenta porque diminui a base. Uma das alternativas é mudar para os ônibus elétricos porque tira uma das maiores partes da tarifa que é o combustível fóssil”.
O gargalo, na visão do ministro, é levar a infraestrutura de recarga para parte das cidades brasileiras mais carentes de serviços públicos.
Títulos soberanos para financiar eletrificação
Lançado no início de setembro pelo Ministério da Fazenda, o arcabouço brasileiro para títulos soberanos sustentáveis promete dar um empurrão no financiamento de projetos de eletrificação no Brasil.
Sem condições de reproduzir o IRA, que destina subsídios bilionários nos Estados Unidos para acelerar a transição doméstica, o Brasil conta com a captação de recursos para bancar o orçamento público com critérios de sustentabilidade social ou ambiental.
Na prática, os instrumentos irão possibilitar que o Brasil obtenha investimentos internacionais para projetos e programas que resultem, necessariamente, em benefícios ambientais e sociais para o país.
É aí que entram os projetos de eletrificação: transporte público com zero ou baixa emissão, ônibus elétricos; estações de carregamento de elétricos e eletrovias; e a eletrificação de frotas públicas, entre outras, são candidatos ao financiamento público.
Cobrimos por aqui:
- Brasil acordou para transporte público eletrificado?
- BYD investirá R$ 3 bi em fábricas de veículos elétricos na Bahia
- Mercedes-Benz aposta no mercado de ônibus urbanos para eletrificação no Brasil
- Eletrificação brasileira deve avançar em nichos
Curtas
Táxi aéreo elétrico
Previstos para começar a decolar já em 2024, nas Olimpíadas de Paris, os veículos de pouso vertical vão precisar encontrar mercados onde possam transportar o máximo de pessoas para serem econômica e ambientalmente viáveis.
Em entrevista à agência epbr, o vice-presidente de Mobilidade Aérea Avançada da Honeywell, David Shilliday, explica que os eVTOLs (também chamados carros voadores) só farão sentido se puderem transportar vários passageiros a um preço acessível.
Subsídio para biocombustíveis
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL), defendeu a criação de subsídios para a produção de hidrogênio a partir de biocombustíveis durante evento da CNI em Nova York na segunda-feira (18/9).
O parlamentar afirmou que está discutindo alternativas para incluir os subsídios no orçamento “já estrangulado” com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
Eletropostos
A Volvo vai investir R$ 50 milhões na instalação de 73 novos pontos de recarga de veículos elétricos no Brasil. Com isso, a rede da montadora sueca chegará a 101 eletropostos, ao custo total de R$ 70 milhões.
Solar na Bahia
A Atiaia Renováveis anunciou nesta terça (19/8) a aquisição de duas usinas fotovoltaicas da Ibitu Energia no centro-sul da Bahia. Juntas, a UFV Verde Vale III, em Guanambi, e a UFV Assuruá, em Itaguaçu, possuem capacidade instalada de 44,8 MW.
Hidrogênio na Normandia
A Siemens Energy entregou esta semana 12 eletrolisadores com capacidade total de 200 megawatts que vão integrar a produção de hidrogênio verde da Air Liquide no projeto Normand’Hy, na França. A planta está prevista para entrar em operação a partir de 2026, com capacidade de produção de 28 mil toneladas de hidrogênio renovável por ano.
EDP Energy Starter
Startups e empresas tecnológicas de rápido crescimento que tenham soluções para o futuro da energia têm até o próximo domingo (24/9) para se inscrever no programa global de inovação colaborativa da EDP. O primeiro módulo é dedicado às Redes do Futuro e as inscrições podem ser feitas pelo site do Energy Starter.
ESG e o futuro da energia
Com o tema Inovação sob a perspectiva ESG: ambiental, social e governança, o Citeenel (Congresso de Inovação Tecnológica e Eficiência Energética do Setor Elétrico) está com inscrições abertas para participação online gratuita. O encontro ocorre de 25 a 27 de outubro, em São Luís, no Maranhão. Programação e inscrições no site