Combustíveis e Bioenergia

Diesel deve aumentar participação na matriz de transportes até 2031, mostra PDE

Para abastecimento de caminhões, diesel permanece com 34% da demanda total do setor de transportes

Diesel deve aumentar participação na matriz de transportes até 2031, mostra PDE. Na imagem, emissões poluentes de caminhões (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
No curto prazo, indicação é que o Brasil continuará dependente do combustível fóssil (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Diálogos da Transição

eixos.com.br | 14/02/22

Editada por Nayara Machado
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O óleo diesel deve seguir como o combustível mais usado no setor de transportes no Brasil, e responder por 51% do consumo em 2031, ante 49% em 2021, mostra novo caderno do Plano Decenal de Energia 2031 divulgado na sexta (11/2).

Para abastecimento de caminhões, o diesel permanece com 34% da demanda total do setor de transportes.

Produzido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o documento considera políticas para o setor de transportes e combustíveis, como o RenovaBio e o mandato de biodiesel — que em 2022 foi reduzido de 14% para 10%.

No curto prazo, a indicação é que o Brasil continuará dependente do combustível fóssil, e o timing não poderia ser pior:

  • declaração final da COP26, no ano passado, trouxe o compromisso internacional para a redução gradual dos combustíveis fósseis. Enquanto governos e empresas assinaram compromisso para encerrar a venda de motores de combustão interna até 2035 nos principais mercados em 2040 em todo o mundo.

  • Aqui, o governo de Jair Bolsonaro estuda zerar os tributos do óleo diesel para segurar o impacto da alta dos preços dos combustíveis em 2022, durante a corrida eleitoral. Um subsídio que pode chegar a R$ 20 bilhões.

  • E o petróleo segue em alta à medida que a economia mundial recupera-se dos problemas causados pela pandemia, aproximando-se de US$ 100 o barril.

De acordo com o levantamento, mesmo considerando um aumento na participação do modo ferroviário — a tendência média é que a produção de transporte ferroviário cresça 193% nos próximos 15 anos, de acordo com o PNL 2035 — o transporte rodoviário de cargas continua predominando na demanda energética do setor de transportes.

“A demanda energética do transporte de cargas continua concentrada no uso do óleo diesel, já que não há perspectiva de desenvolvimento de projetos com uso de fontes substitutas de modo expressivo para veículos pesados”, diz o documento. Veja na íntegra (.pdf)

Por enquanto, a perspectiva de substituição de fontes de energia está concentrada em caminhões leves a médios.

A EPE estima que, nos segmentos de caminhões semileves e leves, 11,5% dos licenciamentos devem ser de híbridos e elétricos em 2031.

Nos médios, devido à crescente utilização desses veículos para a distribuição final em cidades, a participação é calculada em 12,5%”.

“A eletrificação de veículos ainda requer investimentos expressivos, tanto por parte de governos quanto da indústria automotiva e de setores de distribuição de energia e de serviços de mobilidade. Desta forma, antes de 2030, tecnologias como a bateria e a célula combustível a hidrogênio não deverão deslocar parcelas significativas de demanda”, destaca a EPE.

Necessidade de insumos, investimentos e infraestrutura para dar escala e viabilidade econômica estão entre os gargalos elencados pelo governo.

“Para os segmentos de caminhões mais pesados, a eletrificação deve levar mais tempo para ser competitiva frente aos veículos tradicionais”, completa.

Já a gasolina C (com 27% de etanol anidro) tende a perder participação na matriz energética, reduzindo sua fatia de 34% para 25% no horizonte decenal.

“A demanda do ciclo Otto avança, mas a gasolina perde participação para o etanol hidratado, em especial devido a políticas de incentivo aos biocombustíveis, como o RenovaBio”, destaca o caderno da EPE.

Além disso, a estimativa é de um aumento médio de 2,5% a.a. para a demanda total de energia do setor de transportes entre 2021 e 2031, com destaque para o crescimento da demanda de óleo diesel, do etanol hidratado e do querosene de aviação (QAV).

Neste cenário, a participação da demanda para motores do ciclo Otto cai para 41% em 2031, ante 45% em 2021.

“A demanda de eletricidade, por sua vez, apesar da taxa de crescimento elevada, não constitui demanda expressiva, apresentando uma participação de 0,3% em 2031”, completa.

Demanda Energética do Setor de Transportes (EPE) – Fonte: Estudos do Plano Decenal de Expansão de Energia 2031
Demanda Energética do Setor de Transportes (EPE) – Fonte: Estudos do Plano Decenal de Expansão de Energia 2031

Enquanto isso, no transporte marítimo, mais de 100 países assinaram na sexta (11/2) o Compromisso Brest para os Oceanos, durante o The One Ocean Summit — primeira cúpula global de alto nível dedicada à proteção dos oceanos.

Entre os compromissos, alguns destaques para o setor:

  • 22 armadores europeus se comprometeram com o novo rótulo Green Marine Europe, que envolve medidas de redução de ruído subaquático e emissões de gases de efeito estufa, de descarga de óleo e de reciclagem de navios.

  • 35 atores, incluindo 18 grandes portos europeus e globais, se comprometeram a acelerar o fornecimento de eletricidade aos navios atracados para limitar as emissões de gases de efeito estufa e reduzir a poluição atmosférica em cidades portuárias muitas vezes densas.

  • Todos os países mediterrânicos, juntamente com a União Europeia, se comprometeram a pedir à Organização Marítima Internacional (IMO, em inglês) que crie uma zona de baixas emissões de enxofre em todo o Mediterrâneo a partir de 1 de janeiro de 2025.

Na cúpula, o presidente francês Emmanuel Macron, organizador do encontro, lançou uma coalizão para desenvolver o mercado de carbono azul, ao lado da Costa Rica e da Colômbia, e de instituições financeiras como HSBC e Bank of America.

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