RIO – A decisão da Petrobras sobre seguir ou não com a sua fatia de 36,1% na Braskem vai influenciar a decisão a respeito de um eventual projeto petroquímico no Polo Gaslub (antigo Comperj), em Itaboraí (RJ), indicaram os diretores da estatal.
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A sócia da Petrobras na petroquímica, a Novonor recebeu mais uma proposta da Adnoc, estatal dos Emirados Árabes, que está disposta a pagar R$ 10,5 bilhões pela participação de 38,3% da Novonor, que poderá ficar com 3%.
Há diversas condições na oferta não-vinculante e a Petrobras tem direito de preferência caso decida também vender ou ampliar a participação na Braskem.
A área petroquímica é um dos segmentos nos quais a Petrobras pretende expandir sua atuação, após a mudança de governo.
Entende que a demanda por esses produtos tende a ser mais resiliente do que a de outros derivados de petróleo no contexto da transição energética. A companhia já indicou que não pretende estatizar a Braskem, mas que gostaria de ter um sócio estratégico no projeto.
“A [decisão sobre] Braskem é fundamental nesse balanço, então tudo vai depender da decisão sobre ela”, disse o diretor executivo de processos industriais e produtos, William França, em teleconferências nesta sexta-feira (10/11).
O desfecho das negociações é esperado para o início de 2024.
Itaboraí terá matéria-prima para petroquímica
A maior presença, no gás do pré-sal, de componentes como etano e propano, usados na indústria petroquímica, favorecem a expansão da Petrobras nesse segmento, explicou França.
Por isso, futuramente, com o processamento de gás do pré-sal em Itaboraí, a região passará a contar com novos volumes de insumos que poderão ser utilizados em projetos petroquímicos.
No momento, no entanto, o foco da estatal no antigo Comperj é a conclusão do gasoduto Rota 3 e da unidade de processamento de gás natural (UPGN).
Além da instalação de uma unidade de hidrocraqueamento catalítico (HCC), para a produção de lubrificantes e derivados a partir de cargas na operação conjunta com a Reduc, em Duque de Caxias (RJ).
Outra possibilidade levantada para a região é, futuramente, desenvolver uma planta de biorefino, para produção de biocombustível avançados como o diesel verde (HVO) e o bioquerosene de aviação (bioQAV ou SAF, na sigla em inglês).
O diretor financeiro e de relacionamento com investidores, Sérgio Caetano Leite, frisou que as negociações ocorrem entre Novonor e Adnoc e o crescimento dessa área pode ocorrer, independente da participação da Petrobras na Braskem.
“A Braskem é um atalho, tem muita complementaridade, mas não é a única saída da Petrobras em relação à petroquímica”, disse.
Alternativas no setor petroquímico são as próprias refinarias da estatal ou o projeto do GasLub. Hoje, no entanto, a estatal está sujeita a um acordo de não competição com a Braskem.