Diálogos da Transição

Custos da geração distribuída caem em junho; financiamento também

Levantamento da Greener mostra que preços dos sistemas de GD tiveram uma queda média de 4,3% em junho frente a janeiro de 2022

Custos da geração distribuída caem em junho; financiamento também. Na imagem: Sistemas de geração solar com placas fotovoltaicas sobre telhados de conjunto de casas em mais de 50 condomínios na região do Jardim Botânico, no Distrito Federal (Foto: Divulgação EcoEnerg)
Sistemas de geração solar fotovoltaica em mais de 50 condomínios na região do Jardim Botânico, no Distrito Federal (Foto: Divulgação EcoEnerg)

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Editada por Nayara Machado
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Começou a série de debates dos Diálogos da Transição
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Levantamento da consultoria Greener mostra que os preços dos sistemas de geração distribuída (GD) tiveram uma queda média de 4,3% em junho frente a janeiro de 2022.

As maiores reduções foram para os sistemas residenciais e comerciais de pequeno porte, que tiveram variação média de -5,9%, enquanto os sistemas de maior porte caíram em média 3,4%.

“Os preços médios dos kits em junho de 2022 apresentaram redução média de 12% em relação a janeiro de 2022. Elevados níveis de estoque e aumento da concorrência no atacado foram fatores que contribuíram para a queda de preços”, comenta o relatório.

No acumulado dos últimos seis anos, a redução de custo chega a 44% nos sistemas fotovoltaicos residenciais (4 kWp) e comerciais (50 kWp), e 35% nos industriais (1 MWp).

A Greener observa que a aceleração das importações de equipamentos no primeiro trimestre deste ano, cujo crescimento foi de 128%, é um indicativo da alta expectativa do setor para 2022.

Por outro lado, a expressiva elevação das taxas de juros está desencorajando o financiamento.

Embora tenha crescido o número de instituições com ofertas de créditos específicas para este mercado, houve queda na participação do financiamento solar nos novos negócios.

Em 2022, 54% das vendas no primeiro semestre tiveram algum tipo de financiamento, ante 57% em 2021.

Instalações dobram puxadas pela microgeração

A quantidade de instalações de geração distribuída fotovoltaica dobrou nos últimos 12 meses, alcançando 1,2 milhão de unidades conectadas à rede no país.

O avanço foi puxado pela microgeração (instalações abaixo de 75 kW) que representa 85% da capacidade instalada.

No primeiro semestre de 2022, as novas instalações adicionaram 2,8 GW de capacidade, 51% a mais do que o observado no mesmo período do ano passado, de 1,8 GW.

A classe residencial lidera as conexões, tanto em número — 82% das instalações são residenciais — quanto em potência. Dos 11,9 GW de geração distribuída no país, 57% estão nesta classe de consumo.

Em seguida vem a classe comercial (23% da capacidade instalada), rural (14%) e industrial (5%).

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De acordo com a pesquisa, o segmento residencial continua ampliando sua participação no volume de sistemas adicionados, representando 56% das novas instalações no primeiro semestre.

Já a participação das classes comercial e industrial está em queda, enquanto a pública e rural se mantiveram estáveis.

“As mudanças regulatórias promovidas pela Lei 14.300/22, que alteram sobretudo os critérios de compensação da energia injetada, deverão ser um importante driver para os investimentos”, analisa a Greener.

Geração compartilhada

A consultoria destaca os projetos de GD remota compartilhada, que ganharam espaço nos últimos dois anos e devem seguir com demanda acelerada no segundo semestre de 2022 e no ano que vem.

Entre as 35 empresas do setor entrevistadas no estudo, 62% atuam com o modelo de geração compartilhada — onde o consumidor não precisa instalar um painel no seu telhado, e adquire a energia de fazendas solares. O dado mostra um crescimento em relação a 2020, quando 51% atuavam nesta frente.

Por estado, os cinco que mais instalaram capacidade — São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia e Mato Grosso — tiveram investimentos somados de R$ 7,6 bilhões no primeiro semestre de 2022.

São Paulo lidera, com R$ 2,2 bilhões em investimentos em 352 MW de potência adicionada. Em seguida, vem Minas Gerais, onde os investimentos também chegaram a R$ 2,1 bilhões com 330 MW adicionados.

Para aprofundar:

Novos investimentos

A Voltxs abriu captação para construção de uma usina fotovoltaica na Bahia. É a segunda na modalidade Equity, onde os investidores serão sócios na implantação e operação de uma usina fotovoltaica com capacidade de 1.225kWp. A energia será destinada a condomínios em Salvador.

A rodada é feita em parceria com a Bloxs Investimentos, com cotas a partir de R$ 100 mil, e a expectativa é captar R$ 3 milhões.

EDP vende hidrelétrica no Espírito Santo

A companhia assinou contrato para a venda da Usina Hidrelétrica Mascarenhas com a Victory Hill Global Sustainable Energy Opportunities, companhia sediada em Londres, por R$ 1,225 bilhão.

Faz parte do planejamento estratégico da EDP no Brasil até 2025, de diversificação do portfólio com ampliação de investimentos em geração solar e redes. Segundo João Marques da Cruz, CEO da EDP no Brasil, a estratégia também busca reduzir a exposição ao risco hídrico.

GDSun emite R$ 325 milhões em debêntures

Com a nova captação, a empresa de geração distribuída solar remota soma R$ 1 bilhão de capital investido no Brasil desde 2020, e planeja aumentar a capacidade instalada para 220 MWp até 2023.

Atualmente, a GDSun está presente em nove estados e oferece capacidade instalada operacional de 104MWp, com 41 usinas próprias.

Mulheres e eficiência energética

O Programa PotencializEE, da agência de fomento alemã GIZ, lançou uma mentoria para mulheres do setor de energia liderarem o movimento de eficiência energética na indústria brasileira.

Nos últimos três meses, 30 profissionais participaram do programa. Esta é a segunda iniciativa de equidade de gênero do programa PotencializEE. A primeira estabeleceu meta de inclusão de, ao menos, 30 engenheiras no curso de especialização de eficiência energética, que aconteceu no início do ano.

Parte das especialistas já atua no programa, fazendo os diagnósticos energéticos para as pequenas e médias indústrias localizadas no interior de São Paulo. Outra parte irá atuar no mercado.

Bill Gates investe em células a combustível metanol

A Breakthrough Energy Ventures (BEV), fundo de investimento criado do Bill Gates, vai aportar 37 milhões de euros na Blue World Technologies para produção de células a combustível movidas a metanol para o transporte marítimo.

O anúncio feito na terça (30/8) conta que a Blue World está atualmente em pré-produção em série e ainda este ano fará o lançamento com maior escala. A expectativa é atingir uma capacidade de produção de 500 MW dentro de alguns anos.