A demanda por combustíveis líquidos vai continuar relevante no Brasil pelos próximos 20 a 30 anos, com uma penetração cada vez maior dos biocombustíveis, afirmou Marcelo Bragança, vice-presidente de logística e operações da Vibra Energia. O executivo deu entrevista exclusiva ao estúdio epbr durante a Rio Pipeline 2023 (veja a íntegra acima).
“A gente acredita que, pelo menos pelos próximos 20, 30 anos, a demanda por líquidos vai permanecer relevante, até porque o Brasil ainda está numa janela de crescimento de economia, de motorização da sua economia. Então, vamos ter muita demanda ainda para líquidos”, afirmou.
Segundo o executivo, a tendência é que os biocombustíveis líquidos vão ter uma parcela cada vez maior do mercado e que a infraestrutura dos derivados de petróleo poderá ser aproveitada.
“O que a gente acha que vai acontecer primeiro é uma maior penetração dos biocombustíveis. O Brasil tem uma liderança natural em etanol, em biodiesel, potencialmente biocombustíveis avançados, o HVO, que é o diesel verde, o SAF, que é o bioquerosene de aviação”, disse.
“Então, esses combustíveis vão ganhar relevância ao longo do tempo, e qual é a beleza disso? É que eles se valem da mesma infraestrutura já existente para movimentar a derivada de petróleo. Então, o mesmo tanque que eu hoje armazeno, por exemplo, gasolina, eu posso no futuro simplesmente convertê-lo para ele operar com etanol, com praticamente zero de investimento para fazer essa conversão.”
‘Não existe bala de prata na transição energética’
Mesmo que continuem relevantes, os combustíveis líquidos vão ser gradualmente substituídos, afirmou Bragança. Segundo ele, no entanto, nenhuma fonte de energia vai ser dominante e que, por isso, o caminho para descarbonização é diversificar.
“Na transição energética, as pessoas falam muito daqueles 3 Ds: descarbonização, descentralização e digitalização. Eu falo muito que tem um quarto D na minha visão, que é o de diversificação. Não vai ter uma fonte única que vai ser a bala de prata, que vai prevalecer. Então, a gente está diversificando”, disse o executivo.
Bragança afirma que a estratégia da Vibra, chamada de plataforma multienergia, é apostar nessa diversificação, com investimentos em diferentes áreas.
“Então, além de investir no nosso core business, nós começamos a fazer outros investimentos. Em energia elétrica, adquirimos a Comerc. Em biometano, adquirimos a ZEG. Fizemos uma joint venture com a Copersucar e criamos a Evolua Etanol, que já nasceu como a maior plataforma de comercialização de etanol do país. Investimos na EZvolt, que é uma empresa de eletromobilidade, carregamento elétrico. Exatamente fazendo apostas graduais, porque em alguma medida os combustíveis líquidos vão ser substituídos.”
Acompanhe a cobertura completa da Rio Pipeline 2023 aqui pelo site epbr e pelo estúdio epbr no Youtube