O candidato do partido Democrata à presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou hoje a senadora pela Califórnia Kamala Harris como candidata à vice-presidência. Integrante da ala moderada do partido, Kamala Harris disputou a nomeação democrata na corrida presidencial e chegou a apoiar o Green New Deal, plataforma de campanha dos socialistas norte-americanos.
O plano, que previa investimentos de US$ 10 trilhões em 10 anos, era mais próxima da candidatura do senador Bernie Sanders. O pré-candidato derrotado por Biden tinha uma proposta de redução de emissões que envolvia US$ 16,3 trilhões em investimentos. A proposta de Biden prevê inversões de US$ 1,7 trilhão para combater a emergência climática.
https://eixos.com.br/as-eleicoes-americanas-o-plano-biden-e-a-geopolitica-da-energia-por-fgv-energia/
A deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez (Nova Iorque) é um dos principais nomes em defesa do Green New Deal, como uma solução para transformar a matriz energética dos EUA e zerar as emissões de carbono do país até 2030 – não se trata de um projeto de lei, mas um conjunto de diretrizes para nortear a política energética e econômica do país e acelerar a migração de empregos para projetos renováveis, com ação predominante do Estado.
.@JoeBiden can unify the American people because he’s spent his life fighting for us. And as president, he’ll build an America that lives up to our ideals.
I’m honored to join him as our party’s nominee for Vice President, and do what it takes to make him our Commander-in-Chief.
— Kamala Harris (@KamalaHarris) August 11, 2020
Em julho, a presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, e a deputada democrata Kathy Castor, divulgaram um novo plano do partido democrata para zerar as emissões líquidas de gases do efeito estufa (GEEs) do país até 2050. O pacote batizado de Solving the Climate Crisis é mais moderado que o Green New Deal trouxe de volta o foco à questão climática na corrida presidencial deste ano. Tem pouca ou nenhuma chance de ser aprovado durante o governo Donald Trump.
Contra o fraturamento
Harris também já se posicionou a favor da proibição do fraturamento hidráulico na produção de gás não convencional durante as prévias do partido democrata do ano passado.
Sua campanha em 2019 foi marcada por um embate justamente contra Biden ao criticá-lo por ter sido contrário ao financiamento com recursos federais de uma política que previa a implantação de ônibus escolares contra a segregação racial na década de 1970.
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Em 1975, Biden foi patrocinador de um projeto de lei que proibia que recursos federais fossem aplicados para financiar ônibus escolares que buscassem alunos negros para escolas compostas por alunos majoritariamente brancos. Harris disse a Biden que a legislação atingia a ela pessoalmente, na época aluna de uma escola pública em Berkeley, na Califórnia.
Hoje, em resposta ao anúncio de Biden, Harris afirmou que o candidato democrata é o nome que “pode unificar o povo americano porque ele passou sua vida lutando por nós”. Ela se disse honrada em integrar a chapa e afirmou que fará o que puder para tornar Biden “comandante em chefe” do país.
I have the great honor to announce that I’ve picked @KamalaHarris — a fearless fighter for the little guy, and one of the country’s finest public servants — as my running mate.
— Joe Biden (@JoeBiden) August 11, 2020
Resposta à população negra
Agora, a escolha da senadora negra e ascendência asiática para compor a chapa democrata é também uma sinalização à população negra e aos eleitores imigrantes. Aos 55 anos, Kamala é senadora de primeiro mandato e ex-procuradora-geral da Califórnia entre 2010 e 2016. Ela é coautora de uma recente legislação de reforma do sistema policial, redigida em resposta aos protestos que estouraram no país após a morte do segurança negro George Floyd por um policial branco.
Harris também é considerada uma liderança progressista no Senado em temas de política migratória.
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