RIO – As distribuidoras estaduais de gás canalizado de Minas Gerais (Gasmig), Goiás (Goiasgás) e Distrito Federal (Cebgas) lançaram uma chamada pública conjunta para aquisição de gás natural. O objetivo é viabilizar a construção do gasoduto Brasil Central.
O início de fornecimento está previsto para a partir de 2031. Os supridores interessados devem encaminhar as propostas até 3 de junho. (veja na íntegra o edital e o termo de referência, em .pdf)
Os fornecedores deverão enviar suas propostas de suprimento firme inflexível, dentro das seguintes premissas:
- até 3,5 milhões de m3/dia para atendimento a Minas Gerais;
- até 3 milhões de m3/dia para atendimento a Goiás;
- e até 2,9 milhões de m3/dia para atendimento ao DF..
O edital diz que as propostas deverão ser apresentadas pelas empresas habilitadas para oferecer gás, independentemente de sua origem, disponibilizados nos pontos de entrega indicados e atendidos pelo sistema de transporte da TGBC.
O Brasil Central é um projeto concebido há 20 anos pela transportadora TGBC, ligada ao empresário Carlos Suarez, mas que nunca saiu do papel.
O traçado original do projeto liga São Carlos (SP) a Brasília (DF), passando pelo Triângulo Mineiro e Goiás. A licença de instalação do gasoduto venceu em 2019, mas a TGBC espera conseguir uma nova.
Goiás e Distrito Federal não são atendidos, hoje, por infraestrutura de gás. Goiasgás e Cebgas, ambas da Termogás, também ligada a Suarez, operam historicamente com pequenos volumes, sobretudo no mercado de GNV, com gás oriundo do terminal de liquefação de Paulínia da GásLocal.
Além do mercado das distribuidoras estaduais, a transportadora aposta numa outra âncora de demanda para tirar o gasoduto do papel: as termelétricas previstas na lei que autorizou a privatização da Eletrobras – e que prevê a realização de leilões exclusivos para usinas a gás com critérios locacionais, sendo 2,5 GW no Centro-Oeste.
TBG também mira Triângulo Mineiro
A TBGC não é a única transportadora que mira oportunidades no mercado do Triângulo Mineiro. A Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG) também estuda incluir a região no plano de expansão de sua malha de gasodutos.
A TBG mira, do lado da demanda, as perspectivas de retomada do projeto do polo gás-químico de Uberaba – à espera de uma possível política de incentivo ao uso do gás para produção de fertilizantes, nas discussões do programa Gás para Empregar.
Já do lado da oferta, a transportadora vê potencial na injeção do biometano, sobretudo do interior paulista, na malha de transporte.
A Nova Lei do Gás prevê que a autorização para construção de novos gasodutos de transporte deverá prever, nos casos estabelecidos em regulamentação, período de contestação.
Se houver mais de um transportador interessado, a ANP deverá promover processo seletivo público para escolha do projeto mais vantajoso, considerados os aspectos técnicos e econômicos.