A partir de uma aliança internacional, os governos dos Estados Unidos, Reino Unido e Noruega, em conjunto com empresas privadas, anunciaram nesta quinta (21), durante a Cúpula do Clima, a promessa de mobilizar US$ 1 bilhão ainda este ano para a proteção de florestas tropicais, que beneficiem o desenvolvimento econômico sustentável e os povos indígenas.
Chamado de LEAF (Lowering Emissions by Accelerating Forest Finance), o fundo destinará recursos somente às regiões que comprovarem redução de emissões por oriundas de desmatamento e degradação florestal, baseada em critérios rigorosos do padrão ambiental REDD+.
O financiamento de iniciativas climáticas foi um tema central no encontro de líderes promovidos pelos EUA.
“O modelo de financiamento baseado em resultados usado no LEAF se apoia no trabalho do Fundo de Defesa Ambiental, ao longo de duas décadas, em colaboração com comunidades indígenas, povos da floresta, ONGs brasileiras e norte-americanas e outros parceiros, para proteger a Amazônia e as florestas tropicais em todo o mundo”, afirmou a coalizão.
O fundo, que já conta com a participação do Airbnb, Amazon, Bayer, Boston Group, GlaxoSmithKline, McKinsey, Nestlé, Salesforce e Unilever, espera mais participantes nos próximos meses. A expectativa é levantar “dezenas de bilhões” de dólares por ano.
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Paralelos com o Fundo da Amazônia
Para o governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB), que preside o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, o Brasil pode ser uma dos beneficiados pelo fundo, a despeito das políticas ambientais do governo Jair Bolsonaro.
“Iniciativas como essa valorizam os esforços dos governos subnacionais na implementação de projetos que aliam o desenvolvimento regional, a melhoria dos indicadores sociais e a manutenção da floresta em pé”, disse.
“A iniciativa pretende remunerar por resultados os governos nacionais e subnacionais que implementarem projetos de combate ao desmatamento ilegal ou de reflorestamento”, afirma nota assinada pelo governador.
O conselheiro climático do governo dos Estados Unidos, John Kerry, disse que a LEAF é um exemplo inovador “para combater a crise climática e atingir emissões líquidas zero globalmente até 2050”.
“Reunir recursos do governo e do setor privado é um passo necessário para apoiar os esforços em grande escala que devem ser mobilizados para conter o desmatamento e começar a restaurar as florestas tropicais e subtropicais “, disse Kerry em um comunicado.
Além de esforços de conservação e exploração sustentável de recursos florestais, o anúncio do LEAF deu ênfase à proteção de povos indígenas.
“Estabelece um alto padrão de como as empresas podem complementar cortes profundos em suas próprias emissões, investindo em reduções adicionais de emissões de florestas tropicais e subtropicais e também garantindo que os direitos dos povos indígenas que protegem e continuam protegendo essas florestas sejam respeitados e cumpridos”, afirma Victoria Tauli-Corpuz, representante das Nações Unidas para os direitos indígenas.
O LEAF é semelhante ao Fundo Amazônia, que também tem a Noruega como principal financiador. Atualmente o Fundo Amazônia conta com R$ 2,9 bilhões destinados exclusivamente à floresta amazônica, porém está paralisado há dois anos a pedido do país nórdico, após a divulgação de dados sobre o aumento da devastação na floresta em 2019 — primeiro ano da gestão Bolsonaro.
Na semana passada, a Noruega declarou que só irá voltar a repassar recursos ao Fundo, caso o Brasil apresente políticas eficazes para contenção do desmatamento ilegal na Amazônia.
“As condições para a reabertura e a disponibilização destes fundos é a diminuição substancial do desmatamento e um acordo sobre a estrutura de governança do Fundo Amazônia”, afirmou o ministro norueguês do Meio Ambiente, Sveinung Rotevatn entrevista à Reuters.
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