Roberto Castello Branco é anunciado para a presidência da Petrobras, o que Bolsonaro afirma sobre a condução dos negócios da petroleira, a fiança de Paulo Guedes e o próximo cargo de Ivan Monteiro, nesta segunda-feira (19/11).
1. Primeiro cogitado, depois descartado, o economista Roberto Castello Branco foi confirmado para assumir a presidência da Petrobras no governo de Jair Bolsonaro. Foi um dos primeiros nomes que surgiram nas especulações, que chegaram a incluir a possibilidade dele assumir um cargo no Ministério de Minas e Energia (MME). Castello Branco é diretor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e as primeiras análises apontam para um alinhamento com a visão econômica de Paulo Guedes.
3. Em junho, Castello Branco publicou um artigo na Folha: É urgente a necessidade de privatizar não só a Petrobras, mas outras estatais. O texto foi escrito no contexto da paralisação dos caminhoneiros e da demissão de Pedro Parente. Hoje, depois de anunciado, afastou a questão: “a privatização da Petrobras não está em discussão. Eu nem tenho mandato para isso. E nem penso nisso”, afirmou ao O Globo.
2. Elogiou também a atual equipe da Petrobras, indicando que, no que depender dele, não fará “grandes mudanças”. Ressaltou que tem uma visão de fora da companhia: “vou visitar o Ivan e mergulhar nos dados e pensar na atuação que só começa em janeiro”.
3. Sobre Ivan Monteiro, o atual presidente da petroleira deve assumir o comando do Banco do Brasil, onde trabalhava, com o então presidente Aldemir Bendine. Ivan e Bendine foram para a Petrobras no fim do governo de Dilma Rousseff – Bendine está preso, foi condenado em uma investigação da Lava jato.
4. O presidente Jair Bolsonaro falou com jornalistas sobre a indicação de Castello Branco para a Petrobras:
— Está na conta de Paulo Guedes. Tanto a escolha de Castello Branco como a volta de Ivan Monteiro para o Banco de Brasil são indicações do futuro ministro da Economia: “tudo que é de economia, ele está escalando o time. Eu to cobrando produtividade, enxugar a máquina”.
— Vai privatizar a Petrobras? “Não, não. Alguma coisa pode privatizar, não toda. É uma empresa estratégica”. Bolsonaro afirmou que não é “inflexível”, mas entende que, como uma empresa estratégica, a Petrobras apenas poderia ser privatizada “em parte”.
— Nós e eles. Bolsonaro também repetiu o discurso de que os membros da equipe econômica são “eles” e que, liderados por Paulo Guedes, precisam entregar os resultados esperados pelo governo, o “nós”.
“Eles são uma parte importante de nosso plano de governo, eles não podem voltar atrás. É uma equipe escalada pelo Paulo Guedes, são pessoas testadas no mercado”, afirmou.
— Questionado sobre o subsídio, Bolsonaro manteve a posição que vinha empregando durante a campanha. “Eu não sou economista e quem ferrou o Brasil foram os economistas. Mas eu tenho bom senso e sei o que o povo quer na ponta da linha: sem canetaço, sem mão grande do governo, querem um combustível mais barato, um gás de cozinha mais barato”. Ressaltou também que parte da formação de preso depende do ICMS, estipulado pelos governos estaduais.
5. As indicações para a área de energia começam a andar com a definição da Petrobras e há expectativa de novos anúncios esta semana. Há posições-chave que precisam ser confirmadas: o próprio MME, não só quanto ao titular da pasta, mas seus secretários-executivos que atuam nas articulações setoriais; a confirmação se o vice eleito Hamilton Mourão ficará responsável pelo Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), ligado à Casa Civil; e o crucial Ministério do Meio Ambiente e qual será a condução das políticas de licenciamento ambiental no governo Bolsonaro.
6. O Poder360 fez um resumo das indicações e especulações ministeriais. Para o MME, considera o nome de Paulo Pedrosa, ex-secretário executivo que pediu demissão quando Moreira Franco assumiu o ministério. Há outros: o Estadão tratou das articulações e apoios envolvendo os nomes de Pedrosa e de Adriano Pires, do CBIE.
Vale destacar dois pontos: a aproximação de Mourão com o setor de energia deve ter peso para escolha do ministro, mas as confirmações até o momento mostram que as especulações externas não refletem a totalidade das forças dentro da transição. Foi assim para a Petrobras, para o Ministério da Agricultura e para o Itamaraty.
7. Na agenda de Bolsonaro, o presidente eleito volta para Brasília amanhã. Hoje, conversou por telefone com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, que está sob acusação de promover medidas autoritárias em seu país. No governo desde 2010, Orbán recebeu um moção de censura do Parlamento Europeu há cerca de dois meses. É uma medida prevista no acordo da União Europeia que, no último caso, pode privar a Hungria de votar em decisões do bloco.
8. Bolsonaro demitiu, por assim dizer, a presidente do INEP, Maria Inês Fini. A questão é a prova do Enem, criticada por Bolsonaro por tratar de um tema da comunidade LGBT. Maria Inês defendeu a independência do órgão na elaboração da prova; Bolsonaro, por sua vez, afirmou que o seu governo “vai tomar conhecimento” do exame para impedir questões que julgar inapropriadas.
Com informações de G1, BBC Brasil, O Globo, Folha de São Paulo e Estadão.