Eletrificação da frota lança disputa: quem tem a solução mais eficiente?

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Diálogos da Transição

eixos.com.br | 04/02/21
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Editada por Nayara Machado
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Atualizado 05/02/2021 às 09h54 para retificar comentário da ABiogás

Quase todos os brasileiros entrevistados para um estudo do Instituto Clima e Sociedade apoiam a eletrificação veicular, sobretudo do transporte público, como uma medida importante para reduzir a poluição e melhorar a qualidade de vida no país.

O resultado da pesquisa, contudo, não bate com os rumos do mercado e das políticas nacionais, mais direcionadas para inserção de biocombustíveis na matriz de transporte.

No Brasil, ela caminha de alguma forma: grandes marcas como Nissan, Volvo e Mercedes oferecem veículos 100% elétricos e híbridos plug-in, e há projetos com ônibus elétricos em operação no Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo.

Em outra frente, a Copel no Paraná e a Neoenergia no Nordeste investem em grandes eletrovias, que abrem novas rotas para os elétricos, para citar casos que foram manchetes em anos recentes.

No fim das contas, a eletrificação não avança por aqui na mesma velocidade observada em grandes mercados no exterior e a disputa segue acirrada por qual será a solução para uma frota menos poluente em circulação no Brasil.

Quem é quem: biogás, hidrogênio ou bateria

“Quando se fala em eletricidade, ela não é fonte de energia, é uma forma. Quando se faz um veículo elétrico, o motor é elétrico, mas a fonte de energia vem de outro lugar, que pode ser até o biogás”, explica Gabriel Kropsch, vice-presidente da ABiogás.

Entretanto, a associação não vê sentido no uso dessa eletricidade para mover veículos, e defende o uso de biometano — combustível oriundo do biogás — direto no motor.

Para ele, o biometano, juntamente com o biodiesel que já possui a sua política própria, são as soluções mais viáveis hoje no Brasil para veículos pesados.

O biodiesel é um biocombustível usado em misturas com o diesel no motor a combustão, e seu preço varia de acordo com as oscilações do óleo de soja, o que acaba impactando no preço final do óleo diesel vendido ao consumidor.

“Nesse quesito, o biogás é muito mais competitivo que o biodiesel, em termos econômicos, porque ele é oriundo de resíduo, seja da agroindústria no campo, seja resíduo sólido urbano, lixo residencial, nas cidades”, explica.

A conta é que, em média, 50% do volume do lixo gerado nas residências brasileiras é orgânico, fração que poderia ser aproveitada para geração de biogás, garantindo o suprimento.

E substituindo o combustível fóssil, a redução da emissão de CO2 pode chegar a 96%.

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“Quando a gente parte para veículos pesados como caminhões, ônibus, trens, é muito mais vantajoso usar hidrogênio verde porque você tem uma densidade muito maior de energia do que teria usando bateria”, afirma Luiz Piauhylino Filho, CEO da Sunlution.

A relação entre peso e autonomia faz com que a bateria faça mais sentido para veículos leves. Para o frete e transporte de massa, a tendência é que o hidrogênio verde vença essa corrida por competitividade contra o elétricos dependentes de baterias.

Isso, claro, se a solução ganhar escala e se mostrar viável em grandes volumes.

“Já tem na Espanha, França, Alemanha, Holanda e agora Portugal também está entrando. Existe uma empresa portuguesa que fabrica ônibus movido a hidrogênio verde e exporta para esses outros países. E já tem os postos de abastecimento com hidrogênio verde. Você chega lá com seu veículo e abastece em 20-15 minutos”, defende.

O desafio está no custo da tecnologia, no custo e no tipo de energia usada na produção do hidrogênio e nos incentivos públicos e investimentos privados para que seja atraente ao consumidor.

Hoje, apenas 4% do mercado de hidrogênio é verde, isto é, produzido a partir de fontes de energia renovável, como eólica e solar. O restante vem de processos que utilizam fontes fósseis.

 

E os elétricos a bateria?

Estão disponíveis, mas são caros. “Embora a tecnologia ajude a reduzir custos de operação e manutenção, bem como as despesas com combustível, ainda há um custo elevado do ônibus elétrico que é preciso compensar”, explica Carlos Eduardo Souza, diretor de soluções da Enel X.

Ele participou de um evento virtual do Estadão nesta quarta (3). A companhia tem uma experiência no Chile, onde foi possível chegar a um modelo superavitário.

Uma parceria entre a Enel X (energia), BYD (os ônibus), a Metbus (o operador do sistema) e o governo de Santiago, que entrou como fiador da empreitada, possibilitou desenvolver um projeto com 400 ônibus 100% elétricos.

Uma vantagem que ajuda a fechar a conta é que o ônibus elétrico é mais barato para manter e dura mais – o mercado trabalha com a estimativa de que um similar poluente, a diesel, pode ter custos de operação e manutenção até 60% maiores.

“O exercício que a gente faz é balancear reduções [de custo] com o alto custo do ônibus nos contratos de longo prazo, até porque a vida útil do ônibus elétrico também é maior”, relata.

A Enel X é uma das signatárias da Aliança Zebra – Zero-Emission Bus Rapid-deplyment Accelerator, criada em 2018.

No Brasil, há quatro capitais na mira dos projetos (Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba) e a proposta é desenvolver projetos que compensem o investimento nos ônibus elétricos.

O projeto mais adiantado é em São Paulo.

Curtas

indústria de petróleo cortou para US$ 11,3 bilhões os investimentos em ativos e tecnologias de baixo carbono no ano passado, disse a BloombergNEF em relatório na terça (02). O montante equivale a 4,3% de seus orçamentos totais. Bloomberg

O presidente dos EUA, Joe Biden, recebeu um dossiê condenando a aproximação comercial com o governo de Jair Bolsonaro, durante a gestão de Donald Trump. Documento entregue por representantes de ONGs e acadêmicos critica a política ambiental brasileira e o desrespeito à democracia e pede que Biden interrompa as negociações para um acordo de livre comércio com o Brasil. epbr

Parlamento Amazônico (Parlamaz) elegeu nesta quinta (4) os vice-presidentes para o biênio 2021-2022. Pelo Brasil, o representante eleito foi o deputado federal Léo Moraes (Podemos-RO). Os demais vices são os deputados Aleiza Alcira Rodríguez, da Bolívia; Juan David Velez, da Colômbia; Romel Guzamana, da Venezuela; e Gabriela Cerda, legisladora do Equador. Agência Senado

RenovaBio será tema de webinar na próxima terça (9), a partir das 18h, transmitido no YouTube da epbr. Evento virtual vai tratar os próximos passos da Política Nacional de Biocombustíveis com José Mauro (MME), Symone Araújo (ANP) e Heloísa Borges (EPE). epbr

A produtora de biodiesel Brasil BioFuels (BBF) vai instalar uma usina extrusora de soja em Paragominas, no Pará. Segundo a empresa, a instalação é a primeira do gênero no Estado do Norte do país e permitirá que produtores locais possam extrair óleo e farelo de soja e comercializá-los. Reuters/Money Times

Com usina fotovoltaica, o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) teve a despesa com energia elétrica reduzida em 44,85% em 2020. Ao todo, a compensação dos créditos gerados devido à produção de energia pela usina fotovoltaica do TRE-PR em Paranavaí foi de R$ 1.194.205,99. Bem Paraná

ANP fará consulta e audiência pública sobre os querosenes de aviação fóssil, alternativos e suas misturas, para revisão das especificações e das regras de controle de qualidade. A principal novidade será a introdução, no Brasil, do querosene de aviação JET-A, já comercializado no mercado internacional. ANP

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