Biocombustíveis

Demanda crescente por SAF requer novas matérias-primas e tecnologias, diz diretor da Honeywell

Indústria estuda conversão de biomassa em petróleo de baixo carbono para produção de diesel verde e combustível de aviação

Na imagem: avião sendo abastecido em aeroporto. Matéria-prima para SAF: Honeywell estuda conversão de biomassa em petróleo de baixo carbono para produção de diesel verde e biocombustível de aviação
Estimativa da Associação Internacional de Transportes Aéreos aponta para um salto na demanda global por SAF de 100 milhões de litros por ano em 2021, para 5 bilhões de litros em 2025

ORLANDO — A crescente demanda por combustíveis sustentáveis de aviação (SAF, na sigla em inglês) deve levar a um esgotamento das matérias-primas tradicionais e alavancar o desenvolvimentos de novas rotas de produção, disse nesta terça (24/5) Andrea Bozzano, diretor de Tecnologia da Honeywell.

Estimativa da Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata, em inglês) aponta para um salto na demanda global por SAF de 100 milhões de litros por ano em 2021, para 5 bilhões de litros em 2025.

Até 2050, 60% do biocombustível de aviação produzido na Europa deve vir de fontes renováveis.

“A questão é: como chegaremos lá? A gordura residual e o óleo de cozinha usado não serão suficientes. Precisamos olhar para diferentes matérias-primas e tecnologias que nos levem até lá”.

Segundo Bozzano, entre as opções no horizonte está a conversão de biomassa, como resíduos florestais e agrícolas, em petróleo bruto de baixo carbono que pode ser usado para produzir combustível de aviação drop in, isto é, que possa substituir 100% o querosene convencional.

Em setembro do ano passado, a empresa de tecnologia com sede no Texas firmou uma parceria com a United Airlines e a Alder Fuels para acelerar a produção em escala.

A United se comprometeu a comprar 1,5 bilhão de galões de SAF ao longo de 20 anos, produzido pela Alder em parceria com a Honeywell.

“A química aqui é mais desafiadora, mas o potencial é muito maior. O que estamos fazendo agora é trabalhar em nossos laboratórios para desenvolver isso em parceria com companhias dos chamados ‘combustíveis mais antigos’ e esperamos comercializar a tecnologia com eles nos próximos anos”, completou.

Empresa mira monitoramento de metano em mercado de descarbonização

A Honeywell anunciou hoje (24/5) a Iniciativa de Controle e Redução de Emissões projetada para ajudar a indústria de óleo a gás em suas metas de neutralidade de carbono. A iniciativa é voltada para operações upstream, midstream e downstream e visa as emissões fugitivas de metano.

A solução de detecção de metano da Honeywell estará disponível para os clientes no quarto trimestre de 2022.

A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) calcula que as emissões globais de metano do setor de energia são aproximadamente 70% maiores do que a quantidade relatada oficialmente pelos governos.

O metano é um gás de efeito estufa cerca de 25 vezes mais potente que o CO2 na retenção de calor na atmosfera.

O principal problema está na medição: cada país é livre para usar metodologias diferentes para fazer suas estimativas. Além disso, a coleta de dados é baseada em estimativas e equações, não em medições reais.

“O desafio é: estamos calculando as emissões corretamente? Posso calculá-las em tempo real? Essas são as condições de partida”, comenta Jason Urso, vice-presidente de Process Solution da Honeywell.

Ele explica que monitorar as emissões é fundamental para mostrar onde elas estão e reduzir o vazamento de metano de forma efetiva. “É mais uma questão de instrumentação”, completa.

Emissões escopo 3

“A Iniciativa de Controle e Redução de Emissões expande a ampla gama de tecnologias prontas da Honeywell que estão ajudando nossos clientes a atingir suas metas de sustentabilidade”, disse Ujjwal Kumar, presidente da Honeywell Process Solutions.

A ambição da Honeywell é tornar suas instalações e operações neutras em carbono até 2035.

Recentemente, a companhia anunciou um novo conjunto de compromissos para as metas de sustentabilidade, entre eles, desenvolver uma meta com a iniciativa Metas Baseadas na Ciência (SBTi) para emissões de escopo 3 — o mais complexo dos escopos porque inclui emissões indiretas da cadeia de valor.

Segundo a Honeywell, desde 2004, suas iniciativas geraram uma redução de mais de 90% na intensidade de gases de efeito estufa em suas operações e instalações.

A jornalista viajou a convite da Honeywell